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Na noite do dia 8 de abril de 2019, a cidade do Rio De Janeiro viveu mais um dramático evento meteorológico recebendo um volume de chuva extremo, que não se observa com frequência. Mais uma vez a capital fluminense ficou debaixo d´água. Ruas viram rios. Pessoas ilhadas, carros quase submersos ou sendo levados sem controle pelas ruas por causa da forte correnteza que se formou pelas ruas. Em 4 horas choveu de 100 mm a 200 mm em vários bairros, superando a média local para o mês de abril.
Vários episódios de chuva muito volumosa ocorreram durante o verão na cidade do Rio de Janeiro e todos eles tiveram uma situação meteorológica básica muito semelhante a do dia 8 de abril: a passagem de uma frente fria, com formação de uma área de baixa pressão atmosférica entre o litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro e a influência de um cavado meteorológico.
Tanto o cavado meteorológico como a baixa pressão atmosférica são circulações de vento no sentido horário que forçam a concentração de umidade e de calor em uma mesma área e estimulam a formação de muitas nuvens de chuva em qualquer lugar. O dois sistemas podem ocorrer em diferentes altitudes ao mesmo tempo.
Como ocorre a chuva extrema no Rio de Janeiro?
Mas há uma situação especial este ano que vem sendo observada desde o começo do verão: a água do mar, entre o litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro tem estado com temperatura acima do normal. Este é um importante fator para a explicar os vários eventos de chuva extrema sobre a cidade do Rio de Janeiro e também no litoral paulista.
A água do mar mais quente aumenta a evaporação e mais umidade fica disponível para a formação e manutenção das nuvens de chuva.
No caso da do Rio de Janeiro, a presença da baixa pressão atmosfera traz outra situação que aumenta a chuva. O sistema de baixa gera o vento de sudoeste e sul no litoral do Rio, que são os ventos que levam maior carga de umidade marítima sobre a cidade.
Outro fator importante para aumentar a chuva é a presença dos morros na cidade do Rio de Janeiro.
Chuva de 4 horas supera a média do mês
Assim como fevereiro e março, já se pode dizer que abril de 2019 também vai terminar com chuva acima do normal na cidade do Rio de Janeiro apenas por causa da chuva extrema da noite de 8 de e do dia 9 de abril. Este episódio foi até pior do que o observado entre os dias 6 e 7 de fevereiro.
O quadro mostra quanto choveu na cidade do Rio em 4 horas, entre 18h15 e 22h15, pela medição do Alerta Rio - Prefeitura do Rio de Janeiro. A cor amarela indica que a chuva já superou a média local para abril.
Entre 21 horas e 22 horas a chuva voltou a se intensificar em áreas da zona sul e da zona oeste. Os volumes entre 50 mm e 70 mm em apenas 1 hora são considerados muito elevados.
No local de medição da Barra/Barrinha choveu 77% acima da média normal para abril, que é de 120 mm.
Chuva no Rio de Janeiro em 8/4/2019
Confira a comparação entre o evento de chuva extrema que ocorreu entre os dias 6 e 7 de fevereiro e o evento entre 8 e 9 de abril de 2019.
Chuva de 6/7 de fevereiro comparada com 8/9 de abril de 2019
Chuva em 24 horas dobra a média em alguns bairros
O volume de chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro especialmente na noite do dia 8 de abril é poucas vezes observado, pois é preciso uma combinação de fatores para a produção de tanta chuva. O acumulado de chuva em 24 horas (2h do dia 8 até 2h do dia 9 de abril) dobrou a média local para abril em Copacabana e na Urca. Os valores da tabela abaixo são do Alerta Rio - Prefeitura do Rio de Janeiro.
Local |
Chuva 24h (mm) - 2h 8/4/19 a 2h 9/4/19 |
Média de abril | % da média |
Barra/Barrinha | 233,6 | 120,1 | 195 |
Jardim Botânico | 229,4 | 136,0 | 169 |
Copacabana | 226,2 | 112,2 | 202 |
Alto da Boa Vista | 220,6 | 193,8 | 114 |
Rocinha | 219,0 | 149,7 | 146 |
Barra/Riocentro | 195,8 | 99,7 | 196 |
Vidigal | 193,8 | 122,6 | 158 |
Urca | 174,4 | 85,3 | 204 |
Jacarepaguá/Cidade de Deus | 169,6 | 95,6 | 177 |
Santa Cruz | 143,6 | 106,5 | 135 |
Recreio dos Bandeirantes | 135,6 | 95,2 | 142 |
Laranjeiras | 118,4 | 135,0 | 88 |
Campo Grande | 116,4 | 97,0 | 120 |
Sepetiba | 110,0 | 108,6 | 101 |
Tijuca | 109,4 | 163,9 | 67 |
Tijuca/Muda | 108,4 | 169,9 | 64 |
Est. Grajaú/Jacarepaguá | 89,2 | 123,1 | 72 |
Santa Teresa | 76,6 | 119,2 | 64 |
Grota Funda | 72,0 | 130,4 | 55 |
Foto de Graziella Gonçalves, Rio de Janeiro (RJ)