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As emoções meteorológicas olímpicas

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Desde o início das Olimpíadas Rio 2016, no dia 5 agosto, as condições do tempo já tiveram grandes reviravoltas e causaram transtornos para o público e para os atletas, em particular para aqueles que participam de modalidades ao ar livre, e também para os meteorologistas. Para os padrões de agosto, o tempo no Rio De Janeiro tem estado movimentado até demais.

 

Primeira semana

Logo nos dois primeiros dias dos jogos olímpicos, 6 e 7 de agosto, a passagem de uma frente fria causou ventania primeiro de noroeste, antes da entrada do ar polar, e depois de sudoeste e sul, indicando a presença do ar frio. Os ventos fortes obrigaram o cancelamento das provas de remo.

Veja o comentário da dupla de vôlei de praia Alison e Bruno, publicado no jornal Folha de São Paulo, em reportagem de Plinio Fraga, sobre a influência do vento no jogo de 6 de agosto:

"O vento estava rodando. De uma hora para outra, o lado bom ficava ruim, e o lado ruim ficava bom", disse Alisson. "A bola acaba baixando um pouco. Tomei dois bloqueios por isso."

"O vento estava louco. Na quadra de aquecimento não tinha vento algum. Na quadra principal, o vento rodava. Antes do saque, jogava um pouco de areia para o alto para sentir as mudanças de direção", afirmou Bruno.

O formato da arena, com arquibancadas muito altas, mantinha o vento em quadra, ganhando múltiplas direções, avaliou o jogador."

A arena do vôlei de praia, montada na praia de Copacabana, é um dos locais das Olimpíadas que mais sofrem com as reviravoltas do vento. Em entrevista após um jogo, as jogadoras brasileiras Larissa e Talita comentaram: "tivemos que forçar o saque para compensar o vento."

 

 

 

A chuva da frente fria que entrou forte no Rio de Janeiro na quarta-feira, 10 de agosto, encharcou as quadras de tênis e várias partidas foram canceladas. As provas de remo voltaram a ser prejudicadas. A vela também teve regatas interrompidas e adiadas.

 

 

 

Além da chuva e do frio, esta frente fria gerou um ciclone extratropical no mar, entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina que trouxe mais ventos fortes, instabilidade e aumentou a incerteza da previsão para os meteorologistas na quinta e na sexta-feira, 12 de agosto. Este ciclone deu muita dor de cabeça para os previsores do tempo. Além das rápidas mudanças na direção e na intensidade dos ventos, foi mais difícil prever quando e se as nuvens do ciclone que estavam no mar chegariam ou não ao continente.

 

 

 

Partidas de tênis voltaram a ser adiadas na sexta-feira, 12, pois as lâminas de água nas quadras impossibilitaram o uso pela manhã. As provas de atletismo aconteceram no Estádio Olímpico (Engenhão), mas em parte com as pistas molhadas, com poças de água, que certamente interferiram no pleno desempenho dos atletas. Algumas regatas de vela desta sexta-feira também foram adiadas.

 

 

Felizmente na hora da prova de marcha atlética masculina, a partir das 14h30, não estava mais chovendo. O sol já apareceu para secar a pista. A presença do ar frio de origem polar sobre o Rio de Janeiro evitou o calor excessivo.

 

 

 

Uniforme tipo frente fria

A chuva, o frio e os ventos fortes que ocorreram no Rio de Janeiro desde a última quarta-feira , 10, incomodaram o público, prejudicaram o calendário dos jogos olímpicos e fizeram até alguns atletas mudarem o uniforme.

No jogo contra a China, a dupla brasileira de vôlei de praia Ágatha e Bárbara trocou o biquini por calça e camiseta de manga longa para se proteger do frio e da areia molhada da sexta-feira, 12 de agosto.

 

 

 

 

Alison e Bruno, uma das duplas brasileiras de vôlei de praia masculino, jogaram de regata no frio do dia 10 de agosto no Rio, mas os italianos Adrian Carambula e Alex Ranghieri vestiram uma camiseta de manga comprida.

 

 

O que esperar da segunda semana?

Se depender do tempo, os meteorologistas, os torcedores, os atletas e todos os profissionais que estão envolvidos com as Olimpíadas Rio 2016 terão muitas emoções atmosféricas.

A segunda semana dos jogos olímpicos promete várias situações meteorológicas complicadas que vão trazer mais nuvens e risco de chuva, ventos e grandes variações de temperatura em pouco tempo.

A semana começa com o que os meteorologistas chamam de "cavados de onda curta". Os cavados são regiões na atmosfera onde há uma tendência da queda da pressão atmosférica e que geram acúmulo de umidade, o que facilita a formação de nuvens e, muitas vezes, gera nuvens de chuva.

Cavados são diferentes de frentes frias. Toda frente fria tem um cavado, mas nem todo cavado é uma frente fria. Toda frente fria está associada com uma massa de ar de origem polar, que pode resfriar o ar por vários dias. Mas a passagem de um cavado não provoca uma mudança nas características da massa de ar que está atuando no lugar. Não ocorre o resfriamento.

O que complica bastante a previsão da chuva quando se tem cavados, especialmente os pequenos, é que eles se movimentam rapidamente. Assim, é mais difícil prever a velocidade das nuvens, o que gera maior incerteza na previsão. Quando se tem cavados é mais difícil prever a hora em que a chuva vai ocorrer. Em determinadas condições atmosféricas, o cavado pode provocar aglomerados de nuvens bastante carregadas, com potencial para temporais.

Não é isto que se espera para os próximos dias no Rio de Janeiro.

A semana começa com cavado, mas deve terminar com outra frente fria, que a princípio está prevista para chegar ao Rio de Janeiro entre a noite do dia 17 e a madrugada do dia 18 de agosto, quinta-feira.

Mas o que já está começando a preocupar (muito) os meteorologistas da área de previsão do tempo é a possibilidade de uma segunda frente fria, muito mais forte do que esta do dia 18, avançar sobre o Brasil entre os dias 19 e 21 de agosto, os últimos dias das Olimpíadas Rio 2016.

Se esta frente fria se confirmar, com a mesma intensidade estimada nesta sexta-feira, 12 de agosto, teremos outra situação de ventania, com risco de chover forte no Rio de Janeiro e até mar agitado.

Em resumo: a segunda semana das Olimpíadas será recheada de esconde-esconde de sol, de vai e vem de chuva, de rodopios loucos de ventos, de montanha russa da temperatura.

Muitas emoções meteorológicas!

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