Cientistas querem reconhecimento da Zelândia como continente

21/02/2017 às 15:58
por Redação

Atualizado 21/02/2017 às 16:00

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Massa geológica no Pacífico Sul tem quase 5 milhões de quilômetros quadrados.

Massa geológica no Pacífico Sul, do qual a principal parte visível é a Nova Zelândia, tem quase 5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 94% estão submersos.



Geólogos afirmaram na última sexta-feira (17/02) que uma área de tamanho equivalente ao subcontinente indiano, localizada no Pacífico Sul, merece ser considerada um continente. A Zelândia – cuja parte visível acima do nível do mar é a Nova Zelândia, além de ilhas e corais – tem quase 5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 94% estão submersos.

Há cerca de 100 milhões de anos, o imenso bloco se separou do supercontinente conhecido como Gondwanda, que incluía também a Austrália, e afundou entre 65 milhões e 80 milhões de anos atrás. Ele preenche todos os requisitos para ser considerado um continente, afirmaram os cientistas: elevação em relação à área circundante, geologia distinta, uma área bem definida e uma crosta continental bem mais espessa que a encontrada no fundo do oceano.

"O valor científico da classificação da Zelândia como continente é muito maior do que apenas incluir mais um nome numa lista", afirmaram os cientistas, em sua maioria da organização de pesquisa neozelandesa GNS Science. "O fato de um continente estar tão submerso e ainda assim não estar fragmentado faz com que ele seja útil para pesquisar a coesão e os destacamentos de crostas continentais."

"A Zelândia está se erguendo do mar nos dias de hoje – como os Alpes do Sul e os vulcões na Ilha Norte", afirmou o geólogo neozelandês Nick Mortimer, coautor do estudo sobre o continente submerso, referindo-se a regiões da Nova Zelândia. Em conversa online com internautas, ele disse que "há 30 milhões de anos a Zelândia estava no ponto de maior submersão e tem se elevado desde então. Sabemos isso através dos registros das rochas".


Num estudo publicado pelo jornal GSA Today, da Sociedade Geológica da América, os cientistas afirmam que 94% da massa geológica da Zelândia está debaixo d'água. Além da Nova Zelândia, o continente inclui também as ilhas Nova Caledônia, Norfolk, Lord Howe e Elizabeth e os corais Middleton.

Ao ser perguntado por que se levou tanto tempo para que uma massa geológica de dimensões tão grandes fosse descoberta, Mortimer afirmou que foi um acontecimento gradual. "Nos últimos 20 anos, os geólogos do GNS têm falado sobre a Zelândia. Apenas recentemente obtivemos os dados e a confiança para escrever um artigo científico para propor formalmente [sua existência]".

Não há um órgão científico autorizado para reconhecer novos continentes, mas o cientista espera que a Zelândia se torne parte da maneira com que vemos a Terra. "Esperamos que a Zelândia apareça em mapas-múndi, escolas, em toda a parte", afirmou.

O primeiro geofísico a utilizar o nome Zelândia para a massa de terra submersa no Pacífico Sul foi Bruce Luyendyk, em 1995. O nome vem tendo "aceitação moderada" nos últimos 22 anos. Segundo os coautores do estudo, apenas agora foi possível reunir os elementos geológicos para determinar se ele pode ou não ser considerado um continente. Essencial para isso foi o lançamento, em 2002, de um mapa mostrando a profundidade do leito dos oceanos.

RC/afp/ots