Agosto é, historicamente, o mês mais seco do ano em São Paulo — e 2025 segue à risca esse padrão. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura, até a última semana do mês choveu apenas 8% da média histórica. Essa escassez de precipitação afeta diretamente os mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, agravando a pressão sobre os sistemas hídricos.
Comparativo histórico: pior nível em uma década
A situação atual dos reservatórios é a pior dos últimos anos para o mês de agosto e se aproxima dos índices registrados durante o auge da crise hídrica de 2014–2015.
Em 2014, o volume médio dos reservatórios estava em 12,7%, e em 2015, caiu para apenas 9,6%. Nos anos seguintes, os níveis se recuperaram, alcançando 51% em 2016, 61,5% em 2017 e até 70,3% em 2019, o maior índice da década. Já em 2020, o volume caiu para 57,3%, e em 2021, para 43,8%. Agora, em 2025, os dados mais recentes da Sabesp, de 27 de agosto, indicam um volume médio de apenas 38%, o menor desde 2015.
Níveis dos sistemas em queda
O cenário atual, com chuvas muito abaixo da média, já provocou queda em praticamente todos os sistemas de abastecimento:
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Cantareira: 35,5%
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Alto Tietê: 30,1%
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Rio Claro: 22,3%
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Guarapiranga, Cotia, São Lourenço e Rio Grande: todos com volumes acima de 50%, mas em queda diária.
A situação do Cantareira preocupa especialmente por sua importância no abastecimento da capital e de parte da região metropolitana. Em agosto, o sistema registrou apenas 5,1 mm de chuva, muito distante da média histórica de 34,2 mm.
Sabesp reduz pressão para evitar racionamento
Diante desse cenário crítico e da previsão de que as chuvas mais significativas só retornem no fim de setembro, a Sabesp adotou a medida de reduzir a pressão da água em diversos bairros da Grande São Paulo. A ação tem como objetivo:
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Minimizar perdas por vazamento;
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Equilibrar o abastecimento entre regiões mais e menos vulneráveis da rede;
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Evitar a necessidade de cortes ou rodízio no fornecimento.
Segundo a companhia, a medida é preventiva e deve permanecer enquanto os níveis dos reservatórios continuarem em queda.
Perspectivas: primavera pode trazer alívio
Modelos meteorológicos indicam que a primavera trará o retorno das chuvas mais volumosas, mas isso só deve ocorrer a partir da segunda quinzena de setembro ou início de outubro. Até lá, é essencial que a população colabore com o uso consciente da água, evitando desperdícios e contribuindo para a manutenção dos níveis de abastecimento.