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Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), os pós-graduandos João Victor Gomes e Bruno Borges, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Unesp, câmpus de Bauru, passaram a utilizar a infraestrutura de dois laboratórios da unidade universitária em prol de um trabalho de assistência às ações para a contenção da pandemia de Covid-19.
Sob orientação do professor Luis Carlos Paschoarelli, do curso de Design, João Victor e Bruno são os responsáveis pela criação e desenvolvimento de dois novos protetores faciais, batizados "Anti-Covid19" e "Ergonomics 3D", elaborados para dar mais proteção aos profissionais da saúde de Bauru e da região que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). Os primeiros 60 modelos dos equipamentos de proteção moldados nos laboratórios da Faac foram entregues à Secretaria Municipal de Saúde de Bauru no último dia 7 de abril.
A parceria com o Senai surgiu ainda nas primeiras reuniões sobre a iniciativa porque, para suprir a demanda local das autoridades de saúde, seria preciso experiência em escala de produção industrial, além de feedbacks dos profissionais da área. O doutorando João Victor conta que estão envolvidas diretamente no processo dez pessoas, incluindo as equipes dos laboratórios da Unesp e do grupo de apoio do Senai. Além deste núcleo central, outras 50 pessoas estão envolvidas indiretamente nos projetos de fabricação dos equipamentos de proteção.
"É a primeira vez que acontece essa parceria entre Secretaria de Saúde, laboratórios da Faac e Senai. É um vínculo que queremos manter mesmo depois da pandemia, já que a demanda é grande na área da saúde”, diz João Victor Gomes, doutorando da Unesp em Bauru.
Protetores faciais moldados na Unesp e entregues à Secretaria Municipal de Saúde de Bauru
Imagem: Divulgação / Prefeitura de Bauru
Modelo Ergonomics 3D
Enquanto o modelo “Anti-Covid19” é manufaturado, o “Ergonomics 3D” é feito em impressora 3D, em um desenho diferente da maioria dos protetores disponíveis no mercado. Ambos se enquadram na resolução temporária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo assim considerados seguros para os fins a que se destinam. Os pós-graduandos que lideram a iniciativa participam de projetos no Laboratório de Ergonomia e Interfaces (LEI) e no Laboratório Didático de Materiais e Protótipos (LMDP) da Faac-Unesp.
“Diferentemente de outros modelos que vêm circulando pela internet, esses protetores atendem plenamente a Resolução RDC Nº 356, da Anvisa, a qual dispõe sobre os requisitos para a fabricação, importação e aquisição de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde em virtude da emergência relacionada ao SARS-CoV-2”, explica o professor Luis Carlos Paschoarelli.
Para chegar nos modelos atuais, as estruturas de protetores faciais foram aprimoradas e passaram por várias mudanças, após protótipos iniciais e retorno de médicos, enfermeiros e até odontologistas. “Como designers, temos uma noção de materiais e desenvolvimento do produto, mas não sabemos realmente como o usuário vai interagir com aquilo. Então começamos a partir do que a equipe médica nos pedia. Após três ou quatro reuniões, chegamos aos produtos finais”, relata o mestrando Bruno Borges, criador do modelo Ergonomics 3D. “O Ergonomics tem um tempo mais demorado porque depende diretamente das impressoras 3D, que ainda são lentas quando se trata de produção em larga escala”, diz Bruno.
Com uma impressora 3D, é possível produzir quatro protetores faciais por dia. Nos modelos manufaturados, a média diária fica em torno de 70 unidades. Algumas das unidades 3D feitas na Unesp já se encontram em hospitais de Bauru. Os desenvolvedores ainda ressaltam que as principais diferenças dos modelos desenvolvidos nos laboratórios da Unesp são a facilidade de reprodução das duas estruturas (tanto a manual quanto a impressa) e a adição de proteção extra, com fitas no lugar da testa. Ou seja, ausência de qualquer lacuna que possibilite entrada e saída de ar ou acúmulo de micropartículas.
“Os profissionais da saúde falam sempre na erradicação de entradas possíveis. Então, quanto mais barreiras para o vírus, melhor. Supondo que em equipamentos anteriores havia 60% de proteção e agora com a testeira se acrescente mais 10%, em alguns momentos esses 10% a mais, esse adicional de segurança, pode salvar vidas”, afirma João Victor.
Os materiais utilizados nos protetores “Anti-Covid” são atóxicos e permitem higienização e reutilização. No modelo Ergonomics 3D, biodegradáveis e ergonômicos. Os dois equipamentos são modelos de utilidade pública (produtos sem patente), tem custo de produção que varia entre R$ 7 (sete reais) e R$ 8 (oito reais) por unidade e estão disponíveis na internet para reprodução.
"O arquivo do Ergonomics 3D está disponível para que makers de todo o estado possam replicar a ideia e tentar atender as demandas locais”, diz Luis Carlos Paschoarelli, professor da Unesp em Bauru.
Os pedidos atuais de protetores faciais para o laboratório da Unesp estão na casa das centenas de unidades, segundo os pós-graduandos envolvidos. As primeiras estruturas foram realizadas com o apoio das empresas Avery Dennison, Empório do Adesivo e Piatã.
A pessoa, física ou jurídica, que deseja contribuir com ações da Unesp de combate à pandemia de Covid-19 pode realizar doações por meio da plataforma Parceiro Unesp, que possibilita inclusive que o doador especifique a unidade universitária que receberá os recursos. Para doações, acesse: https://prograddb.unesp.br/parceiro/
https://www.youtube.com/watch?v=3VaMX6JHM8U&feature=emb_logo
por: Andrezza Marques é estudante de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Unesp, câmpus de Bauru; sob supervisão de Fabio Mazzitelli