Califórnia registra temperatura mais alta da Terra: 54,4°C

20/08/2020 às 16:24
por Redação

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Cientistas ligam calor extremo às mudanças climáticas; tornados de fogo são destaque na imprensa dos EUA.

Uma temperatura de 54,4°C (130°F) foi registrada na região do Vale da Morte, na Califórnia, às 15:41 no domingo, (16/8). O registro ainda está passando pelo processo de verificação formal e, se confirmado, estabelecerá um novo recorde para a temperatura mais alta já registrada em qualquer parte do planeta. 

 

Frequentemente, a temperatura mais quente é considerada a de 56,7°C (134°F), estabelecida em julho de 1913, também no Vale da Morte, mas uma análise detalhada em 2016 concluiu que aquela leitura "essencialmente não era possível do ponto de vista meteorológico" e provavelmente seria um erro. Com o desconto desse caso, e também de outra leitura considerada incorreta na Líbia, a marca observada nos EUA neste final de semana pode ser a mais alta já registrada com precisão.

 

Na visão de pesquisadores do Clima, um calor extremo como este é uma consequência previsível e bem estabelecida das mudanças climáticas globais causadas pelas atividades humanas. O fenômeno já impulsionou pelo menos 82% dos registros de calor, de acordo com um estudo de 2017 liderado pela Universidade de Stanford. Ainda segundo os cientistas, as temperaturas médias diárias mais altas nos dias atuais estão mais altas do que eram há um século atrás em quase todo o mundo. E os recordes de calor chegam a ter quase o dobro de ocorrências dos recordes de frio. Sem o aquecimento causado pelo homem, essa proporção seria uniforme.

 

Recordes de temperaturas altas devem se tornar corriqueiros nos próximos anos. É o que prevê o professor Michael Mann, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA. “Atravessamos mais um limiar preocupante, estabelecendo a temperatura aparentemente mais quente já registrada neste planeta desde que registros válidos foram mantidos, um ardente 130°F (54,4°C) no Vale da Morte”, afirma. “É claro que esse recorde também cairá em breve se continuarmos a poluir a atmosfera com dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis e de outras atividades humanas."

 

O professor Friederike Otto, diretor interino do Instituto de Mudanças Ambientais da Universidade de Oxford, avalia que o verão deste ano no hemisfério Norte tem ondas de calor semelhantes às de 2018 e 2019. "A maioria dessas ondas de calor teriam sido raras sem a mudança climática", diz. Ele afirma que em um clima estável, os recordes de calor e de frio são batidos na mesma freqüência, aproximadamente. “Quando temos uma tendência de aquecimento subjacente, esperamos ver recordes de calor sendo batidos com muito mais freqüência - exatamente o que está acontecendo agora.”

 

Segundo Otto, a evidência de que as ondas e recordes de calor estão acontecendo com mais frequência devido ao clima mais quente é irrefutável. “É muito importante destacar que um registro absoluto de calor faz uma grande manchete, mas não é por isso que precisamos nos preocupar com ondas de calor -- elas são assassinas, causam morte prematura”, alerta. Para o estudioso, os seres humanos não estão nem perto do nível de preparação necessário para viver em um planeta cada vez mais quente. 

 

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