Uma das reclamações comuns que as pessoas fazem para os meteorologistas está relacionada com as bruscas variações de temperatura que ocorrem de um dia para o outro, de uma semana para outra. “Esquentou demais de ontem para hoje”, “Como pode esfriar tanto, se na semana passada estava tão quente?, “De manhã estava frio e agora já está calor!”
As frentes frias, que trazem as massas de ar frio de origem polar, são os principais sistemas meteorológicos responsáveis pelas bruscas quedas de temperatura no centro-sul do Brasil.
Frentes frias são previsíveis e podem ocorrer em qualquer época do ano, até mesmo no verão, mas ficam mais fortes no outono e no inverno. As “viradas” do tempo causadas pelas frentes frias afetam a nossa saúde.
Sensores de temperatura corporal
As grandes alterações de temperatura podem causar desconfortos físicos e mentais em muitas pessoas. A temperatura média do corpo humano é de 36,5°C. Se ela superar os 42°C ou ficar abaixo dos 30°C, nossos órgãos vitais começam a não funcionar corretamente e isto pode até causar a morte.
A percepção de frio e de calor é muito particular e varia de uma pessoa para outra. Algumas pessoas gostam mais do frio e outras se sentem melhor no calor. Mas isto tem explicação! A ciência já mostrou que nosso corpo tem sensores de temperatura. A quantidade e a localização desses sensores varia de um indivíduo para outro. Por isso, algumas pessoas sentem mais frio no pescoço, outras nas costas ou nos pés.
Com a temperatura afeta a saúde humana
Confira alguns efeitos do calor e do frio intensos e das bruscas mudanças de temperatura no corpo humano.
Impactos do frio
Quando a temperatura cai, quando faz frio, nosso corpo “trabalha devagar”. O corpo humano fica mais lento para responder a estímulos nas baixas temperaturas, ocorre uma desaceleração dos batimentos cardíacos e até dificuldade de respiração. Nos dias frios, nosso corpo precisa gastar mais energia para manter a temperatura confortável, mas isso reduz a capacidade de defesa do organismo.
Aumento da pressão arterial
Os cardiologistas alertam que, no frio, a pressão arterial aumenta e há uma maior tendência à coagulação do sangue. Esses fatores aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
Mucosas ressecadas
Em dias frios, as mucosas das narinas tendem a ficar ressecadas, o que facilita a entrada de vírus e sujeira, deixando o corpo mais sujeito a doenças. O ressecamento acontece porque os elementos que fazem o trabalho de limpeza interna das narinas (os pelinhos dentro das narinas) se movem mais devagar por causa do frio e, portanto, trabalham com menos eficiência.
Queimadura e amnésia
Em caso de frio extremo, com temperaturas muitos graus abaixo de zero, pode ocorrer queimadura da pele, amnésia e até perda de consciência.
Tristezas do frio
Em lugares onde as temperaturas são excessivamente baixas durante o outono e no inverno, as pessoas podem desenvolver uma espécie de depressão por causa do frio, que é conhecida como transtorno afetivo sazonal.
A falta de calor e de luz solar podem alterar substâncias que regulam o humor e o sono. Também causam modificações no ciclo biológico do nosso corpo, que normalmente está programado para 24 horas.
O transtorno afetivo sazonal afeta mais as mulheres do que os homens. No frio, esse distúrbio gera maior sensibilidade dos olhos diante da luz, um aumento do apetite, especialmente por carboidratos, alterações no nível de melatonina e de serotonina ( reguladores do humor e do sono), além de sonolência e perda do apetite sexual.
O transtorno afetivo sazonal é um problema frequente no Hemisfério Norte, nos países de clima muito frio em pelo menos metade do ano.
Impactos do calor
Algumas pessoas suportam mais o calor do que o frio, mas as temperaturas extremamente altas também causam alterações no corpo humano.
Os dias de calor intenso podem provocar dores de cabeça, tonturas, aumento do cansaço e até desmaios. Aquela sensação de moleza também pode ocorrer em dias muito quentes.
As mudanças climáticas pelas quais nosso planeta está passando também afetam nossa saúde. O aumento das ondas de calor está sendo observado em todo o planeta e é um dos mais antigos e recorrentes avisos dos climatologistas que analisam as mudanças climáticas.
Perda de sais minerais
Em uma situação normal, o corpo humano elimina cerca de 2,5 litros de água por dia através da urina e do suor. Mas em dias de muito calor, a perda de líquido é maior. O calor aumenta a produção de suor e com isso perdemos sais minerais. Aumentar a hidratação em dias muito quentes é fundamental para repor os sais minerais.
Em dias de calor intenso é importante procurar ficar em locais frescos, bem ventilados e à sombra. Diminua o ritmo dos exercícios físicos ou treine nas horas mais frescas, como o amanhecer ou à noite. Também é importante redobrar a atenção com a alimentação. Em dias de muito calor os alimentos se deterioram mais facilmente.
Queda da pressão arterial
Em dias muito quentes, a pressão arterial tende a baixar. Assim, quem já tem problemas com pressão baixa (hipotensão) pode sentir mais moleza e fraqueza.
Bruscas oscilações de temperatura
Alterações repentinas de temperatura podem provocar problemas cardíacos. Quando a variação é do frio para o quente, o sangue fica mais espesso, as artérias são contraídas e a pressão arterial tende a baixar. Essas mudanças fazem com que o nosso corpo tenha um esforço maior para bombear o sangue pelo corpo.
Já na situação contrária, quando ocorre uma brusca mudança do quente para o frio, a pressão arterial tende a aumentar e isso pode gerar uma crise de hipertensão. É por isso que pessoas com problemas cardíacos são mais suscetíveis a mudanças de temperatura.
Ar seco e poluição
Além das grandes oscilações de temperatura comuns no outono e no inverno no centro-sul do Brasil, a queda dos níveis de umidade no ar e o aumento da concentração de poluentes, devido à falta prolongada de chuva, também agravam doenças respiratórias crônicas.
Grande amplitude térmica
O outono e o inverno no centro-sul do Brasil são marcados por dias com grande amplitude térmica, que é a diferença entre a temperatura máxima e a mínima de um dia.
Quando a amplitude térmica é grande, temos um dia que amanhece frio, mas com tarde quente. Essa grande variação de temperatura, em um mesmo dia, pode desencadear reações alérgicas. Pessoas que já sofrem com rinite, bronquite ou asma podem ter crises e o aumento dos sintomas quando expostas a esse tipo de variação muito brusca da temperatura. Crianças e idosos são os que têm maior probabilidade de apresentar algum tipo de reação por causa da grande variabilidade da temperatura.
Por que a acontecem as bruscas mudanças de temperatura?
Súbitas quedas de temperatura podem acontecer por causa de uma chuva intensa num dia quente, fazendo a temperatura cair 5°C a 10°C em poucas horas. A entrada de ventos frios repentinos, muito comuns em regiões que sentem efeitos da brisa marítima, é outra situação que causa a rápida queda da temperatura. A mudança de uma massa de ar quente para uma massa de ar frio, de origem polar, ou simplesmente porque podemos passar de um dia com muito sol para um dia nublado também vai fazer com que a temperatura seja muito diferente de um dia para o outro. E isto sem falar na mudança do padrão natural de temperatura que ocorre no decorrer do ano, à medida que passamos de uma estação para outra.
As variações diárias e sazonais de temperatura não são iguais em todas as áreas do Brasil. Nos estados do Norte e do Nordeste, que estão localizados nas áreas mais tropicais do país, próximas da linha do Equador, essas variações bruscas de temperatura de uma hora para outra, de um dia para o outro, não acontecem com frequência porque esta parte do Brasil não sente a influência das frentes frias e do ar polar, como acontece nos estados do Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste do país. O outono e inverno são as estações com maior probabilidade de episódios de bruscas quedas de temperatura no centro-sul do Brasil.
No centro-norte do Brasil, a temperatura também varia ao longo do dia, mas a amplitude térmica não é tão grande como acontece em muitos dias de outono/ inverno no centro-sul do país. Além disso, na maioria das áreas do Norte e do Nordeste, o padrão de temperatura não varia muito de uma estação do ano para outra, justamente por não ter a influência das frentes frias que são comuns no centro-sul do país.