Condição atualizada dos reservatórios de energia

04/03/2018 às 09:51
por Alexandre Nascimento

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A chuva veio neste ano, mas na maior parte do tempo "errou" os principais reservatórios.

Neste ano choveu, não dá para dizer que não choveu. No entanto, o sistema nacional de energia elétrica do país continua muito deficitário em relação à normalidade.

Em se tratando de Sudeste, estamos gerando bem mais energia hidrelétrica do que em 2017. Em média, tivemos em dezembro de 2017 95% de energia natural afluente (ENA) contra 67% em dezembro e 2016. Depois tivemos 96% de ENA em janeiro de 2018, contra 69% em janeiro de 2017 e finalmente 83% em fevereiro de 2018, contra 71% em fevereiro de 2017 (ONS). Ou seja, gerou-se bem mais energia hidrelétrica no subsistema Sudeste/C.Oeste neste período úmido do que no anterior. Mas por que os reservatórios desse subsistema estão, em média, piores do que no período anterior?

A resposta é porque choveu sim, mas nos lugares errados, na maior parte do tempo.

 

Em dezembro de 2017 e em janeiro de 2018 choveu bastante nas Bacias do Paranapanema e do Tietê e nas áreas mais sul da Bacia do Paraná, conforme podemos verificar nos mapas abaixo.

 

chuva_mensal_anomalia_201712_br

 

chuva_mensal_anomalia_201801_br

 

chuva_mensal_anomalia_201802_br

 

Já em fevereiro de 2018, a chuva mais forte caiu sobre as Bacias do Doce, do Jequitinhonha e do Paraíba do Sul. Ou seja, choveu, mas não foi muito (bem menos do que o normal), nas principais bacias do Sudeste/C.Oeste responsáveis pelo maior armazenamento de água: as Bacias do Grande e do Paranaíba, situadas entre o norte do estado de São Paulo, sul de Minas, Triângulo Mineiro e sul de Goiás. Essas duas Bacias juntas correspondem a 64% do que o subsistema Sudeste/C.Oeste pode armazenar em água (energia) – Fonte ONS. Segundo dados da ONS, no dia primeiro de março o Grande estava com apenas 35% de sua capacidade total e o Paranaíba com apenas 33%. Se compararmos o subsistema sudeste todo, fechamos o mês de janeiro de 2018 com apenas 31,3% do armazenamento total (37,4% em 31/01/2017) e o mês de fevereiro com 36,3% em 2018 (contra 40,2% em 2017). É bem provável que, no final do período úmido, estejamos com valores parecidos a 2017 – em torno de 45%.

SUDESTE

 

Os demais subsistemas do país, não dão nenhuma garantia de que o ano será fácil. Observe o Nordeste, por exemplo. Fechamos fevereiro deste ano melhor do que 2017, mas a situação está bem longe de confortável (25,4% em 28/02/2018 contra 20,8% em 28/02/2017).

NORDESTE

 

Os subsistemas Norte e Sul estão melhores que no ano passado. O Sul, em relação a armazenamento, é muito pequeno devido à grande quantidade de usinas fio d’água, ou seja, sem armazenamento. Já o Norte está bem melhor e esse foi o grande ponto positivo deste ano. Depois da chuvarada de fevereiro Tucuruí encheu e está inclusive jogando água fora (vertendo). O subsistema Norte fechou fevereiro com 62,2%, contra 47,4% em fevereiro de 2017.

 

NORTE

 

SUL

FONTE DE DADOS: ONS

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