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Mudança climática cria armadilha de calor na Índia

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É primavera na Índia e nesta mesma época, no ano passado, o país iniciava o pior conjunto de ondas de calor de sua história, que somadas duraram mais de 200 dias, com temperaturas médias na casa de 33°C.  O cenário deste  ano pode não ser muito diferente. Depois do fevereiro mais quente registrado,  o serviço meteorológico indiano alerta para a chegada de uma onda de calor perigosa nos próximos cinco dias.

 

 

 

Taj Mahal, o mais famoso monumento da Índia (Foto: Getty Images)

 

Armadilha de calor gerada pela mudança climática


O governo indiano determinou o acionamento de todas as usinas de eletricidade do país, que têm o carvão como principal fonte de energia. A queima de combustíveis fósseis, e ainda mais de carvão, é a principal causa do aquecimento global que está mudando o Clima da Terra. E as ondas de calor precoces, longas e severas são o sintoma mais perceptível desta “febre” planetária.  


A Índia ilustra a armadilha de calor gerada pela mudança climática: para evitar o colapso iminente do fornecimento de eletricidade devido ao calor extremo e um maior uso de refrigeração, o país vai aumentar as emissões de sua geração elétrica de forma emergencial. Com isso, certamente contribuirá para aumentar o aquecimento do planeta, fenômeno que está por trás do agravamento das ondas de calor


Esta situação é um exemplo do círculo vicioso que pode ocorrer em nível planetário.

 

Quanto mais tempo a transição para energia renovável demorar para acontecer em todas as geografias, mais países terão que recorrer ao uso de eletricidade poluente em caráter emergencial para enfrentar os impactos da mudança climática. 

 

Isso aconteceu com o Brasil em 2021. Diante da mais severa estiagem registrada no país, que afetou as hidrelétricas, e para mitigar o risco de apagão, o país contratou termelétricas que produzem energia cara e poluente. Mas as emissões liberadas por essas usinas ajudaram a tornar secas extremas como aquela mais prováveis no futuro. 

 

 

Energia renovável 

 

A única forma de romper este ciclo é uma transição completa para a geração elétrica renovável e implementada de forma a mitigar impactos sociais e ambientais. A boa notícia é que tanto a Índia como o Brasil estão entre os líderes globais no desenvolvimento energético renovável, segundo a Agência Internacional de Energia. Mas este crescimento ainda não ocorre na velocidade necessária para frear os piores impactos da mudança do clima, e nem todos os projetos têm responsabilidade com a natureza e as comunidades.  


A Índia é o país mais populoso do mundo, um grande produtor de alimentos e está em uma geografia extremamente sensível aos impactos da mudança do clima. O Paquistão, país vizinho, viveu um final de verão distópico em 2022, com cerca de 30% do território submerso depois de chuvas extremas agravadas pela crise climática. A possibilidade de ocorrência do fenômeno El Niño este ano com alta intensidade – o que ainda não está confirmado – eleva a preocupação em regiões especialmente vulneráveis, como o Sudeste Asiático.

 

“Para países quentes como a Índia, que tem uma grande parcela da sua população diretamente exposta ao calor – e uma estimativa recente afirma que três quartos dos indianos estão expostos ao calor perigoso – o agravamento de ondas de calor já se tornaram um problema extremo”, avalia Aditya Valiathan Pillai, pesquisador do Centre for Policy Research, em Deli, ao podcast The Indu

 

“Há um certo sentimento de pânico sobre isso, e a razão é que há um limite para o qual o corpo humano é capaz de suportar o calor”, explica Pillai. “Ao ultrapassar a temperatura de bulbo úmido, isto é, quando o corpo começa a suar para equilibrar nossa temperatura vital, isso leva a uma resposta fisiológica que pode, eventualmente, levar à morte. É bem possível que essas condições ocorram em grandes partes do país se as temperaturas globais continuarem subindo.”

 

 

 

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