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O amanhecer desta sexta-feira chamou a atenção da população das cidades catarinenses de Penha, Laguna. Biguaçu, São José, Xaxim e Balneário Barrado Sul. Um céu no tom alaranjado refletiu o horizonte dos catarinenses que estranharam a observação.
Trata-se de um fenômeno bem comum e não existe uma medição sobre sua frequência. Fatores como poluição, poeira, spray marinho que é o sal que fica suspenso no ar e, ainda partículas da fauna e da flora colaboram para a ocorrência do fenômeno.
A poluição existe em todo lugar e não é apenas a fumaça dos carros e indústrias. A poeira que fica suspensa nos campos também é poluição.
Ao mesmo tempo que este ar sujo prejudica a saúde das pessoas, contribui para que o amanhecer ou entardecer fique especialmente bonito, com uma mistura de tons alaranjados e vermelhos fazendo de cada fim de tarde uma pintura especial, explica a meteorologista Josélia Pegorim.
Foto: Gabriel Garcia - Nova Esperança - PR
Entenda o que explica cientificamente estas maravilhosas cores dos céus poluídos:
O espalhamento Rayleigh
Depois que o sol se põe, por algum tempo, a cor do céu que chega aos nossos olhos é resultado de duas fontes, o azul do céu e da luz mais direta do sol. Explicando: o azul do céu é resultante do fenômeno de espalhamento da luz do sol pelas moléculas de oxigênio. Por ser uma molécula constituída de dois átomos, forma-se um dipolo, que vibra ao interagir com a luz e que a faz espalhar para todas as direções. Esta forma de interação da luz com a atmosfera é chamada de espalhamento Rayleigh.
A cor mais eficientemente espalhada é o azul por ter comprimento de onda menor. E como o ar está repleto destas moléculas, a luz azul espalhada chegam aos nossos olhos. Assim vemos o céu azul.
Foto: Cristina Pereira - Bagé - RS
O espalhamento Mie
Mas o feixe de luz que vem do sol que está no horizonte, precisa atravessar uma espessura muito maior, e neste percurso, o espalhamento Rayleigh acaba removendo a luz com comprimento de onda mais curto, como o azul, restando as mais longas, de tom laranja e vermelho. Quando o feixe de luz passa pela camada de de ar próximo à superfície, encontra partículas em suspensão muito maiores que uma molécula de oxigênio. Estas partículas “grandes” passam a espalhar os tons de laranja e vermelho que preenchem o céu no horizonte quando o sol está se pondo.
O que explica os tons alaranjados e avermelhados do entardecer é a teoria conhecida como espalhamento Mie. Neste caso, a interação da luz com a atmosfera não tem preferência pelo comprimento de onda como o espalhamento Rayleigh, e não espalha para todos os lados, mas preferencialmente para a frente. A cor do ocaso que estamos acostumados é resultante destas duas fontes de luminosidade, numa mistura que produz um degradé do azul para o laranja/vermelho. Estas cores são mais fortes quanto mais aerossóis ou partículas em suspensão encontrar no caminho. A poluição, por colocar estes espalhadores na atmosfera, contribui para um entardecer mais vermelho ou laranja.
Foto: Everton Precaro - Brotas - SP