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A beleza das cores da poluição

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Foto de Gabriel Garcia, Nova Esperança (PR)

5 min de leitura

Oferecido por

com contribuição do meteorologista Paulo Takeshi

 

A falta de chuva é comum nesta época na maior parte do Brasil. Sem chuva e com pouco vento, o ar fica mais poluído. A poluição existe em todo lugar e não é apenas a fumaça dos carros e indústrias. A poeira que fica suspensa nos campos também é poluição.  

 

Ao mesmo tempo que este ar sujo prejudica a saúde das pessoas, contribui para que o entardecer fique especialmente bonito, com uma mistura de tons alaranjados e vermelhos fazendo de cada fim de tarde uma pintura especial.

Entenda o que explica cientificamente estas maravilhosas cores dos céus poluídos.

 

 

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Foto de Gabriel Garcia, Nova Esperança (PR)

 

 

 

 

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Foto de André C., São Paulo (SP)

 

 

O espalhamento Rayleigh

Depois que o sol se põe, por algum tempo, a cor do céu que chega aos nossos olhos é resultado de duas fontes, o azul do céu e da luz mais direta do sol. Explicando: o azul do céu é resultante do fenômeno de espalhamento da luz do sol pelas moléculas de oxigênio. Por ser uma molécula constituída de dois átomos, forma-se um dipolo, que vibra ao interagir com a luz e que a faz espalhar para todas as direções. Esta forma de interação da luz com a atmosfera é chamada de espalhamento Rayleigh*.

A cor mais eficientemente espalhada é o azul por ter comprimento de onda menor. E como o ar está repleto destas moléculas, a luz azul espalhada chegam aos nossos olhos. Assim vemos o céu azul.  

 

 

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Foto de Cristina Pereira, Bagé (RS)

 

O espalhamento Mie

Mas o feixe de luz que vem do sol que está no horizonte, precisa atravessar uma espessura muito maior, e neste percurso, o espalhamento  Rayleigh acaba removendo a luz com comprimento de onda mais curto, como o azul, restando as mais longas, de tom laranja e vermelho. Quando o feixe de luz passa pela camada de de ar próximo à superfície, encontra partículas em suspensão muito maiores que uma molécula de oxigênio. Estas partículas “grandes”  passam a espalhar os tons de laranja e vermelho que preenchem o céu no horizonte quando o sol está se pondo.

O que explica os tons alaranjados e avermelhados do entardecer é a teoria conhecida como espalhamento Mie. Neste caso, a interação da luz com a atmosfera não tem preferência pelo comprimento de onda como o espalhamento Rayleigh, e não espalha para todos os lados, mas preferencialmente para a frente. A cor do ocaso que estamos acostumados é resultante destas duas fontes de luminosidade, numa mistura que produz um degradé do azul para o laranja/vermelho. Estas cores são mais fortes quanto mais aerossóis ou partículas em suspensão encontrar no caminho. A poluição, por colocar estes espalhadores na atmosfera, contribui para um entardecer mais vermelho ou laranja.



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Foto de Everton Precaro, Brotas (SP)

 

 

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Foto de André C. , São Paulo (SP)

 

Crepúsculo vulcânico

Quando um vulcão entra em erupção, além das cinzas, que depositam rapidamente pelo seu peso, são lançadas junto com partículas finas, uma grande quantidade de gás dióxido de enxofre que consegue alcançar a alta atmosfera. Pela sua afinidade com água, a presença do enxofre acaba formando moléculas de ácido sulfúrico, e que também se agregam, podendo formar aerossóis.

O resultado da interação da luz solar com todo este material injetado na atmosfera é a redução de cores intermediárias, entre o azul e o laranja, as que ainda estavam junto com os de comprimento de onda maior. São principalmente a luz verde. É exatamente a ausência desta faixa de cores que acaba produzindo o tom lilás ou púrpura no crepúsculo. E como estas partículas tendem a permanecer em suspensão por longo tempo, o fenômeno também tende a persistir.

Durante a erupção do vulcão chileno Calbuco, em abril de 2015, parte do material expelido para atmosfera chegou do Brasil e permitiu que durante vários dias tivéssemos tons róseos e arroxeados no céu do Sul do Brasil e de parte do Sudeste. A beleza do céu encantou naquela época.

 

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