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Alemanha e o desafio de reduzir o lixo plástico

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8 min de leitura

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Apesar de sua imagem ecológica, país é o maior consumidor de plástico da Europa. Aos poucos, surgem iniciativas para limitar uso do material, e consciência de compradores aumenta, mas mudança ainda não é suficiente.

 

Pepinos, fatias de queijo, pastilhas para máquina de lavar louça. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de itens embalados em plástico encontrados em supermercados alemães. A imagem de sustentabilidade associada ao país parece não combinar com a onipresença das embalagens feitas a partir de petróleo.

De acordo com o Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), a Alemanha é o maior consumidor de plástico da Europa. E a tendência é que o consumo continue aumentando devido a mudanças de estilo de vida – como compras pela internet, comida e bebida para viagem, e pessoas que vivem sozinhas.

 

Em supermercados, grande parte das frutas e verduras é vendida em embalagens de plástico
 

Todos os anos, 8 milhões de toneladas de plástico poluem os oceanos do mundo, de acordo com estimativas da Fundação Ellen MacArthur, representando um perigo para a vida marinha e a saúde humana.

 

Como os plásticos nunca se decompõem totalmente, nosso rastro de chinelos usados, garrafas de plástico e microplásticos liberados a cada lavagem de roupas sintéticas permanecerá por gerações, de acordo com os cientistas.

 

Na Alemanha, alguns começam a perceber o impacto no meio ambiente do uso de plásticos. Tom Ohlendorf, especialista em embalagens da organização WWF, no país, aponta uma mudança na mentalidade de alguns compradores e varejistas que preferem as opções livres de plástico.

 

"A consciência dos varejistas e consumidores aumentou", diz Ohlendorf. "Basta olhar para iniciativas como supermercados sem embalagens que surgiram em várias cidades alemãs."

 

Deixar o plástico de lado

Uma pequena loja no bairro de Kreuzberg, em Berlim, é um dos negócios pioneiros do movimento livre de plásticos. Chamado Original Unverpackt(Original sem embalagem, em tradução livre), o supermercado, com suas paredes de azulejos brancos e prateleiras de madeira, abriu as portas há três anos.

 

Nele, os clientes enchem recipientes com grãos, legumes e até mesmo xampu. Além de produtos frescos, o,local vende escovas de dente de bambu, preservativos fair-trade e sacolas de pano com a frase "Não existe planeta B".

 

Estabelecimentos do tipo ainda são um fenômeno de nicho, sendo que muitos ainda escolhem os produtos que compram pelo preço. Mas a mudança também está surgindo nos consumidores convencionais. Agora, redes gigantes de supermercados estão falando sobre diminuir as suas pegadas de plástico também.

 

Os clientes dos supermercados da rede Edeka e das lojas de produtos orgânicos Denn's Biomarkt podem, por exemplo, usar seus próprios recipientes para comprar de queijos a produtos vendidos no balcão de carnes, seguindo os passos de uma série de cafeterias em Berlim e outras regiões que incentivam os clientes a adquirirem copos reutilizáveis.

 

O segundo maior varejista de alimentos da Alemanha, a rede de supermercados Rewe, decidiu adotar novos recipientes de ervas secas e madeira para as maçãs orgânicas. A rede também está avaliando os resultados de um projeto-piloto que tentou desencorajar os clientes em algumas de suas lojas de usar sacos de plástico translúcidos para comprar frutas e vegetais. A empresa afirmou à DW que ainda não está claro se implementará o esquema em todas as suas lojas.

 

Aterros sanitários repletos de plástico

Tobias Quast, especialista em resíduos e recursos na organização ambiental Friends of the Earth International, em Berlim, diz haver apenas "tentativas iniciais" de cortar o consumo de plástico, e não uma verdadeira mudança.

 

"Esses projetos-piloto mostram que é completamente possível expandir a ideia ecologicamente responsável do uso de recipientes reutilizáveis", disse à DW. "Mas os planos em andamento na política e no varejo alemães não são, de longe, suficientemente ambiciosos."

 

Hábitos de compras mais ecológicos e políticas como um imposto sobre as empresas que produzem resíduos plásticos e a cobrança por sacolas plásticas em lojas não parecem ter diminuído a quantidade de plástico que flui para os aterros sanitários alemães.

Os dados mais recentes da Eurostat mostram que o uso de embalagens em geral e de plástico em particular aumentaram na Alemanha nos últimos anos. O total de resíduos de embalagens foi de 18,1 milhões de toneladas em 2015, tendo aumentado por três anos consecutivos.

 

Grupos ambientalistas criticam a nova legislação alemã sobre embalagens – que entrará em vigor em janeiro de 2018 – por não trazer avanços suficientes. A lei visa fortalecer a reciclagem, e reduzir a prevalência de garrafas de utilização única e embalagens em geral.

 

Impulso da Europa

Em breve, a Alemanha pode receber um novo impulso da União Europeia para reduzir o consumo de plástico. Citando a quantidade de plástico nos oceanos e nos peixes que ingerimos, Bruxelas afirmou que planeja tornar todas as embalagens plásticas do bloco recicláveis até 2030. Os países europeus produzem anualmente 25 milhões de toneladas de resíduos plásticos – e menos de um terço é reciclado.

 

Observadores apontam que a nova abordagem do bloco seguiu a proibição da China de importar resíduos plásticos, o que pode forçar a União Europeia a incinerar ou aterrar seu plástico.

 

Diversas startups em toda a Europa estão testando diferentes abordagens para embalar produtos. A Miwa – com sede em Praga, na República Tcheca –, por exemplo, desenvolveu recipientes reutilizáveis para transportar produtos alimentícios de produtores para consumidores, gerando o mínimo de resíduos. A companhia testou o processo numa rede de fornecedores e planeja abrir suas primeiras lojas no outono europeu de 2018.

 

A empresa, que ganhou recentemente um prêmio de inovação, foi fundada por Petr Baca, que trabalhou por muitos anos com design de embalagens e desenvolveu uma consciência sobre o problema de resíduos.

 

Só é preciso "perceber o impacto negativo das embalagens de utilização única", afirmou Baca à DW. Para ele, a tecnologia é parte da resposta para "ajudar as pessoas a superar a mentalidade atual sobre embalagens descartáveis, que é em grande parte responsável pela poluição em massa de todo o planeta".

 

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