Mais de 100 albatrozes são avistados no litoral de São Paulo

03/07/2020 às 10:22
por Redação

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Grupo de biólogos avistou um agrupamento de mais de cem albatrozes, comum no inverno, quando essas aves vêm se alimentar em águas brasileiras

Era 12 de junho, Dia dos Namorados, quando membros do Projeto Baleia À Vista zarparam em sua embarcação, Ballerina, para fazer monitoramento de cetáceos no litoral, nas imediações da cidade de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. O mar estava calmo, sem vento, o dia estava ensolarado, e a equipe, com boas expectativas do que encontrariam na expedição rotineira. Fato é que, além das baleias e outros cetáceos que monitoram na região, também puderam avistar mais de cem albatrozes em alto-mar.

 
O fotógrafo Júlio Cardoso e a bióloga e também fotógrafa Arlaine Francisco conhecem a região de São Sebastião (SP) e Ilhabela há mais de 20 anos, onde comumentemente navegam para fotografar e identificar baleias-jubarte e outros cetáceos. Porém, afirmam nunca terem visto um agrupamento tão grande de albatrozes em uma única viagem.
 
Na saída de barco, fizeram uma rota em direção ao sul de Ilhabela, onde fotografaram jubartes para identificação e ao longe, puderam ver uma parelha de arrasto operando a cerca de 10 milhas náuticas da Ponta do Boi.
 
Ao se aproximar, viram que os pescadores estavam descartando alguns peixes e vísceras, atraindo vários atobás e fragatas. Ao chegar mais perto, avistaram um primeiro Albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos). “Vimos ele aterrissar e começar a se alimentar. Ficamos eufóricos! Comecei a fotografar, mas nem sabíamos o que nos esperava”, conta. “Logo em seguida vimos outro, mais outro e muitos foram chegando”. Nesta primeira avistagem contaram cerca de 32 indivíduos.
 
Em seguida, rumaram para a direção leste e encontraram outra parelha arrastando, a cerca de seis milhas para fora da Ponta do Boi, onde encontraram outros narizes amarelo. Posicionados cada um em um lado da embarcação, com as câmeras em punho, Cardoso fotografou um grupo de 26 albatrozes e a Arlaine, um grupo de cerca de 39, chegando a mais de cem aves.
 
Era um dia quase sem vento e por isso eles estavam parados na água para poupar energia e aproveitando as sobras de peixes boiando pelo descarte dos barcos de arrasto, ou seja um almoço grátis e fácil para eles, mas disputado com atobás e fragatas”, conta. E conclui: “Foi uma festa para nossos olhos poder ver estas aves incríveis e maravilhosas livres, vivas e presentes tão perto de nossa costa!”.

 

 

Temporada de albatrozes

 

A presença de albatrozes-de-nariz amarelo na região, entretanto não é uma surpresa. Essa espécie está presente em águas do sul e sudeste do Brasil o ano inteiro, mas em maior abundância no inverno. Conforme o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dr. Dimas Gianuca, o albatroz-de-nariz-amarelo se reproduz nas ilhas de Tristão da Cunha e Gough, por conta disso, é observado no sudeste brasileiro com mais frequência do que outras espécies que nidificam em regiões subantárticas.  No inverno do ano passado também foram avistados cerca de 300 albatrozes-de-nariz-amarelo ao largo do Rio De Janeiro. As aves foram registradas durante um passeio de barco, e assim como nesta ocasião registrada por Júlio Cardoso, estavam agregadas se alimentando ao redor de barcos de pesca.
 
As águas do sul e do sudeste brasileiro representam uma importante área de alimentação para albatrozes oriundos de ilhas remotas da região subantártica (como as Malvinas/Falklands e Geórgia do Sul), ilhas localizadas no meio do Oceano Atlântico sul (Gough e Tristão da Cunha), e na Nova Zelândia. “O inverno é quando estas aves estão presentes em nossas águas em grande número e com maior variedade de espécies, e o registro destes albatrozes ao largo de Ilhabela, mostra que a 'temporada' dos albatrozes em águas brasileiras já começou”, reforça Gianuca. 
 
Fundadora e coordenadora do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, Tatiana Neves, reforça a importância de se utilizar medidas mitigadoras da captura como o toriline, a largada noturna de anzóis e o regime de peso para proteger albatrozes e petréis e assegurar que as próximas gerações tenham também o privilégio de presenciar espetáculos da natureza como esses.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa - Projeto Albatroz

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