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Amenizar os impactos das mudanças climáticas a partir de mecanismos que possam ser aplicados em nível global, este é o objetivo da ONU ao realizar anualmente a Conferência das Partes (COP). A COP-27 é o maior e mais importante evento já realizado sobre esta pauta, acontecendo entre 6 e 18 de novembro no Egito.
O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em fevereiro deste ano, que analisa as vulnerabilidades, capacidades e limites do mundo e da sociedade para se adaptar às mudanças climáticas, servirá de guia no evento. O documento destaca com ainda mais dados em relação ao relatório anterior, os efeitos dessas mudanças no planeta.
Um dado preocupante apresentado pelo relatório e que deve ser levado à conferência é o fato de os cientistas detalharem que as temperaturas mais altas estão levando a mais “extremos compostos.” Isto é, quando várias ameaças climáticas (como temperaturas extremas e precipitação) ocorrem ao mesmo tempo e no mesmo lugar e/ou repetidas vezes.
Durante a conferência, os países devem definir aspectos para implementar o Acordo de Paris, analisar os compromissos atualmente trabalhados e dar previsibilidade ao financiamento climático. Dessa forma, haverá debates sobre a adaptação climática, mitigação dos Gases de Efeito Estufa (GEE), o impacto climático na questão financeira e a colaboração para conter o aquecimento global.
Segundo Patrícia Espinosa, secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, “a ciência é clara: devemos ver mais ações [extremas] do clima nesta década, e se quisermos alcanças a neutralidade de carbono até 2050 e, em última análise, a meta de 1,5 grau, precisamos acelerar as ações [para promover a neutralidade de carbono]”. A COP-27 vem com uma pressão, já que o mundo como um todo ainda está longe do necessário para alcanças as metas do Acordo de Paris.
“[A COP 27] será uma COP de implementação. Então, nosso foco é garantir que tudo o que está sendo dito também esteja sendo implementado”, afirmou Mohamed Nasr, negociador-chefe do Egito para a Conferência de Sharm el-Sheikh.
Além disso, a conferência será uma oportunidade para que a agricultura mostre os avanços alcançados em termos de redução de emissões de gases de estufa e também cobre, dos países desenvolvidos, o cumprimento dos compromissos de financiamento de ações climáticas nos países em desenvolvimento.
“A COP27 é uma oportunidade para se ter muita visibilidade, pela importância que a agricultura tem no arranjo internacional. Devemos tentar reverter alguns conceitos que estão instalados na opinião pública internacional relacionados à responsabilidade do processo de produção agrícola nas mudanças do clima. Como bem colocado, nós somos os mais vulneráveis, os mais afetados e os mais interessados em contribuir para a mitigação dos efeitos”, destacou o Ministro de Pecuária e Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos.
O professor Rattan Lal, um especialista em ciências do solo, explicou que as boas práticas agrícolas servem para a conservação dos recursos naturais, a gestão de nutrientes e a mitigação da mudança do clima por meio do sequestro de carbono. Deve-se considerar também, a importância de que os agricultores, que são os elos mais fracos da cadeia de produção de alimentos e também os mais vulneráveis frente à mudança do clima, sejam considerados.
“As estratégias de adaptação estão aumentando, e é disso que se necessita, mas precisamos fazer mais ainda”, afirmou Rosenzweig, pesquisadora sênior e chefe do grupo sobre impacto climático do Instituto Global de Estudos Espaciais da NASA.
A cientista norte-americana abordou os impactos atuais e os previstos das mudanças climáticas na agricultura: “Teremos mudanças climáticas muito mais extremas, e a segurança alimentar será cada vez mais afetada. Existem impactos atuais e projetados significativos em muitas regiões: as precipitações e as temperaturas extremas se intensificarão; e haverá redução no fornecimento ou no suprimento de água com repercussão na produção agrícola e na pesca tradicional, o que impactará a segurança alimentar e os meios de vida rurais dos agricultores, especialmente os pequenos e médios agricultores, dos pescadores e dos povos indígenas”, concluiu a especialista.
Dessa forma, a 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), acontece num momento crítico e deve trazer à tona assuntos de interesse global. A agricultura é um dos pilares econômicos de todo o mundo e os impactos do clima nesse setor podem gerar graves consequências para o futuro da humanidade. É de suma importância que os temas abordados nesta conferência sejam colocados em prática para mitigar os impactos dos eventos extremos que estão cada vez mais frequentes.