A concentração global de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera atingiu novo recorde nos primeiros meses de 2025, segundo dados divulgados pela NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA). A média mensal global já ultrapassa 426 partes por milhão (ppm), um marco que reforça a tendência de crescimento contínuo das emissões de gases de efeito estufa e seus impactos no clima global.
Subida sazonal, mas tendência contínua
O primeiro gráfico mostra as médias mensais globais desde 2021. A linha vermelha representa os dados mensais brutos, que oscilam devido à sazonalidade natural — como o maior sequestro de CO₂ pelas florestas no verão do Hemisfério Norte. Já a linha preta mostra a média suavizada com a correção para o ciclo sazonal. O avanço é claro: mesmo descontando os efeitos naturais, o CO₂ segue em crescimento constante.

Figura 1- A linha vermelha mostra a média mensal global de CO₂ com variações sazonais. A linha preta representa a média suavizada, corrigida para o ciclo sazonal. Observa-se uma tendência contínua de alta, com valores ultrapassando 426 ppm no início de 2025. Fonte: NOAA
Nos últimos quatro anos, o planeta saiu de pouco mais de 414 ppm em 2021 para ultrapassar 426 ppm no início de 2025. Esse aumento é um reflexo direto da queima contínua de combustíveis fósseis e do desmatamento, que reduzem a capacidade dos ecossistemas de absorver carbono.
Tendência de longo prazo reforça urgência
O segundo gráfico complementa a análise ao mostrar a evolução desde 1980. Em 45 anos, a concentração global de CO₂ aumentou mais de 80 ppm — um ritmo sem precedentes em milhares de anos. Na década de 1980, os níveis estavam em torno de 340 ppm, e hoje já passam de 420 ppm.

Figura 2 – A linha preta representa a média suavizada da concentração global de CO₂, enquanto os pontos vermelhos indicam os dados mensais com variação sazonal. O gráfico evidencia o crescimento constante ao longo de quatro décadas, refletindo o impacto das emissões humanas. Fonte: NOAA
Essa trajetória de longo prazo reforça a ligação direta entre atividades humanas e o aquecimento global observado, como apontam sucessivos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Como esses dados são medidos?
Os valores apresentados são resultado de um sistema robusto de monitoramento atmosférico global operado pela NOAA. A rede coleta amostras em locais remotos e oceânicos, representando o ar da camada limite marinha (MBL) — menos influenciada por fontes urbanas e locais, e ideal para capturar o sinal global com baixo ruído estatístico.
A média global é obtida a partir de curvas suavizadas ajustadas a cada local de medição, ponderadas por latitude e representatividade, garantindo alta consistência e estabilidade ao longo dos anos.
O que significa ppm?
As concentrações de CO₂ são expressas em partes por milhão (ppm) — ou seja, quantos átomos de dióxido de carbono existem a cada milhão de moléculas de ar seco. Por exemplo, 400 ppm significa que 0,04% do ar atmosférico é composto por CO₂. Pode parecer pouco, mas essa fração é suficiente para alterar o equilíbrio radiativo do planeta e aquecer a atmosfera.
Impacto e próximos passos
O aumento contínuo da concentração de CO₂ é o principal motor do aquecimento global. Como esse gás tem vida longa na atmosfera (permanecendo por séculos), suas emissões hoje impactarão o clima por gerações. A NOAA alerta que, embora existam oscilações regionais, o aumento é homogêneo: as emissões de qualquer lugar do mundo afetam todo o planeta em questão de meses.
Para frear esse avanço, será necessário reduzir drasticamente as emissões líquidas de carbono por meio de uma transição energética acelerada, preservação de florestas e ampliação de sumidouros naturais e tecnológicos de CO₂.