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É nos meses de verão que os acidentes causados por animais peçonhentos - aqueles que produzem veneno, como serpentes, aranhas e escorpiões - se tornam mais comuns. Em 2019, foram mais de 265 mil notificações no Brasil, sendo quase 41,5 mil somente no estado de São Paulo (Ministério da Saúde/SVS - Sinan Net).
“O verão é o período de reprodução dos animais peçonhentos devido às condições climáticas favoráveis de temperatura e umidade. Com um maior número de animais circulando, maiores são as chances de acidentes”, explica a médica-veterinária Elma Pereira dos Santos Polegato, presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
Manter a higiene e limpeza de terrenos e quintais é essencial. Lixo e entulhos podem servir de abrigo e funcionarem como chamariz para estes animais. “A melhor forma de evitar acidentes é a prevenção”, afirma a médica-veterinária Cristina Maria Pereira Fotin, da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP.
Com a pandemia, o número de casos de aparecimento de escorpiões e cobras tem crescido. Para Elma, os animais podem estar mais próximos às residências em busca de alimento. “Os escorpiões e aranhas, por exemplo, se alimentam de baratas que estão onde há lixo acumulado, atraindo seus predadores.”
Acidentes com cobras estão entre os mais notificados
Cristina ressalta que os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais.
Somente a partir de agosto de 2010, o agravo foi incluído na Lista de Notificação Compulsória (LNC) do Brasil, publicada na Portaria Nº 2.472 de 31 de agosto de 2010 (ratificada na Portaria Nº 104, de 25 de janeiro de 2011). No Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), segundo o Ministério da Saúde, acidentes por animais peçonhentos estão entre os agravos mais notificados.
Cuidados com o meio ambiente
Os cuidados com o meio-ambiente podem colaborar para o equilíbrio entre humanos e animais, e reduzir as chances deste tipo de situação. Cristina diz que preservar as áreas naturais é algo que coopera com a manutenção dos predadores naturais de espécies peçonhentas.
A médica-veterinária lembra que os animais peçonhentos têm sua função ecológica e devem ser respeitados.
“Adotar atitudes com consciência ambiental, respeitando as regras de visitação a áreas e parques naturais, recolhendo o lixo produzido e/ou optando por reciclar são exemplos de ações simples que contribuem com a preservação do meio ambiente e a manutenção de seus ciclos naturais”, conclui.
O que fazer em casos de acidentes com animais peçonhentos
Caso ocorra uma picada ou queimadura causada por estes animais é recomendado, primeiramente, lavar o local com água e sabão. “Deve-se levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo com informações sobre características do animal como espécie, cor, tamanho, entre outras. Se possível, tirar uma foto”, indica Elma.
O Instituto Butantan oferece um telefone de orientação em casos de emergência e acidentes com animais peçonhentos. O serviço funciona 24 horas por dia e orienta o cidadão sobre o local mais próximo para atendimento por meio do número (11) 3726-7962.
10 dicas para evitar picadas ou o contato com animais peçonhentos
Mantenha a higiene da casa, incluindo quintais, jardins, paióis e celeiros;
Use calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
Examine calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
Afaste camas das paredes e evite pendurar roupas fora de armários;
Não acumule entulhos e materiais de construção;
Limpe regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
Vede frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
Utilize telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
Evite plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e mantenha a grama sempre cortada;
Limpe terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas da residência.
Fonte: Elma Polegato e Cristina Fotin
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