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O mês de junho terminou com pouco frio sobre o Brasil. O ar polar intenso foi quase todo bloqueado no Sul do país. Gaúchos, catarinenses e parte dos paranaenses até sentiram frio intenso e as capitais da Região estabeleceram suas menores temperaturas em 2018 até 17 de junho.
Pela medição do Instituto Nacional de Meteorologia, o recorde de frio para 2018 foi batido no dia 6 de junho, com mínima de 0,7°C em Curitiba. Em Florianópolis, o recorde ocorreu no dia 8 de junho, com temperatura mínima de 7,0°C. Em Porto Alegre, a menor temperatura desde ano até agora foi de 2,6°C registrada no dia 17 de junho.
O ar polar conseguiu chegar de forma moderada também ao oeste e sul de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, a Rondônia e ao Acre, mas praticamente não passou para o Sudeste.
O comportamento da temperatura na cidade de São Paulo é um bom exemplo de como o frio ficou bloqueado. Em junho de 2018, a capital paulista não teve temperatura abaixo dos 10°C, o que não ocorria desde 2015.
Barreira dos ventos
O caminho das massas de ar frio polares é comandado pelo posicionamento da corrente de jato subtropical. É esta região de vento forte observada em 10 mil metros de altitude que funciona como uma espécie de “leão de chácara” para a entrada do ar polar sobre a América do Sul. Dependendo de sua posição, o ar polar intenso fica a maior parte do inverno na Patagônia, ou consegue chegar até o Uruguai e ao Rio Grande do Sul ou avança com força e se espalha pelo Centro-Oeste e pelo Sudeste do Brasil.
Durante o período de outono/inverno é comum que algumas massas frias não tenham força para chegar ao Brasil. Mas quando a posição média do jato subtropical fica desfavorável, só poucas e grandes massas polares conseguem empurrar a barreira causada por esta corrente de jato e avançar sobre o Brasil com força.
Foto de Luis Fernando, Barão do Triunfo (RS)
Bloqueio atmosférico
O bloqueio atmosférico que se estabeleceu sobre o Brasil em junho, especialmente na segunda quinzena do mês, afastou ainda mais o ar polar do país. O que esperar do frio durante o mês de julho? Quem estiver sonhando com dias gélidos no centro-sul do Brasil pode ter uma grande decepção.
Para julho de 2018, e por quase todo o inverno, a ideia é que esta forte corrente de ventos barre quase todo o frio intenso polar na Argentina. Apenas duas ondas de frio vão conseguir chegar ao Brasil, uma pouco antes do fim da primeira quinzena de julho (entre 10 e 14 de julho) e a outra na última semana do mês. Mesmo assim, a primeira massa polar só deve causar frio intenso no Sul do Brasil. Porém, áreas do centro-sul de Mato Grosso do Sul e no oeste e sul de São Paulo vão sentir uma queda de temperatura moderada a forte. A maior chance de esfriar o Sudeste é com a segunda onda de frio, no fim de julho. Mas é pouco provável que esta massa polar provoque mais frio no Sudeste e no Centro-Oeste do que a grande massa fria que varreu o Brasil entre os dias 18 e 23 de maio.
Geada
Os eventos de geada em julho devem ficar restritos aos estados da Região Sul, principalmente sobre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A primeira onda de frio forte que poderá causar geada nos três estados do Sul passa entre os dias 10 e 14 de julho. A chance de gear em São Paulo (exceto na Mantiqueira) ou em Mato Grosso do Sul é baixa.
Neve
A chance de nevar este ano não pode ser completamente descartada, mas a possibilidade é pequena.
As condições meteorológicas não são favoráveis à manutenção de atmosfera fria o suficiente para provocar neve. Se ocorrer, será durante o mês de julho, na forma de neve mesmo, ou de fenômenos como chuva congelada e chuva congelante. A maior possibilidade de ocorrência é com a frente fria do fim de julho.