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Bazar em dezembro é sustentável e deveria durar o ano todo

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Reciclar roupas é uma forma de economia circular

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Ano novo, vida nova. Essa é provavelmente uma das frases mais repetidas nessa época do ano. Dezembro é sempre tempo de começarem os rituais de passagem que incluem as listas das coisas que queremos abandonar e de novos hábitos que desejamos ter no novo ciclo que se avizinha. É nesse momento também que muitas pessoas escolhem fazer a famigerada “limpa” no guarda-roupas, às vezes apenas com o intuito simbólico de abrir espaço para que o “novo’ possa entrar e outras vezes com o objetivo de fazer doações como atos de solidariedade. O popular bazar em dezembro é sustentável e deveria durar o ano todo!


O “desapega” de fim de ano, no entanto, segundo especialistas em sustentabilidade, não é um hábito que deveria ficar restrito a apenas um mês. Levantamento da Fundação Ellen MacArthur, uma organização britânica independente que trabalha para acelerar a transição para a economia circular revela que, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo de roupas é descartado ou queimado. E se, ao invés de apenas nos livrarmos daquilo que não queremos mais, a gente passasse também a comprar aquilo que outra pessoa não usa mais?


Economia circular é nome dado ao conceito de reduzir, reutilizar, recuperar e reciclar materiais e energia. Ele é um contraponto ao modelo econômico atual, que recebe o nome de economia linear e é baseado em extrair, produzir e descartar. 


Segundo dados da ONU Meio Ambiente, estatísticas indicam que 1/3 das roupas são descartadas no primeiro ano da compra. A produção desenfreada de roupas, feita sem levar em conta os impactos ambientais, tem surtido efeitos desastrosos: abastecer esse mercado de descarte contínuo, onde as peças de roupas se tornam “fora de moda” e obsoletas com uma rapidez impressionante, custa caro e quem paga essa conta é o planeta. A indústria da moda é a responsável por 8% de todas as emissões globais de gases-estufa, conforme o relatório Measuring Fashion: Environmental Impact of the Global Apparel and Footwear Industries Study, da consultoria Quantis.


A maior concentração de emissões de gases de efeito estufa da indústria da moda está na fase de produção da matéria-prima. Essa fase abrange desde a produção da fibra, preparação dos fios, preparação do tecido, até o tingimento e acabamento.


Mas há solução. Um estudo divulgado em 2019 na Semana do Clima, em Nova York, revelou como a adoção de práticas da economia circular pode ajudar a enfrentar as mudanças climáticas. O documento apontou que a transição para fontes de energia renovável levará a uma redução de 55% das emissões globais de gases do efeito estufa e que, portanto, os 45% de emissões restantes precisam ser tratados. A economia circular pode ser o caminho: ela pode eliminar 9,3 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa em 2050.


Ainda conforme a Fundação Ellen MacArthur, mais de 70% das roupas descartadas são depositadas em aterros ou incineradas. Isso significa não só que a indústria da moda tem responsabilidade sobre a destinação incorreta de resíduos sólidos de sua produção, mas também que os nossos hábitos de consumo precisam ser repensados e mudados. Afinal, nós é quem demandamos e sustentamos esse modelo de produção.


Pequenas mudanças, grandes conquistas

Mudar o modo como a indústria da moda opera pode parecer um sonho distante, mas pequenas mudanças individuais podem representar grandes conquistas coletivas. É a velha máxima: se cada um fizer a sua parte, juntos, podemos ir mais longe.


Frequentadora de brechós e bazares na cidade de São Paulo a jornalista Camila Cecílio, 31 anos, descobriu há três anos como fazer para ser uma consumidora consciente. Ela estava prestes a se mudar da cidade onde morava e decidiu se "desapegar" de mais da metade das roupas que tinha no armário. Segundo ela, as roupas usadas fizeram sucesso entre as compradoras não só por ainda estarem em bom estado, mas também pelo preço mais em conta.


"A partir dali eu percebi que esse era um movimento com o qual todo mundo ganhava. O comércio de roupas usadas é vantajoso financeiramente para quem vende e para quem compra, além de representar um jeito consciente de consumir, já que estamos valorizando peças já fabricadas em vez de estimular a produção de mais peças que seriam descartadas no meio ambiente. A partir do momento que optamos por manter esse hábito de consumo, ressignificamos não só a peça, mas também a nossa relação com o planeta em que vivemos”, analisa.

 

 

Camila Cecílio, frequentadora de brechós e bazares na cidade de São Paulo

 


Comprar roupas em bazares e brechós e investir na economia circular é algo que precisamos fazer desde agora pelo meio ambiente, uma vez que os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais presentes. Este parece, portanto, um bom item a ser incluído na lista de desejos: que em 2021, possamos ser consumidores mais conscientes e sustentáveis. O planeta agradece.

 

por Thaisa Pimpão, o Mundo Que Queremos

 

 

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