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por Ana Clara Marques - Meteorologista
O El Niño é um fenômeno oceânico e atmosférico que ocorre no Oceano Pacífico e gera impactos nos padrões de chuva e temperatura em todas as regiões do Brasil. No Centro-Oeste, os efeitos variam de acordo com a estação do ano.
A elevação das temperaturas é o efeito mais característico do El Niño. O calor associado a esse fenômeno costuma ser intensificado, tendo vários meses consecutivos com temperaturas acima da média em toda Região Centro-Oeste. Além das temperaturas médias mais altas, os extremos de calor também aumentam com esse fenômeno.
A ocorrência de ondas de calor persistentes, como a que foi observada na segunda quinzena de setembro, com a temperatura ultrapassando os 40 ºC por vários dias seguidos em Cuiabá e em Goiás, é um efeito comum do El Niño. Esses picos de calor são observados principalmente durante o final do inverno e a primavera. A temperatura tão elevada aumenta o consumo de energia elétrica, demandando mais geração e podendo causar sobrecargas nas redes de transmissão de energia.
No inverno, quando não chove por várias semanas e a vegetação seca, as queimadas acontecem mais no Brasil Central. Em anos de El Niño, essas queimadas ganham um combustível a mais: o calor intenso. A alta temperatura e a baixa umidade do ar favorecem as queimadas na região.
Com o aumento nos focos de queimadas, o risco associado à impactos nas redes de distribuição e transmissão de energia aumenta. As queimadas atingem as linhas de energia, causando desligamentos e interrupções no fornecimento em grandes áreas.
A Região Centro-Oeste também é conhecida como a caixa d’água do Brasil. Isso porque a maior parte dos grandes rios que atravessam o Brasil nascem nos estados de Mato Grosso e Goiás. Durante os anos de El Niño, o padrão de chuvas da primavera e do verão é alterado.
Os dias nublados e chuvosos diminuem de frequência, enquanto os dias de sol forte e calor aumentam. A chuva passa a acontecer de forma irregular, vindo em forma de temporais isolados alternados com dias de tempo seco. A chuva, por ser irregular e não atingir todas as áreas, acaba tendo um impacto menor nas bacias dos rios. Isso dificulta a recuperação das vazões e o abastecimento dos principais reservatórios de água para geração de energia hidroelétrica.
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