Tornados, ciclones extratropicais, furacões e tufões são fenômenos naturais, que ocorrem em diversas regiões do nosso planeta. Alguns ciclones extratropicais muito fortes podem causar ventania de até 120 km/h e também podem causar muita chuva. Mas tornados, furacões e tufões são sistemas meteorológicos que causam chuva intensa e ventania muito mais severa, que facilmente supera os 150 km/h. O vento extremo gerado por estes sistemas causa muita destruição e também perdas de vida. Explicamos a seguir as diferenças entre estes fenômenos e o que eles têm em comum.
Poucas semelhanças
Entre as poucas semelhanças estão a ventania, chuva e o fato de se formarem num ambiente atmosférico onde a pressão do ar está muito baixa. Todos estes fenômenos estão associados a um centro de baixa pressão atmosférica, que se estende da superfície até cerca de 5 km de altitude.
Muitas diferenças
Tornados, furacões ou tufões e ciclones extratropicais são fenômenos totalmente diferentes entre si no seu tamanho, aparência, na duração e na forma como atuam e tecnicamente como e onde se desenvolvem. Furacões, tufões e alguns ciclones extratropicais podem gerar tornados, mas tornados não causam ciclones, nem tufões e nem furacões. Tornados se dissipam em minutos. Furacões, tufões e ciclones extratropicais atuam por vários dias consecutivos, antes de se dissiparem.
Onde se formam?
O tornado é uma corrente de ar giratória que se forma entre o solo e a base de uma nuvem cumulonimbus especial chamada de supercélula. A Tornados, em geral, se formam sobre o continente, em um ambiente atmosférico de muita umidade e ar quente. É comum a ocorrência de tornados na passagem de furacões e de tufões. O processo de formação de alguns ciclones extratropicais podem gerar tornados. A principal área de formação de tornados no nosso planeta fica nos Estados Unidos, abrangendo uma extensa área no centro-leste e parte do sul deste país. No Brasil, a principal área de ocorrência de tornados é a região Sul.
Furacões e tufões são fenômenos iguais e se desenvolvem sobre regiões oceânicas de águas quentes e em uma atmosfera quente. O termo furacão é usado no oceano Atlântico Norte e na costa oeste do México, no oceano Pacífico. O termo tufão é usado no oceano Pacífico oeste/ noroeste, na região do Japão, na costa da China, nas Filipinas, por exemplo.
Ciclones extratropicais se formam em ambientes atmosféricos onde há grandes contrastes de temperatura do ar. O mar pode estar quente ou frio, mas as camadas de ar em níveis elevados são frias. Estão sempre associados a uma frente fria.
Previsibilidade: dias x minutos
Uma das principais diferenças entre estes fenômenos é o tempo de previsibilidade. Os meteorologistas conseguem antever uma situação atmosférica com risco de formação de supercélulas, onde nascem os tornados, até com mais de 24 horas de antecedência. Mas saber onde esta supercélula está efetivamente se formando, é uma avaliação de curto prazo, que só se pode fazer com monitoramento no mesmo dia, por algumas horas, com análise contínua de imagens fornecidas por radares e satélites meteorológicos.
Alertas de tornados para uma determinada área são emitidos com até meia hora de antecedência. O pouco tempo que se tem para dar um aviso de tornado é um dos fatores que tornam este fenômeno mais perigoso.
A formação e deslocamentos de ciclones extratropicais, furacões e tufões são identificados com dias de antecedência. Por isso, é possível fazer ações preventivas com a população muito antes do fenômeno ocorrer.
Velocidade do vento
Tornados, furacões, tufões sempre provocam ventos acima dos 100 km/h. Os ciclones extratropicais mais intensos podem gerar rajadas pouco acima dos 100 km/h. De todos estes fenômenos, os ciclones extratropicais são os menos perigosos, com as menores velocidades de vento.
Tornados e furacões são classificados conforme a força dos ventos que provocam e dos danos que causaram. No caso dos tornados, a velocidade do vento é estimada a partir do tipo de destruição que ocorreu no local por onde o tornado passou. Ventos de furacões e tufões são estimados por satélites meteorológicos. Para todos os fenômenos, até determinadas velocidades, alguns instrumentos meteorológicos conseguem fazer a medição do vento.
A escala Fujita Aprimamorada classifica os tornados de 0 a 5:
(valores de velocidade de vento aproximados)
EF 0: 105 km/h a 137 km/h
EF 1:137 km/h a 177 km/h
EF 2: 179 km/h a217 km/h
EF 3: 219 km/h a 265 km/h
EF 4: 267 km/h a 322 km/h
EF 5: acima de 322 km/h
A escala Saffir-Simpson é usada para classificar os furacões e para estimar também a força de tufões.

Escala Saffir-Simpson mede a força de furacões (Fonte: NHC)
A escala Beaufort foi criada originalmente para avaliar o estado do mar conforme a velocidade do vento, mas posteriormente foi feita uma correlação com os efeitos no vento no continente.

A escala internacional de vento Beaufort ajuda a qualificar o nível de danos com a velocidade dos ventos (Fonte: Climatempo)
Qual a aparência de um tornado, um furacão e de um ciclone extratropical?
As duas fotos abaixo mostram um tornado e um furacão e assim, uma ao lado da outra, é fácil ver que são fenômenos completamente diferentes. Um está no solo (tornado) e outro no céu (furacão)! Neste link aqui você poderá ver um fantástico vídeo feito pela estação espacial internacional. Este tipo de imagem só é possível ser feita a partir do espaço!

Um furacão tem aparência arredondade e um tornado parece um grande funil (Fotos: IsTock)
Diferenças visuais
Tornado: aparência de um funil entre o solo e a base da nuvem; chamamos de tornado o funil que toca o solo; muitas vezes ocorre a formação apenas de um prolongamento da base da nuvem em formato de funil, mas que não toca o solo. Nuvens funis que se formam sobre o mar, em rios ou lagos e tocam a água são chamadas de tromba d´água. Podemos ver um tornado a olho nu, na nossa frente!

Tornado: aparência de um grande funil entre o solo e a base de uma nuvem chamada de supercélula. (Foto: Istock)
Ciclone extratropical: é caracterizado visualmente por uma grande área de nuvens, em forma espiralada, como um caramujo, que só pode ser identificado a partir do espaço, através de satélites meteorológicos.
Não dá para olhar para o céu ver a nebulosidade em forma de espiral de um ciclone extratropical por causa de sua grande extensão! Os ciclones extratropicais só são vistos através de imagens captadas pelos satélites meteorológicos que estão no espaço!

Ciclone extratropical: aparência espiralada, no sentido horário no hemisfério Sul

Ciclone extratropical no hemisfério Norte: aparência de espiral no sentido anti-horário (Imagem do satélite GOES/costa noroeste dos EUA/19/11/2024)
Furacões e tufões: os dois fenômenos são caracterizados por uma extensa massa de nuvens, arredondada e com braços, semelhante às imagens de algumas galáxias e que, na fase mais madura, têm um buraco no centro, que é o que conhecemos como o “olho do furacão” ou “olho do tufão.

Olho do furacão Melissa próximo da Jamaica em 28/10/25 (Fonte: NOAA)
Da mesma forma que os ciclones extratropicais, devido às grandes dimensões horizontais, furacões e tufões só são visualizados por satélites meteorológicos, que fotografam as nuvens a partir do espaço. As imagens feitas por satélites meteorológicos são fundamentais para que os meteorologistas possam monitorar o desenvolvimento e o deslocamento destes sistemas.

Tufão Surigae – Filipinas – 17/04/2021 (Fonte: PAGASA)
Dimensões: de poucos km a centenas de km
As diferenças de dimensão entre um tornado e fenômenos como ciclones extratropicais, furacões e tufões são enormes!
Ciclones extratropicais, em geral, têm mais de 1000 km de extensão horizontal. O tamanho de um tufão e de um furacão é medido pela distância limite entre o centro do sistema e a região onde ocorre o vento mais intenso. Esta distância é, em média, de 500 km. Tornados têm alguns metros até cerca de 2 km de diâmetro.



