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Cúpula de Bonn começa em clima de esperança

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Bonn, Alemanha. Foto: Pixabay

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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de Bonn (COP23), realizada na cidade alemã durante as próximas duas semanas, a partir desta segunda-feira (06/11), não tem o charme da COP21 de Paris, de dois anos atrás. É uma "conferência de trabalho", encarregada de montar um "livro de regras" para o acordo fechado em Paris em 2015.

 

Talvez por isso a mídia global esteja abordando o encontro com certo cinismo. Uma relatório publicado nos últimos dias afirma que os compromissos existentes no âmbito do Acordo de Paris não deixarão os países mais perto da meta de impedir que a temperatura do planeta suba mais que 2 graus Celsius até 2050 – fato que, segundo cientistas, provocaria mudanças climáticas catastróficas.

 

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Bonn, Alemanha. Foto: Pixabay

 

Especialmente diante do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os Estados Unidos sairão do Acordo de Paris, muitos acreditam que os representantes em Bonn estarão desperdiçando seu tempo. Afinal, para que tudo isso se parece que não vai funcionar, mesmo?

 

Mas as pessoas envolvidas no processo podem confirmar que ele está dando frutos. De fato, nas mais de duas décadas desde que o empenho da ONU em prol do Clima começou, na Cúpula do Rio de 1992, o mundo fez progressos significativos na redução de suas emissões de gases do efeito estufa.

 

Um relatório publicado na quinta-feira passada (02/11) pelo World Resources Institute (WRI) ilustra isso. Ele revela que, em 1990, oito anos após a cúpula do Rio, 19 países atingiram seu pico nas emissões de gases do efeito estufa – o que significa que atingiram o ápice e, desde então, estão diminuindo a marca.

 

Em 2010, esse número aumentou para 48 países – incluindo os Estados Unidos –, o que representa cerca de 36% das emissões mundiais. Se todos os países cumprirem suas metas de redução de emissões no âmbito do Acordo de Paris, esse número aumentará para 52 até 2030. Isso inclui todos os países industrializados mais a China e o Brasil e representa 60% das emissões da Terra.

 

"O momento em que as emissões de países individuais chegam ao pico e caem, especialmente as de grandes emissores, como EUA e China, é extremamente importante para determinar se é possível evitar os impactos climáticos mais perigosos", diz Kelly Levin, da WRI.

 

Maior participação "de fora"

 

Embora pareça que o comparecimento à cúpula em Bonn vá ser escasso, na verdade esta deverá ser uma das conferências de maior participação. Isso se deve principalmente aos esforços de redução de emissões do setor privado e de governos regionais e municipais, que aumentaram sensivelmente.

 

"Atores não estatais foram empurrados pela decisão dos EUA, e isso impulsionou as coisas", constata Jonathan Shopley, diretor-gerente da empresa de investimentos ambientais Natural Capital Partners. "A COP23 provavelmente será um dos eventos sobre o clima de maior participação."

 

Organizações de fora do âmbito de negociações estão emergindo como os atores mais importantes nessas cúpulas. Empresas, estados e cidades estarão falando sobre suas próprias iniciativas, e novas parcerias e iniciativas provavelmente surgirão durante o encontro.

 

A delegação do setor privado e dos governos regionais dos EUA deverá, este ano, ter mais influência do que a pequena delegação do governo em Washington, que continuará à mesa de negociações até a retirada oficial, prevista para 2020.

Mas ainda há muito o que fazer. O fato é que, mesmo com o crescente interesse comercial e o progresso positivo do pico das emissões, as promessas de redução de emissões sobre a mesa não são suficientes para atingir a meta de no máximo 2 graus de aquecimento.

 

"Embora esta tendência seja encorajadora, não é suficiente", diz Levin. Ela acredita que os países devem aumentar suas metas durante a cúpula de Bonn. "Fazer isso ajudará a garantir que os compromissos de redução de emissão dos países levem as emissões globais ao nível necessário para atingir as metas de temperatura do Acordo de Paris e evitar os impactos mais perigosos das mudanças climáticas."

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