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Reflorestamento ameniza impacto das mudanças do clima sobre anfíbios

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Foto: Allobates olfersioides /Crédito: Mauro Teixeira Junior.

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 Foto: Allobates olfersioides /Crédito: Mauro Teixeira Junior


Um estudo brasileiro comprova a tese defendida este mês por duas importantes autoridades científicas: o IPCC, conjunto dos maiores pesquisadores em mudanças climáticas, e o IPBES, que reúne os principais especialistas em biodiversidade. As duas organizações publicaram um documento em que apelam aos governos e às empresas para que combatam mudanças climáticas e a perda de espécies de maneira simultânea. 


A bióloga e estudante de doutorado Quezia Ramalho é a autora principal de um estudo que afirma que o reflorestamento na Mata Atlântica ameniza no curto prazo a perda de habitat das espécies de anfíbios. Além disso, resfria a temperatura local e a perda de umidade também rapidamente — o calor excessivo, agravado tanto pelo desmatamento como pelo aquecimento global, ameaça a vida desses animais.


Já no longo prazo, como já é de conhecimento geral, essa mesma recomposição florestal permitirá a captura de carbono da atmosfera, ajudando a estabilizar o Clima futuro. 


Ramalho explica que um estudo anterior, conduzido pelo seu orientador e professor da UERJ Jayme Prevedello, indicava que um aumento de 50% da cobertura florestal na Mata Atlântica, em um cenário otimista em relação ao desmatamento, poderia reduzir a temperatura local em até 1,11°C

 

“O que fizemos nesse novo estudo foi calcular, a partir de uma modelagem, como o aumento da cobertura vegetal pode impactar os anfíbios”, explica Ramalho. “Nós selecionamos 10 espécies endêmicas da Mata Atlântica, 3 delas já afetadas pelas mudanças climáticas. O que verificamos é que o reflorestamento foi capaz de neutralizar os efeitos negativos das mudanças climáticas nas espécies que estão sendo afetadas”, explica a pesquisadora. 


“Ou seja, o reflorestamento sozinho pode ajudar a salvar da extinção essas e outras espécies dependentes de floresta”, ressalta Ramalho. 


A pesquisa foi feita da seguinte forma: os estudiosos reuniram os registros de ocorrência dos animais de cada espécie e sobrepuseram esses dados aos mapas da área estudada. Em cada pixel do mapa, verificaram dados sobre precipitação e cobertura vegetal. A partir daí, fizeram as modelagens para o cenário mais otimista em relação ao desmatamento. Para entender melhor a metodologia, leia o estudo aqui

 

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Água


Ramalho destaca que os anfíbios são animais muito dependentes de água —  a umidade é fundamental para manter suas peles finas saudáveis, e sua reprodução depende da disponibilidade de recursos hídricos. Como o reflorestamento contribui para o aumento das chuvas, mesmo as espécies mais resilientes e que ainda não estão ameaçadas pelo aquecimento global serão beneficiadas pelo retorno das árvores. 


Outra peculiaridade dos anfíbios é que eles não podem se defender da destruição das florestas migrando para outros fragmentos, como fazem onças, aves e animais de maior porte. E há espécies de sapos, rãs e pererecas que só ocorrem em fragmentos muito específicos da floresta. Isso faz com que os anfíbios sejam animais extremamente sensíveis à mudança no uso da terra e ideais para observar os benefícios do reflorestamento. 

 

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“Não se pode dizer que o reflorestamento é a solução para as mudanças climáticas porque a natureza tem um limite, inclusive de tempo, para absorver o carbono que precisamos eliminar da atmosfera já. A solução para isso é a redução rápida de emissões”, explica a pesquisadora. “Mas os benefícios da recuperação de florestas para a biodiversidade são imediatos, inclusive anulando algumas consequências do aquecimento global sobre as espécies mais vulneráveis."

 

 

 

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