Conforme alertado pela Climatempo, o descolamento de uma forte frente fria sobre o Brasil no dia 22 de setembro de 2025 causou chuvas intensas e ventania destrutiva em vários estados. São Paulo foi um dos mais afetados, com ventos extremos registrados em diversas regiões. Uma das áreas mais impactadas foi a de Porto Feliz, onde a ventania severa causou danos estruturais de grandes proporções.
A Defesa Civil de São Paulo comunicou de forma responsável e imediata a ocorrência como microexplosão em Porto Feliz, com base nas informações disponíveis no momento do evento. Essa ação rápida foi fundamental para orientar a população diante de uma situação de risco.
Agora, em conjunto com meteorologistas da Climatempo e de outras instituições, seguimos aprofundando a análise, dada a complexidade tanto do fenômeno quanto da região.
Fenômenos severos como tornados e microexplosões apresentam características muito semelhantes. A classificação definitiva depende de múltiplas variáveis — padrão de danos, imagens de radar, dados de satélite e registros em campo. Por isso, é natural que estudos adicionais sejam conduzidos, podendo gerar alterações relevantes em relação às conclusões iniciais.
Esse processo de reavaliação representa o rigor científico necessário para compreender fenômenos complexos. Trata-se de um trabalho conjunto e transparente entre instituições públicas e privadas, com o objetivo maior de proteger vidas e reduzir impactos socioeconômicos.
“A Climatempo e a Defesa Civil de SP já atuam com metodologias sólidas de monitoramento e alerta, como reforçou o meteorologista Bruno Zanetti Ribeiro: ‘Foram enviados alertas amplos à população e o evento foi verificado com danos generalizados. Se foi tornado ou microexplosão, é uma questão mais técnica diante do impacto — o que importa é que o alerta chegou e protegeu vidas.’ Esse é o verdadeiro objetivo do nosso trabalho conjunto: antecipar riscos e reduzir impactos à sociedade.”
A primavera traz o aumento dos eventos severos para muitas áreas do Brasil. A equipe de profissionais da Climatempo segue seu trabalho de monitoramento diário, detectando situações de risco para a população e para seus clientes, e emitindo alertas específicos com comunicação adequada, sempre com o objetivo de proteger vidas e negócios.
O que aconteceu em Porto Feliz?
A forte frente fria que passou pelo estado de São Paulo durante a segunda-feira, 22 de setembro de 2025, causou chuva intensa e ventania em muitas áreas do interior, no litoral e também na Grande São Paulo. Rajadas de vento entre 80 km/h e 100 km/h foram observadas em diversos locais, inclusive na grande São Paulo, comprovando a severidade dos impactos desta frente fria.
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Ventania
O que mais chamou atenção foi a ventania que causou de destelhamentos, levantamento de poeira no interior paulista, a queda de muitas árvores em áreas urbanas e rurais, com interrupção do fornecimento de energia.
A condição meteorológica especial de intenso contraste térmico e a formação de linhas de instabilidade de cumulonimbus, que atravessaram o estado de São Paulo, explicam as rajadas de vento excepcionalmente intensas que foram observados em vários locais.
100,8 km/h São Paulo (bairro da Lapa)
99 km/h Bragança Paulista
98 km/h São Paulo (aeroporto Campo de Marte)
95 km/h Piracicaba (SP)
92 km/h São Paulo (Santana – estação do CGE)
90 km/h Avaré
Um dos eventos severos mais impressionantes na passagem desta frente fria foi a destruição ocorrida na região de Porto Feliz. A ventania causou destruição severa na fábrica da montadora Toyota. Esse episódio, em particular, exigiu uma análise meteorológica técnica mais profunda, para determinar o tipo de fenômeno meteorológico que causou a destruição.
Após a análise de diversos elementos meteorológicos, incluindo imagens específicas das áreas de chuva detectadas por radares meteorológicos, a Defesa Civil do Estado de São Paulo concluiu que a destruição na região de Porto Feliz foi provocada por uma microexplosão atmosférica e não por um tornado. O relatório sobre este episódio, ao qual a Climatempo teve acesso, explica que nas imagens dos produzidas pelos radares e satélites meteorológicos, não foi encontrado o padrão típico de ocorrência de tornado, conhecido em meteorologia como “eco de gancho” (hook echo). Assim, chegou-se a conclusão que a região de Porto Feliz sofreu uma microexplosão. As rajadas de vento foram estimadas em 99,1 km/h.

A mancha colorida como uma linha, dentro do retângulo branco, indica as áreas de chuva forte da linha de instabilidade que passou sobre o estado de SP em 22/9/25 (Fonte: Ipmet/Unesp)
Diferença entre tornado e microexplosão
Tornado em microexplosão são intensas correntes de ar produzidas por algumas nuvens cumulonimbus especiais. O tornado é caracterizado por uma corrente de ar ascedente e giratória, com rotação no sentido horário, formando tipicamente um uma espécie de funil entre a base da nuvem e o solo. Essa corrente de ar se desloca causando danos em uma trajetória aproximadamente linear.
Uma microexplosão é uma intensa corrente de ar que sai da base de uma nuvem cumulonimbus (ar descendente), que se dispersa em diversas direções ao atingir o solo. Embora ocorra em uma área concentrada, o impacto de uma microexplosão pode ser tão destrutivo quanto a de alguns tornados.