A La Niña que mudou Mad Max de lugar

26/02/2016 às 17:29
por César Soares

Atualizado 29/02/2016 às 16:04

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Saiba porque as locações mudaram

“I’ve shot in Australia in a field of wildflowers and flat red earth when it rained heavily forever."[…]

George Miller, diretor de Mad Max: Estrada da Fúria, para o jornal The Independent.

 

Em uma tradução livre, George Miller diz que ao chegar na Austrália para filmar Mad Max encontrou um campo de flores silvestres e terra vermelha, onde parecia que a chuva nunca mais ia parar.

 

Dia 28 de fevereiro de 2016 ocorreu a 88ª premiação do Oscar, no Teatro Dolby em Los Angeles, Califórnia. Dentre os filmes que concorram a uma das categorias mais importantes, de Melhor Filme, tivemos Mad Max: Estrada da Fúria, um filme com um orçamento de aproximadamente 150 milhões de dólares. Mas o que nem todos sabem é que boa parte deste dinheiro foi gasto para contornar um problema meteorológico.

 

Mad Max acabou não levando a estatueta de Melhor Filme, categoria que que foi vencida por Spolight, mas deu show nas categorias técnicas e acabou levando 6 dos 10 prêmios dos quais concorria.

 

Cena que remete ao deserto em Mad Max: Estrada da Fúria

 

Estrada da Fúria é o quarto filme da franquia Mad Max. Todos os outros filmes da série foram gravados no deserto de Broken Hill, que fica no extremo oeste de Nova Gales do Sul, no sul da Austrália.

 

 

Estava tudo certo para começar as filmagens em julho de 2010, mas o diretor George Miller não contava com o fenômeno climático La Niña.

A La Niña é o resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico na faixa equatorial. Essa situação acaba influenciando toda a circulação atmosférica global e provoca mais chuva sobre a Austrália, de forma geral, inclusive sobre as áreas desérticas, que foram previamente escolhidas para a gravação do filme.

 

O mapa mostra as regiões da Austrália que sofrem a influência da La Niña. O fenômeno em geral se desenvolve no outono, tem seu auge no inverno e na primavera, enfraquecendo durante o verão.

 

 

 

A animação mostra a transformação do Oceano Pacífico Equatorial durante o fenômeno La Niña. As manchas em tons de azul representam o resfriamento das águas.

 

 

No cronograma inicial de Estrada da Fúria, as filmagens começariam em julho 2010, quando o fenômeno La Niña atua com mais força sobre a Austrália.

Com água disponível, a vegetação também começou a se desenvolver sobre o local das filmagens o que acabou transfigurando as locações de um deserto para "um campo de flores silvestres e terra vermelha". A temática do filme se desenvolve em torno de um futuro pós-apocalíptico no qual a população precisa procurar fontes de água. Isso explica as paisagens desérticas do terceiro filme da franquia.

A solução foi transferir toda a equipe para o deserto de Namíbia, no sul da África. As filmagens só começaram em 2011, o que gerou um gasto imprevisto pela produção.

 

 

Tempestade de areia

Uma das cenas marcantes do filme Mad Max: Estrada da Fúria é uma gigante tempestade de areia, que toma toda a tela do cinema.

 

 

Imagem da tempestade de areia em Mad Max: Estrada da Fúria

 

Mad Max levou Oscar!

 

 

Das 10 categorias das quais concorria, o filme de George Miller levou 6.

- Melhor Edição de Som

- Melhor Mixagem de Som

- Melhor Figurino

- Melhor Maquiagem

- Melhor Direção de Arte

- Melhor Edição

 

Tempestades de areia são fenômenos associados a forte queda de pressão atmosférica, mas podem acontecer também em locais que não são realmente um deserto. Veja o que aconteceu no oeste da Bahia em janeiro de 2016. Confira.

 

Veja também: Tempestade nem sempre é de chuva

 

Mais problemas meteorológicos em Holywood

O ator Leonardo DiCaprio levou a estatueta de Melhor Ator por sua atuação no filme O Regresso do diretor Alejandro González Iñárritu, que também levou o prêmio de Melhor Diretor. Durante o discurso de agradecimento, DiCaprio falou sobre mudanças climáticas e mencionou os problemas para encontrar um local que tivesse neve durante as gravações do filme.

O filme começou a ser rodado no ano de 2014 em áreas remotas do Canadá e da Argentina. Neste período tivemos a presença de bloqueios atmosféricos constantes sobre a América do Sul e também na América do Norte. Com isso tivemos temperaturas médias mais altas em ambas as regiões o que dificulta a formação de neve.