Texto por, Livia Caetano e Vitor Takao – meteorologistas da Climatempo
Nas áreas mais ao norte da Região, entre Roraima, norte do Amazonas, Pará e Amapá, são registrados grandes volumes de chuva, influenciados pela posição da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) ao norte da linha do Equador e pela elevada umidade atmosférica presente.
Essas mesmas condições também impactam o norte da América do Sul, incluindo a Colômbia, onde a atuação da ZCIT e a circulação de umidade oriunda da Amazônia contribuem para chuvas frequentes e, em alguns casos, intensas, especialmente nas áreas do norte e noroeste colombiano.
Em contraste, em Rondônia, Acre, Tocantins e no sul do Pará e do Amazonas, observa-se uma redução significativa nos volumes de chuva durante o inverno, com tempo mais firme e umidade relativa do ar mais baixa.
Chuva em julho: comportamento variado entre Brasil e Colômbia
Em julho deste ano, as chuvas na Região Norte do Brasil apresentaram variações em relação à média climatológica. No Acre, houve um aumento de chuva no início do mês. Em Rondônia e no sul do Amazonas, os acumulados ficaram abaixo do esperado, enquanto nas demais áreas do estado amazonense, os índices pluviométricos se mantiveram próximos à média, com pequenas oscilações entre altas e baixas.
No sul e centro-oeste do Pará, as chuvas diminuíram significativamente, enquanto no norte do estado foi registrado um aumento dos volumes neste mês. No Tocantins, ainda que normalmente seja um período mais seco, algumas regiões centrais e de borda registraram episódios isolados de chuva. O Amapá teve chuvas acima da média, enquanto Roraima apresentou comportamento dentro do padrão esperado.
Na Colômbia, o mês de julho também foi marcado por episódios expressivos de chuva, especialmente na Região do Pacífico Colombiano (O Departamentos de Chocó, Valle Del Cauca sofrem com essas condições ao longo de todo o ano), mas o que chamou atenção foram os acumulados elevados e impactos pontuais como alagamentos, deslizamentos e elevação de rios. A influência da ZCIT, aliada à topografia e à circulação úmida do Pacífico, contribuiu para este cenário.
Tendência para os próximos dias
As instabilidades devem persistir nos próximos dias na Região Norte do Brasil, com destaque para o Amapá, Roraima, Acre, nordeste do Pará e áreas do Amazonas. As temperaturas permanecem elevadas em boa parte da região, e a umidade relativa do ar segue próxima dos 30% no Tocantins, sul do Pará e sudeste do Amazonas.
No sábado, há tendência de redução das chuvas em grande parte da Região Norte, embora pancadas isoladas ainda possam ocorrer no Amazonas e no Acre. Nas demais áreas, o tempo segue firme e seco, com umidade baixa, especialmente no centro do país.
No domingo, as instabilidades voltam a ganhar força em partes do Amazonas, Acre e Rondônia, enquanto Tocantins, sul do Pará e Rondônia permanecem com baixos índices de umidade do ar.
Na Colômbia, a previsão também indica continuidade das instabilidades, especialmente na Região Costeira do Pacífico e na Região Amazônica, com possibilidade de novos episódios de chuva intensa e atenção aos riscos hidrológicos e geotécnicos, sobretudo porque o solo está encharcado após muitos dias de chuva.
Atenção aos impactos hidrológicos!
Com a variação no nível dos rios, especialmente nas áreas próximas às bacias hidrográficas da Região Norte do Brasil, é fundamental manter a atenção às previsões meteorológicas e aos boletins emitidos por órgãos oficiais, visando prevenir impactos e garantir a segurança da população. Na Colômbia, regiões vulneráveis a deslizamentos e inundações devem ser monitoradas com atenção redobrada, sobretudo onde os volumes acumulados de chuva já ultrapassam a média para o período.