Workshop elabora proposta de estratégia global de biodiversidade

23/06/2020 às 10:53
por Redação

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Instituições se reuniram para contribuir com propostas do Brasil para as negociações da nova estratégia que será apresentada pelo Brasil na COP-15, em 2021

Representantes da sociedade civil, do meio acadêmico e do governo estiveram reunidos entre so dias 16 e 18 de junho, para o workshop virtual “Engajamento do Brasil nas negociações da COP 15 de Biodiversidade”, realizado em parceria entre o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).

 

O objetivo da série de debates, realizada online devido à pandemia, foi reunir contribuições que subsidiarão a plataforma de propostas do Brasil para as negociações da nova Estratégia Global de Biodiversidade Pós-2020, que será apresentada pela delegação brasileira durante a próxima Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP-15).

 

É esperado que o documento resultante do encontro esteja pronto ainda em agosto para que possa ser utilizado nas reuniões de negociação das Partes que acontecem antes da COP 15 da Biodiversidade, onde será apresentada a nova agenda global pós-2020. “Este encontro é o primeiro de uma série, e talvez esse seja o mais importante sobre biodiversidade. A pandemia não criou coisas novas, mas acelerou tendências. Foi por meio da pandemia que ganhou importância o debate sobre a biodiversidade e questões como interconexão e interdependência dos serviços financeiros”, afirmou a presidente do CEBDS, Marina Grossi, durante a abertura do encontro.

 

Prevista inicialmente para acontecer em outubro em Kunming, na China, a COP-15 foi adiada em virtude da pandemia da Covid-19. A exemplo da Conferência do Clima, o objetivo do encontro é estabelecer novas metas globais para a conservação da biodiversidade, em substituição às 20 Metas de Aichi, estabelecidas em 2010, durante a COP 10, no Japão.

 

A reunião de trabalho durou três dias e contou com a participação de representantes de mais de 10 universidades brasileiras, que trabalham com conservação, e empresas de diferentes setores, incluindo agricultura, óleo e gás, geração elétrica, mineração, florestas e cosméticos. O Itamaraty, responsável Brasileiro pela negociação da nova Estratégia que irá definir metas para 2030 e 2050, esteve presente nos três dias de encontro.

 

O presidente do Conselho Curador da FBDS, Israel Klabin, chamou a atenção para o papel de liderança do Brasil no debate internacional, em virtude da Amazônia e pela biodiversidade brasileira. “Espero que dessa vez os que nos representam aceitem a contribuição desse grupo. Esperamos que esse esforço em conjunto ajude em uma agenda para a COP 15, mas também em um tratamento sustentável para a Amazônia e todo o desenvolvimento sustentável brasileiro”, disse Klabin.

 

No encontro, o setor empresarial brasileiro defendeu a necessidade de olhar a conservação da biodiversidade como uma oportunidade de negócios. O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) aponta no relatório Nature Risk Rising: Why the Crisis Engulfing Nature Matters for Business and the Economy a dependência que não só as pessoas, mas especialmente os negócios e a indústria, têm da biodiversidade. A pesquisa mostra que mais da metade do PIB total do mundo (cerca de 44 trilhões de dólares em geração de valor econômico) é dependente da natureza e de seus serviços.

 

Entre as contribuições do setor privado, estão o papel do setor na busca de soluções para perda de biodiversidade e metas quantitativas para conservação, esforços mais robustos em pagamentos por serviços ambientais (PSA) e engajamento na criação de mecanismos e incentivos econômicos para não destruir mais florestas nativas.

 

“Uma das principais bandeiras do setor empresarial é o desmatamento ilegal líquido zero nos biomas brasileiros, principalmente na Amazônia. É velha a ideia que produzir e preservar são antagônicos. Vemos exemplos com visibilidade internacional de empresas brasileiras que geram valor agregado para a floresta em pé. Também é fundamental que façamos o olhar cruzado do tema com as mudanças climáticas que, até 2030, se tornará o principal fator de perda de biodiversidade”, defendeu Marina.

 

Sobre o CEBDS

 

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes.

 

Mais informações: https://cebds.org/.