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“Inverno” está sendo ruim na costa leste do Nordeste

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Foto de Eduardo Flores, João Pessoa (PB)

5 min de leitura

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O que é o "inverno" no leste do Nordeste?

Maio, junho e julho são os meses mais chuvosos nas capitais do leste do Nordeste. Este é o trimestre do “inverno”, que é a época do ano normalmente com chuva mais frequente e volumosa. As médias normais de chuva nestes meses são as maiores da escala anual.

 

Mas 2018 não está sendo com um “bom” inverno para as capitais do leste nordestino. Em maio e em junho choveu menos do que a média em Salvador, Maceió, Recife e em Natal. Em Aracaju, a chuva de maio ficou abaixo da média, mas superou a média em junho. Em João Pessoa choveu mais do que a média em maio e menos do que o normal em junho.

 

A pior situação é de a Recife, que vem recebendo menos chuva do que a média em quase todos o meses desde o início do ano. Pela medição do Instituto Nacional de Meteorologia, a chuva em Recife ficou acima da média normal apenas nos meses de janeiro e especialmente de abril. Mas nos meses de “inverno” (maio, junho), choveu menos do que a média. No gráfico, as barras em azul escuro representam a média normal de chuva e as barras em verde claro, o total de chuva acumulado em cada mês em 2018. Os dados de julho vão até o dia 17.



Chuva acumulada de 2018 em Recife (PE) comparada com a média mensal

 

A chuva de julho também não tem sido animadora na costa leste do Nordeste. Eventos de chuva forte ocorreram na semana passada na região de Natal e de João Pessoa, mas de forma geral, tem chovido menos do que poderia nesta época.

No gráfico, as barras em azul escuro representam a média normal de chuva. O total de chuva acumulado em julho de 2018, até o dia 17, é indicado pelas barras em azul claro. Todos os dados são do INMET.

 

 

Chuva de julho de 2018 nas capitais do Nordeste comparada com média

 

 

Por que o “inverno” na costa leste está sendo ruim?

O que explica a diminuição da chuva na costa leste do Nordeste no “inverno” de 2018 é a anomalia de temperatura negativa encontrada no oceano Atlântico. A água do mar na costa leste do Nordeste tem estado com temperatura abaixo do normal há vários meses, o que reduziu a evaporação natural e a quantidade de eventos de DOL (distúrbios ondulatórios de leste). Com este resfriamento do Atlântico na costa leste nordestina houve uma diminuição da formação das nuvens carregadas que normalmente avançam do mar para o litoral leste do Nordeste nesta época do ano.

 

Os mapas da animação abaixo são da anomalia da temperatura da água do mar abrangendo a maior parte dos oceanos Pacífico e Atlântico. As manchas azuis representam a anomalia negativa da temperatura da água do mar, áreas onde a temperatura superficial da água do mar está abaixo do valor médio normal. Os tons de laranja e de vermelho representam a anomalia positiva da temperatura, que significa que a temperatura superficial da água do mar está acima da média.

 

A animação dos mapas elaborados pela NOAA/NESDIS mostram a anomalia da temperatura superficial do Atlântico e do Pacífico entre 28 de maio e 16 de julho de 2018. Note que uma extensa mancha azul persiste na costa leste do Nordeste e começa se desfazer em julho. Isto significa que só agora, em julho, a temperatura do Atlântico está se aproximando da normalidade. Isto é favorável a um aumento da instabilidade, porém, este ligeiro aquecimento acontece no final do período chuvoso e a chance de recuperação da chuva é baixa.

 

 

Anomalia da temperatura superficial da água do mar no Atlântico e no Pacífico entre 28 de maio e 16 de julho de 2018

 

 

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