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26/10/2017 às 16:05
por Maria Clara Machado
A conta de luz vai ficar mais cara a partir do mês que vem. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um aumento de 42,8% para a taxa extra da bandeira vermelha 2, atualmente em vigor nas contas de luz. A tarifa extra, neste caso, passa de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kilowatts-hora consumidos.
A bandeira vermelha 1 continua com a tarifa extra no valor de R$ 3 e a bandeira amarela terá uma redução de R$ 2 para R$ 1, a cada 100 kilowatts-hora consumidos.
De acordo com o governo, dois fatores serão decisivos para a determinação no reajuste das bandeiras tarifárias: a previsão de chuva, e agora, o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Em outras palavras, mesmo com a ocorrência de chuva, se o nível dos reservatórios for considerado baixo, o governo ainda vai contar com a geração das termelétricas.
Com os reservatórios das usinas hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste ainda muito baixos, a dependência das usinas termelétricas para a geração de energia elétrica no país continua alta. A energia das termelétricas é mais cara, além de poluente, e nem as tarifas extras, com a política das bandeiras tarifárias na conta de luz, estão sendo suficientes para cobrir o alto custo da geração de energia no país.
O problema é complexo. O baixo nível de água dos principais reservatórios para a geração de energia elétrica do Brasil ainda reflete a falta de chuva de verões passados. Tivemos uma sequência de anos muito ruins, com chuva abaixo da normalidade. No verão de 2013/2014, um forte bloqueio atmosférico reduziu drasticamente a chuva sobre as principais bacias hidrográficas para a geração de energia elétrica no país.
Estamos falando da região que abrange todo o estado de Goiás, o oeste e o sul de Minas Gerais, o norte do estado de São Paulo e a região de divisa de São Paulo com Minas Gerais. Estes reservatórios estão em grandes rios como o rio Verde, o rio Paranaíba, o rio Grande e o rio Tocantins.
Na sequência, no verão de 2015/2016, o forte El Niño também prejudicou o padrão normal da chuva. No verão de 2016/2017, a chuva esperada continuou abaixo da média entre o Sudeste e o Centro-Oeste, sobre os reservatórios onde precisaria chover muito.
O resultado é que o volume de chuva nas bacias hidrelétricas para a geração de energia no Brasil permanece insuficiente.
A capacidade dos reservatórios das hidrelétricas no país teve queda entre os meses de maio e outubro de 2017. Parte dessa diminuição do volume de água, é natural, por serem meses de estiagem. Ainda assim, a queda é muito siginificativa. A capacidade dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste passou de 41,4% para 18,57%.
"Vai chover bem, isto é fato. Todos os modelos meteorológicos indicam chuva de normal até um pouco acima da média no subsistema Sudeste. A chuva deve começar a partir de agora e permanecer no próximo trimestre sobre as principais Bacias (Grande e Paranaíba)”, analisa o meteorologista Alexandre Nascimento.
“Porém, a diminuição do preço da energia (tanto em relação às bandeiras, quanto no mercado livre) ficará para primeira ou segunda semana de dezembro, se tudo der certo em relação à previsão do tempo e do Clima”, completa Nascimento.
No entanto, para conta de luz começar a baixar teremos que ter chuva suficiente para desligar as térmicas, que representam neste momento cerca de 25% do que está sendo consumido pelo país.
No caso do Nordeste, quando a chuva recomeçar, no decorrer do próximo verão, a tendência é de diminuição da produção de energia eólica, porque a instabilidade reduz o vento. A geração eólica, atualmente, tem dado conta de cerca de 10% do consumo nacional.
“É importante saber que a velocidade de conversão de precipitação em energia não é tão rápida assim. Os reservatórios devem se recompor de forma lenta e gradativa e possivelmente 2018 ainda vai ser um ano complicado, isso porque, os reservatórios estão partindo de uma situação muito ruim, alguns perto de zero por cento, como o caso de Sobradinho”, acrescenta o meteorologista Alexandre Nascimento.
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