A previsão do tempo consiste em analisar e prever tendências para os próximos dias, tanto em questões de chuva, temperatura e vento, quanto em outras grandezas que são analisadas como umidade do ar, tamanho de ondas, etc. Mas, para a previsão chegar ao consumidor final e aos aplicativos, há uma série de passos que elaboramos diariamente.
O meteorologista previsor tem como principal base os chamados “modelos de previsão numérica do tempo”, que são programas computacionais que simulam a física da atmosfera e suas interações com diversos tipos de superfície por meio de cálculos um pouco mais complexos. Estes modelos são mantidos e rodados por grandes centros de meteorologia, que dispõem de recursos para realização destes cálculos ao nível global em um tempo relativamente curto.
Inicialmente, os modelos são alimentados com observações de estações meteorológicas, dados de satélite e radar além de outras fontes, depois deste processo é feito um controle de qualidade e uma assimilação, para que os cálculos iniciem.
Há uma gama de modelos disponíveis – alguns deles e os principais: GFS, ECMWF, ICON, e grande parte deles não gera apenas uma simulação, mas sim várias, com pequenas diferenças nas condições iniciais de modo que, caso haja possibilidade de algum cenário adverso, este apareça como algo possível. Assim, além da simulação principal, chamada de determinística, há um conjunto de outras simulações chamadas de membros, que vão respaldar ou não o cenário principal.
Hoje, o principal papel do meteorologista previsor é garantir que apesar das divergências de modelos a previsão tenha um discurso único com base em análises, e isto em diversos setores, aqui na Climatempo, estabelecendo um foco maior para a previsão com energia, infraestrutura, agro e governo com expertise do profissional em garantir que haja um meio-termo entre todos para traçarmos a previsão de curto, médio e longo prazo.
Exemplo: em uma situação onde há baixa confiabilidade na previsão para daqui a 7-8 dias é utilizado este conjunto para nos dar uma direção mais precisa, e assim nós diminuímos os erros embutidos nos modelos por meio de uma análise mais aprofundada. Como os modelos não simulam 100% da superfície terrestre, há aproximações e, consequentemente, alguns erros que vão se propagando dia após dia.
Como nós acessamos estes modelos?
Nós acessamos produtos gerados através dos dados destes modelos, que podem ser mapas, gráficos, tabelas, entre outras formas de visualização, que é o chamado ‘pós-processamento’. A partir daí, o profissional consegue fazer uma análise mais segura, com maior confiabilidade, para que as informações possam chegar ao destino da melhor forma.
E quanto ao acerto destas previsões?
Em geral, a previsão consegue antecipar bem os cenários até 7 dias a frente, mas esta precisão depende muito da região e da época do ano. Em alguns casos, com uma atmosfera mais ‘bagunçada’, pode haver grande divergência entre os cenários somente 5 dias a frente, e em outras a previsão para daqui a 15 dias pode ser muito precisa. Os modelos de previsão são, geralmente, atualizados 2 a 4 vezes ao dia, então também faz parte do trabalho do meteorologista previsor o acompanhamento e a comparação entre diferentes cenários para garantir uma previsão um pouco mais precisa.
E não para por aí! Um dos nossos papéis é entender que mesmo com toda a tecnologia disponível, a previsão do tempo não pode ser encarada como uma garantia exata, e sim como uma estimativa altamente confiável baseada em dados e ciência.
E isso acontece porque a atmosfera é um sistema naturalmente instável e em constante mudança, ou seja, pequenas variações nas condições atuais podem levar a diferentes desdobramentos no futuro.
Por isso, a previsão do tempo deve ser entendida como uma tendência com alto grau de confiança, principalmente para os primeiros dias. A atuação do meteorologista se dá justamente para interpretar os diferentes cenários gerados pelos modelos e indicar com clareza quais são os comportamentos mais prováveis da atmosfera.