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    Quando o calorão vai terminar?

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    Foto de Marcio França, Pedro de Toledo (SP)

    6 min de leitura

    Oferecido por

    Por José Alexandre, meteorologista

     

    Não se fala de outra coisa quando o assunto é o tempo, ou, melhor dizendo, o calor.

    Mas que calor é esse? A apresentadora do tempo até tenta explicar:

    Um dos motivos de todo esse calorão é o aquecimento adiabático!"

    Que nada!” – reclama o internauta revoltado. – “É o aquecimento diabólico! Calor dos infernos!”

     

     

    O calorão que tem feito em várias cidades brasileiras é assunto para começo de qualquer conversa, seja com o vizinho no elevador, com um desconhecido na fila do supermercado ou com aquele primo que foi morar do outro lado do mundo.

     

    Mas afinal por que todo esse calor? Isso é normal? Este ano está mais quente? É o aquecimento global?

    Para responder a essas perguntas temos que consultar os dados meteorológicos, analisá-los e encontrar as respostas.

     

    Afinal, estamos no verão, estação mais quente do ano, caracterizada pela presença de uma grande massa de ar quente e úmida que cobre o país. É justamente por causa dessa massa de ar, combinado com outros elementos meteorológicos como baixas pressões, ventos fortes em vários níveis da atmosfera e o forte aquecimento diurno que geram as famosas nuvens cumulonimbus, ou simplesmente os Cbs, forma abreviada usada pelos meteorologistas.

     

    Mas cadê a chuva pra refrescar?  

    Em várias cidades, a chuva tem se feito presente, mas não na quantidade esperada, o que já é motivo de preocupação quando levamos em conta os níveis das represas e reservatórios que precisam de muita água para encher. Mas em alguns locais, os temporais têm causado estragos e até mortes provocadas por enchentes e raios. Nada é perfeito! Calor demais, chuva de menos!

     

    Mas choveu muito nas últimas semanas no Sul! Sim! Várias áreas da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai receberam mais 400 mm de chuva em 20 dias causando muitos transtornos e prejuízos aos moradores, principalmente com as cheias dos rios Uruguai e Ibirapuitã.

     

    ASAS mandando no tempo

    Do ponto de vista sinótico, ou seja, das condições do tempo no dia a dia, percebemos a presença quase permanente da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), próximo à costa do Sudeste, sistema responsável pelo bloqueio do avanço de frentes frias pelo interior do continente e pela diminuição das áreas de instabilidade.

    A nebulosidade e a chuva são importantes reguladores da temperatura do ar. As frente frias, acompanhadas de massas de ar frio, ajudam a baixar as temperaturas no centro-sul do Brasil e quando interagem com o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis no Nordeste (VCAN), sistema de circulação ciclônica que se forma em torno de 10 km de altitude, e a Alta da Bolívia (AB), grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anticiclônica), também observado em 10 km de altitude, favorecem a formação de extensas bandas de nuvens de chuva entre as regiões Norte e Sudeste nesta época do ano, a tão necessária a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Mas não é o que temos visto!

     

     

    Sistemas meteorológicos de verão

     

     

    El Niño

    Além  disso, neste verão temos o El Niño, fenômeno climático que afeta o Clima global, mas que ainda não se configurou totalmente, segundo os principais centros internacionais de monitoramento do clima do planeta, como a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), dos Estados Unidos. Mesmo assim, seus efeitos não têm passado despercebido, principalmente em relação ao forte calor na Região Sudeste!

     

    O mapa de anomalia (diferença em relação à média) da temperatura máxima até 23 de janeiro mostra que as máximas estão até 5 graus acima da média e abrangem uma área maior em relação aos anos anteriores. A maior ano diferença para mais (anomalia positiva) é justamente na Região Sudeste.

     

     

    Anomalia da temperatura máxima no Brasil em 23/1/2019

     

     

     

    Anomalia de temperatura máxima em janeiro de 2018 e janeiro de 2017

     

     

    A situação atual é muito semelhante ao que foi observado em janeiro de 2015

     

     

    Anomalia de temperatura máxima no Brasil em janeiro de 2016 e em janeiro de 2015

     

     

    Até quando vai esse calor?

     

    A resposta não é nada animadora. O calor vai continuar por alguns dias! Até “refresca” um pouco com as pancadas de chuva à tarde, mas depois as noites seguem abafadas.  Até o final de janeiro e ainda na primeira semana de fevereiro de 2019, não há previsão de mudanças significativas na circulação dos ventos sobre a América do Sul que traga mais nebulosidade e chuva para o centro-sul do Brasil, em particular para o Sudeste, que ajudem a normalizar a temperatura.

    Por ora, temos que ir nos ajustando o quanto possível às altas temperaturas e seguir as recomendações já bastante citadas para suportar o calor como reforçar a proteção solar e beber bastante líquido.  Para quem ainda curte as férias, nada melhor que sombra e água fresca ou água de coco.

     

     

    Foto de Marcio França, Pedro de Toledo (SP)

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