Não estamos em onda de frio e muitas dúvidas têm surgido como: “por que as temperaturas continuam tão baixas?”, “por que ainda ocorre geada?”, “quando volta a esquentar?”
O inverno é a estação em que, normalmente, são registradas as temperaturas mais baixas do ano em grande parte do Brasil, com menos tempo de luz solar. Além disso, nessa época, costumamos observar alguns eventos denominados de “Ondas de Frio”, que se caracterizam pela incursão de massas polares fortes continentais, que provocam queda acentuada da temperatura por uma determinada área, com persistência de alguns dias consecutivos.
Em um evento de onda de frio, as temperaturas ficam bem abaixo do que já é o normal para a época. Nesses eventos, o centro das massas polares costumam avançar sobre o centro-sul do Brasil e seus ventos frios alcançam até mesmo o sul da Região Norte.
Além disso, o inverno também caracteriza-se por ser um período seco em grande parte do país e isto inibe a formação de nuvens. As noites estreladas também favorecem a perda radiativa que facilita o resfriamento noturno acentuado (efeito de subsidência).
Quais sistemas têm atuado nesta semana?
Esta semana iniciou com uma massa de ar polar sobre o oceano Atlântico Central, com seus ventos frios influenciando parte do Sudeste. Além disso, ao longo da terça-feira (08), tivemos o avanço de uma fraca frente fria no Sul do país, que hoje (quarta, 09), já alcançou a costa do Sudeste. Este sistema veio acompanhado de mais uma massa de ar polar que, entre a terça (08) e esta quarta-feira (09), se deslocou sobre o Sul do Brasil, com seu centro entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul (posição mais ao sul em relação às massas polares que causam as ondas de frio). Este sistema está agora avançando em direção ao oceano e ficará por alguns dias, sobre o mar, próximo da costa do Sul, com seus ventos influenciando também parte do Sudeste.
O que diferencia este frio de agora, para o frio da semana passada?
Tivemos a quarta onda de frio no país entre o final de junho e a primeira semana de julho. Até o dia 04, estávamos com influência direta de uma grande e forte massa de ar polar no continente, deixando as temperaturas MÍNIMAS e MÁXIMAS baixas no centro-sul brasileiro, além da alta presença de umidade por muitas localidades. Até o sábado passado (05), muitas cidades também estavam nubladas ou com pouco sol.
Nesta semana, apesar do frio das manhãs (resultado de perda radiativa em algumas áreas e de ventos frios associados às massas polares citadas acima), temos a presença do sol para aquecer um pouco mais a atmosfera durante as tardes (mesmo que com máximas ainda bem amenas em algumas cidades).
Os efeitos então, da perda radiativa noturna (especialmente sobre o Centro-Oeste, Minas Gerais, interior de São Paulo, interior do Rio de Janeiro) e também das massas polares citadas anteriormente, com impactos no Sul e com ventos frios marítimos pela costa do Sudeste, fizeram com que temperaturas mínimas se mantivessem baixas. Muitas cidades ainda registraram nesta semana temperatura mínima abaixo de 10 °C e, até mesmo, tiveram registros de temperaturas próximas ou abaixo de zero em localidades serranas do Sul do Brasil, da Serra da Mantiqueira e da Serra Fluminense.
Ou seja, tivemos um pico de frio intenso, muito abrangente com a onda de frio do começo do mês e a manutenção de temperaturas relativamente baixas nesta semana, com especial destaque para as mínimas, pelos efeitos citados acima.
Vale lembrar também que este inverno de 2025 começou bem diferente dos últimos invernos no Brasil – até o ano passado, tivemos temperaturas extremamente altas e atípicas em várias regiões – neste ano, já foi possível voltar a sentir os efeitos clássicos da estação, sem influência de El Niño e La Niña.