A maior expectativa da primavera é pela volta da chuva regular. É esse tipo de precipitação que vai permitir a renovação de umidade no solo e o início do plantio das novas safras. Por causa do retorno da chuva, a primavera talvez seja a estação do ano mais importante para o Brasil.
Grandes mudanças na circulação de ventos sobre o Brasil vão acontecer durante a segunda quinzena de outubro de 2025, permitindo a organização e manutenção de mais áreas de chuva sobre o país. As últimas fronteiras da estiagem do inverno, que são áreas do norte de Minas Gerais e de Goiás, Distrito Federal, Tocantins, do centro-sul do Maranhão e do Piauí e do oeste da Bahia, também devem sentir o aumento das precipitações na segunda quinzena de outubro.
Esta semana, o avanço de uma frente fria pela costa do Sudeste vai ajudar a estimular mais chuva pelo Centro-Oeste do país. A expectativa é de que, no decorrer da segunda quinzena de outubro, a circulação de ventos em níveis elevados da atmosfera também se modifique permitindo a formação e manutenção das áreas de instabilidade.
Os grandes sistemas de alta pressão, que dificultam a formação de nuvens, enfraquecem cada vez mais pelo interior do Brasil dando espaço para a formação de baixas pressões atmosféricas, que facilitam o crescimento das nuvens.
Influência do La Niña
O resfriamento que já se observa no oceano Pacífico Equatorial, na costa do Peru, permitiu a formação do fenômeno La Niña, que deve influenciar o clima no Brasil no decorrer desta primavera. Um dos efeitos deste resfriamento é o de facilitar a organização de corredores de umidade do Norte para o Centro-Oeste e Sudeste do país, estimulando a formação e manutenção de grandes áreas de chuva. Esse efeito já deve começar a ser observado até o fim da segunda quinzena de outubro de 2025.
Chuva irregular
Em muitas áreas das regiões Sudeste e do Centro-Oeste do país, as pancadas de chuva da primavera voltaram a acontecer em setembro. Outubro trouxe de volta a chuva para o Tocantins e para áreas no sul e leste do Pará. Algumas pancadas de chuva começaram a ocorrer até mesmo no extremo sul do Maranhão, no sul do Piauí e no oeste da Bahia. O problema é que, até agora, a chuva ocorre de forma muito irregular. Por enquanto, é uma chuva que cai em pequenas áreas e não é frequente. Em geral, os volumes acumulados são insuficientes para garantir o armazenamento da água no solo.
O mapa abaixo mostra a disponibilidade de água no solo entre os dias 7 e 11 de outubro de 2025, conforme análise do site agritempo.gov.br. As grandes manchas brancas e em tons de vermelho, que predominam sobre o país, indicam que o armazenamento de água no solo não passa de 20 mm. Nas áreas brancas, a disponibilidade é quase nula. Esse é o reflexo da falta de chuva prolongada, que é comum em grande parte do Brasil durante o inverno. É a chuva da primavera que vai começar a aumentar a disponibilidade de água no solo.

Disponibilidade de água no solo no Brasil entre 7 e 11 de outubro de 2025 (Fonte: Agritempo)
Este outro mapa representa a estiagem agrícola no Brasil até o dia 11 de outubro de 2025. A estiagem agrícola é o número de dias que uma região está sem receber pelo menos 10 mm de chuva. As manchas brancas, em tons de amarelo, alaranjado e vermelho indicam as regiões que estão há pelo menos 30 dias sem receber um volume de chuva igual ou superior a 10 mm.
No Sul, em grande parte do Norte do Brasil, no norte e oeste de Mato Grosso e no sul de Mato Grosso do Sul, a chuva tem sido frequente há várias semanas, não havendo problemas de armazenamento de água no solo.

Estiagem agrícola no Brasil até o dia 11/10/2025 (Fonte: Agritempo)