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A chuva veio e nos meses mais importantes do ano. Chove desde a última quinzena de dezembro sobre o subsistema Sudeste e isso fez com que a vazão nas principais bacias subisse bastante, além de se observar uma grande subida dos principais reservatórios da Região. A taxa extra saiu da conta dos brasileiros por conta disso e o PLD (preço de liquidação das diferenças) caiu no mercado livre (fontes: CCEE e ONS). Parece que tudo está resolvido, mas devemos ter muita cautela.
Chuva observada no dia 10, entre 05 e 10 e entre 01 e 10 de janeiro, respectivamente, nas bacias do Paranaíba e do Grande.
Nas próximas semanas a chuva não terá continuidade com a mesma magnitude do que nas semanas anteriores. Já observamos na primeira coluna dos mapas acima que a chuva já parou ou diminuiu muito. Os mapas abaixo mostram que a chuva até o dia 15 fica forte nas bacias do sul do Subsistema Sudeste (Tietê, Paranapanema, sul do Paraná e Itaipu). Na semana entre 16 e 22 de janeiro a chuva diminui inclusive nessas áreas e assim permanece até o começo de fevereiro. A chuva prevista para as próximas semanas no Grande e no Paranaíba deve ficar bem abaixo da média e não deve voltar com a mesma magnitude. A ENA média do Sudeste em janeiro deve fechar em torno de 100%. Segundo a nossa projeção (Climatempo) em torno de 90%, em fevereiro, e dos 80%, em março.
Os reservatórios, no início do período úmido, estavam em valores muito baixos devido à falta de chuvas consistentes nos últimos anos e o que choveu não é suficiente para “resolver” a falta de chuva dos anos anteriores. Os gráficos abaixo mostram que no final do ano passado (31/12/2017), os reservatórios do Sudeste só não estavam mais baixos do que em 2014 na mesma data. Com o aumento da chuva, usando os dados do dia 10 de janeiro, os reservatórios estão em 27,8%, superando por enquanto apenas 2015, mas provavelmente fecharemos o mês melhor do que em 2000 e 2001 e perto de 31/01/2017 (37,43%). Ou seja, nada muito animador! É muito provável que o período úmido entregue reservatórios de forma semelhante a 2017 (em torno de 43%).
Reservatórios do Sudeste: porcentagem em relação à capacidade total de armazenamento.
Resumindo, podemos comemorar as condições observadas neste momento sim, mas o problema não foi totalmente resolvido e devemos ter mais um ano muito difícil, com muita volatilidade de preços (que devem ser elevados na maior parte do tempo). Provavelmente lá em setembro e outubro deste ano estaremos rezando pelo retorno da chuva e com o sistema eólico salvando o sistema elétrico.
Alexandre Nascimento
Mestre em Meteorologia