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Não foi a primeira vez que as bolsas deram um salto por causa de notícias relacionadas a uma vacina. Mas no começo da semana a coisa foi bastante forte, em Nova York, em Tóquio e depois também em Frankfurt. Tudo desencadeado por notícias sobre a empresa farmacêutica Moderna, a primeira a testar em humanos uma vacina para covid-19 nos Estados Unidos.
Os testes também estão sendo feitos em países como China, Reino Unido e Alemanha. Mas nos Estados Unidos, em especial, muito dinheiro está sendo investido no projeto de vacina contra o novo coronavírus.
Em todo o mundo, estão sendo testadas possíveis substâncias ativas para uma vacina. O número de projetos é superior a 120, desde pequenas empresas, como as alemães Biontech e Curevac, a grupos globais, como a Sanofi e a GlaxoSmithKline. E também a Moderna, de Boston, nos EUA. As ações da empresa subiram quase 20% depois que a substância candidata a vacina da empresa mostrou resultados promissores nos testes iniciais.
A FDA, agência federal americana responsável pela supervisão dos medicamentos no país, anunciou então a perspectiva de uma aprovação acelerada do medicamento. A Moderna teria um acordo com a empresa farmacêutica suíça Lonza para poder fabricar a vacina em grandes quantidades após a aprovação. Em Zurique, as ações da Lonza chegaram a subir temporariamente em mais de 4%, uma alta recorde.
A vacina mRNA-1273, desenvolvida em conjunto com a autoridade sanitária americana NIH, causou uma reação imune em oito dos 45 participantes do estudo, como anunciou a Moderna na segunda-feira (18/05). "Embora preliminares, os resultados intermediários da primeira fase mostram que a vacinação com o mRNA-1273 pode desencadear uma resposta imune da mesma ordem de magnitude que a causada por uma infecção induzida naturalmente", disse Tal Zaks, diretor médico da Moderna. Os resultados completos da primeira fase dos testes clínicos ainda não são conhecidos.
O governo dos EUA está gastando bilhões em desenvolvimento de vacinas por meio de dois programas diferentes. Primeiramente, Washington apostou no setor privado e num programa de apoio correspondente. Para isso, a agência estatal Barda (sigla em inglês para Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado) tem 3,5 bilhões de dólares à disposição. A Moderna também recebe verba da mesma fonte.
Um pouco mais tarde, veio a Operação Warp Speed. As primeiras conversas sobre ela surgiram no final de abril, e de lá para cá, o presidente dos EUA, Donald Trump, já a apresentou publicamente, pelo menos em parte. Com um total de 10 bilhões de dólares, o desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus se tornou uma tarefa nacional, comparada por Trump ao Manhattan Project, o projeto americano de desenvolvimento da bomba atômica na década de 1940. Warp Speed significa algo como velocidade mais rápida que a da luz. Os detalhes do programa permanecem secretos, mas se sabe que 14 possíveis vacinas estão sendo avaliadas com mais atenção.
De Washington a Oxford, no Reino Unido: pesquisadores desta universidade começaram testes clínicos em mais de mil voluntários em abril. O projeto está sendo executado em cooperação com a gigante farmacêutica Astra-Zeneca. Como sempre, neles se trata de garantir que uma vacina potencialmente promissora possa ser feita rapidamente e em milhões de doses.
A União Europeia recentemente levantou 7,4 bilhões de euros em uma conferência internacional para apoiar pesquisa e produção de vacina. As fronteiras dos países, afirmou segundo as autoridades do bloco, não podem ser determinantes na hora de se decidir para quem esse dinheiro vai.
A Biontech, sediada em Mainz, realiza o primeiro estudo clínico na Alemanha em pacientes saudáveis há algum tempo, e os dados podem estar disponíveis a partir do final de junho. O trabalho é feito em parceria com a empresa americana Pfizer e a chinesa Fosun Pharma.
No caso de aprovação, a Pfizer poderá fornecer milhões de doses de vacina até o final do ano, segundo Ugur Sahin, chefe da Biontech. Outro ator na corrida global é a Curevac, da também alemã Tübingen. Segundo o coproprietário Dietmar Hopp, os testes clínicos podem começar dentro de semanas. Ele diz que sua empresa estaria em condições de dispor de uma vacina no segundo semestre deste ano.
Mas esses calendários são ambiciosos. Porque a fase de teste em milhares de pessoas precisa provar que a vacina funciona com segurança e não causa danos. De qualquer forma, a corrida pela vacina está em pleno andamento na indústria farmacêutica.
"É uma corrida acirrada", diz Thilo Kaltenbach, especialista em saúde da consultoria Roland Berger. Olaf Tölke, especialista farmacêutico da agência de classificação Scope, não acredita que uma vacina contra o coronavírus já venha a estar disponível em 2020.
"O desenvolvimento de uma vacina custa centenas de milhões de euros", diz Tölke. "As empresas arcam com o risco de chegarem atrasadas na corrida com a concorrência", frisa, argumentando que este risco deve ser amortecido pelo financiamento público. "Como bilhões de pessoas poderão ser vacinadas contra o coronavírus, o medicamento não precisa ser tão caro", ressalta Tölke. "Quem obtiver uma vacina primeiro pode esperar bilhões de dólares em lucros. O mundo inteiro vai avançar nela".
A China já tem uma vantagem que não dá para se ignorar. Em meados de janeiro, Chen Wie, principal general das Forças Armadas chinesas, recebeu ordem para trabalhar na pesquisa para uma vacina, informou o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. O resto do mundo só teve acesso às primeiras amostras do novo vírus no final de janeiro.
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