Texto atualizado em 22/12/2025 pelo meteorologista Rennan Barbosa
Altas temperaturas ampliam riscos operacionais no sistema elétrico brasileiro
O aumento das temperaturas previsto para os próximos dias no Brasil, especialmente na região Sudeste, tende a intensificar a demanda por energia elétrica. Esse crescimento está diretamente associado ao maior uso de sistemas de refrigeração, como aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, tanto em residências quanto em estabelecimentos comerciais e industriais. Em cenários mais críticos, a elevação da carga pode provocar sobrecargas no sistema elétrico e, consequentemente, interrupções no fornecimento de energia.
De acordo com a Climatempo, a previsão para esta semana indica a atuação de uma onda de calor, com temperaturas que devem ficar 5ºC acima da médica climatológica no maior centro de carga do país, a cidade de São Paulo, durante a semana do Natal. Este cenário aumenta o desconforto térmico da população e impõe uma pressão adicional ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Onda de calor marca a semana do natal e os primeiros dias do verão
O impacto no consumo de energia não tende a ser ainda maior devido ao período de Natal, quando muitas empresas e estabelecimentos comerciais entram em recesso ou adotam férias coletivas. Ainda assim, o sistema elétrico permanece pressionado em um período do ano que, historicamente, apresenta níveis de carga mais baixos.
O calor extremo e sua relação com o consumo de energia
O mês de dezembro marca o início do verão no Hemisfério Sul, sendo naturalmente caracterizado por temperaturas mais elevadas. Esse aquecimento ocorre em função da inclinação do eixo da Terra, que aumenta a incidência de radiação solar sobre o território brasileiro, resultando em dias mais longos e maior aquecimento da superfície.
De acordo com o atual contexto climático que favorece um aumento expressivo do consumo de energia elétrica, uma vez que a população passa a utilizar de forma mais intensa e contínua equipamentos de resfriamento. O uso prolongado de ar-condicionado, ventiladores e outros sistemas de climatização eleva a carga nas redes de distribuição, sobretudo, nos horários de pico, geralmente durante a tarde e no início da noite.
Impactos no setor elétrico
As ondas de calor exercem forte pressão sobre o setor elétrico, especialmente em um momento em que os níveis dos reservatórios se encontram abaixo do ideal para o período do ano. O principal subsistema do país, Sudeste/Centro-Oeste – responsável por grande parte da geração e do consumo nacional, opera atualmente com cerca de 42,4% de armazenamento, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) desta segunda-feira, 22 de dezembro.
Grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, tornam-se pontos críticos durante episódios de calor extremo, elevando ainda mais a demanda sobre os reservatórios. Além disso, as altas temperaturas afetam diretamente a eficiência das redes de transmissão e distribuição. O aquecimento excessivo dos cabos reduz sua capacidade de condução de energia, aumentando o risco de sobrecargas, perdas técnicas e oscilações no fornecimento. Em situações mais severas, esses fatores podem levar a desligamentos preventivos ou falhas no sistema. Assim, torna-se necessária a adoção de estratégias operacionais e tecnológicas para assegurar a estabilidade do sistema elétrico durante eventos de calor extremo.
Fique atento às atualizações no site da Climatempo.
O volume armazenado nos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo apresentou estabilidade após uma sequência de quedas, impulsionado pelas chuvas registradas nos últimos dias. Segundo dados divulgados pela Sabesp nesta quarta-feira (17/12), o nível geral dos sistemas está em 26,3% da capacidade total, representando um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao dia anterior.
Apesar da leve recuperação, o cenário ainda é considerado bastante crítico, principalmente em sistemas estratégicos para o abastecimento da capital e dos municípios próximos.
Situação dos principais reservatórios:
Cantareira – Opera com 20,7% da capacidade, com variação positiva de 0,1% em relação ao dia anterior. O acumulado de chuva em dezembro é de 97 mm, ainda abaixo da média climatológica do mês, que é de 211,1 mm.
Alto Tietê – Um dos sistemas mais preocupantes no momento, apresenta 18,9% do volume armazenado, com alta de 0,7% em relação ao dia anterior. Em dezembro, o total de chuva soma 103,6 mm, frente à média climatológica de 177,3 mm.
Guarapiranga – Registra 49,1% de armazenamento, sem variação nas últimas 24 horas. O volume acumulado de chuva no mês é de 107 mm, abaixo da média histórica de 172,4 mm.
Cotia – Apresenta 44,6% da capacidade, também sem variação em relação ao dia anterior. O acumulado de dezembro chega a 154,2 mm, próximo da média climatológica, que é de 165,0 mm.
Rio Grande – Opera com 57,1%, com aumento de 1,9% em relação ao dia anterior. O acumulado mensal é de 72,0 mm, ainda muito inferior à média histórica de 184,3 mm.
Rio Claro – Foi o sistema com a melhor recuperação recente, registrando aumento de 14,5% no volume armazenado. O total de chuva no mês atingiu 371,8 mm, superando a média climatológica de 257,3 mm.
São Lourenço – Apresenta 47,3% de armazenamento, com variação positiva de 0,4%. O acumulado mensal de chuva é de 119,8 mm, abaixo da média histórica de 212,3 mm.
Retorno das chuvas aos reservatórios
Os dados pluviométricos indicam que todos os sistemas receberam volumes significativos de chuva nos últimos dias, marcando o retorno das chuvas após um período prolongado de redução nos níveis de armazenamento. No entanto, embora os registros sejam positivos, os aumentos observados em sua maioria entre 0,1% e 0,2% ainda não caracterizam uma recuperação efetiva, mas sim uma estabilização nos níveis de armazenamento.
Risco para o abastecimento
O verão tem início neste domingo, 21 de dezembro, estação que historicamente concentra os maiores volumes de chuva nos mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. A expectativa é de redução gradual da atenção nos próximos três meses, desde que o regime de chuvas se mantenha dentro ou acima da média. Ainda assim, será fundamental acompanhar de forma contínua a qualidade e a regularidade das chuvas, uma vez que a recuperação dos reservatórios depende não apenas de episódios pontuais de precipitação, mas de um padrão consistente ao longo da estação chuvosa.




