O ótimo é inimigo do bom

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Nunca usei muito esse provérbio. Mas hoje em dia ele cai como luva se o assunto é educação e comunicação para a sustentabilidade, duas atividades cuja matéria prima é o conhecimento, o qual podemos até segmentar em três dimensões, para efeitos práticos.

Créditos: Atitude Brasil

Começa com a educação que nos ensina a produzir ou transformar recursos. É o conhecimento que ensina a fazer certo ou melhor e, por isso mesmo, precisa ser amplamente disseminado,   pois faz as pessoas progredirem.

Há também aquele conhecimento que nos faz colocar os pés no chão, mostrando os resultados que de fato estamos produzindo, sem máscaras. É o conhecimento típico da gestão, que ensina a medir, avaliar e ordenar os elementos para melhorar ou inovar.

E temos ainda uma dimensão de conhecimento para a restauração dos recursos ambientais, que vai nos ajudar a adequar novamente um ambiente desequilibrado — e a conservá-lo dali para frente.

Obviamente, o ideal é gerar conhecimento com a mesma ênfase nas três dimensões. Mas às vezes o fator tempo e a realidade dos recursos nos levam a priorizar, pois os desafios demográficos estão postos e são eles que desenham o cenário para o futuro da sustentabilidade no agronegócio.

Já sabemos que, se agirmos como hoje durante a próxima década, a demanda por recursos será bem maior do que a capacidade do planeta em fornecer. Em sustentabilidade, portanto, parece que vivemos um daqueles momentos em que o ótimo talvez seja inimigo do bom.

Assim, entre educação para evolução, restauração ou gestão, eu votaria por uma prioridade para esta última (sem abandonar as outras), pois a falta de réguas para melhor medir e avaliar os sistemas de produção pode estar inibindo uma maior ação em prol da sustentabilidade.

Medir para saber onde mudar e o que corrigir. Esse é o conceito simples e forte que talvez  seja a grande prioridade pró-sustentabilidade, no momento.  Depois, é fazer chegar ao campo, de modo efetivo e motivador, os conhecimentos para resolver os desafios.

Acrescento, ainda, um detalhe:  em grandes projetos, envolver na ação outras organizações da cadeia produtiva em que se está, até mesmo algum apoio de área acadêmica. Isso confere força à ação e aumenta o potencial de disseminação da cultura de sustentabilidade.

Coriolano Xavier

Sócio/Diretor da Biomarketing

Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing e Membro do CCAS – Conselho Científico para Agricultura Sustentável.