O financiamento climático é hoje um dos principais instrumentos para viabilizar projetos de adaptação às mudanças do clima e de mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). No Brasil, iniciativas nacionais e internacionais estão convergindo para ampliar os investimentos e apoiar a transformação ecológica de cidades, setores estratégicos e comunidades vulneráveis.
Âmbito Nacional
O governo brasileiro vem fortalecendo sua estrutura de financiamento climático com mecanismos robustos de captação e aplicação de recursos. Dois marcos recentes se destacam:
Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP)
Lançada em 23 de outubro de 2024, em Washington D.C., a BIP tem como objetivo apoiar o cumprimento das metas climáticas do Brasil, conectando projetos nacionais a uma extensa rede de instituições financeiras nacionais e internacionais.
Inspirada na estrutura de referência do G20, a plataforma diferencia-se por:
• Abordagem multisetorial — foco em três setores principais:
o Soluções baseadas na natureza e bioeconomia: recuperação da vegetação nativa, agricultura regenerativa, biotecnologia, gestão de resíduos, bioinsumos e fertilizantes verdes.
o Indústria e mobilidade: mobilidade elétrica urbana, hidrogênio de baixa emissão, aço/alumínio e cimento de baixo carbono, eficiência energética.
o Energia: sistemas renováveis resilientes, eólica offshore, redes inteligentes, hidrogênio e minerais estratégicos.
• Foco no financiamento — conexão direta entre projetos brasileiros e fontes de capital público e privado para escalonar investimentos.
• Conexão entre atores — integração de bancos, organismos multilaterais, fundos de investimento, sociedade civil e iniciativas setoriais.
Para integrar a BIP, projetos devem atender a quatro parâmetros mínimos: alinhamento com planos nacionais, impacto ambiental material, necessidade de mobilização de capital e geração de cobenefícios socioeconômicos.
Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima)
Criado pela Lei nº 12.114/2009 e regulamentado pelo Decreto nº 9.578/2018, o Fundo Clima financia projetos e estudos voltados à redução de emissões de GEE e à adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Ele opera em duas modalidades:
• Reembolsável — administrada pelo BNDES, para apoio a projetos com retorno financeiro.
• Não reembolsável — operada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, voltada a ações socioambientais.
Em 2025, destaca-se o Edital nº 1/2025 – Periferias Verdes Resilientes, voltado à adaptação inclusiva das periferias urbanas, com foco em Soluções Baseadas na Natureza para melhoria da qualidade ambiental. Propostas podem ser enviadas até 28 de julho de 2025 pela Plataforma Transferegov.
Desde sua criação, o Fundo já apoiou 72 projetos na modalidade não reembolsável, contribuindo para cidades mais preparadas e sustentáveis.
Âmbito Internacional
O Brasil também é destaque no cenário global de financiamento climático. Segundo o mapeamento da Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio), o fluxo anual médio de recursos internacionais para o país cresceu 84% entre 2019-2020 e 2021-2022, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 5,1 bilhões.
A maior parte desses recursos (80%) é destinada a projetos de mitigação, principalmente no setor de energia limpa (solar e eólica). Apenas 20% contemplam ações de adaptação, e o setor de florestas — responsável por significativa parcela das emissões nacionais — recebe somente 2% do total.
Entre os principais financiadores estão países da Europa Ocidental, além de organismos multilaterais como Banco Mundial, BID, NDB e AIIB.
Essa integração entre recursos internacionais e nacionais, potencializada por plataformas como a BIP e mecanismos como o Fundo Clima, cria condições favoráveis para que municípios brasileiros acessem financiamentos e implementem projetos de resiliência climática urbana de forma escalonada e eficiente.
A oportunidade para os municípios
Com o aumento das oportunidades de financiamento, governos locais têm melhores condições para transformar planos de adaptação e mitigação em ações concretas, desde que os projetos estejam alinhados a critérios técnicos e regulatórios. A Climatempo se posiciona como parceira estratégica para apoiar municípios e instituições na elaboração de projetos tecnicamente sólidos e alinhados aos critérios exigidos por fundos e plataformas, fornecendo inteligência meteorológica e suporte técnico para atender requisitos de viabilidade e elegibilidade de financiamento.
“O financiamento climático é uma ferramenta essencial para viabilizar ações de desenvolvimento sustentável e proteção das comunidades frente aos desafios das mudanças climáticas. Nosso papel é fornecer inteligência meteorológica e suporte técnico para que projetos atendam aos critérios exigidos por mecanismos de financiamento”, afirma Cátia Valente, Head na Climatempo na área de Projetos Governamentais.
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Fontes: https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/secex/dfre/fundo-nacional-sobre-mudanca-do-clima
Mapeamento de Financiamento Climático Internacional para o Brasil
https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/transformacao-ecologica/bip