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Crise hídrica: estiagem no Pantanal é a quinta pior em 120 anos

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Foto:  Rio Paraguai - Corumbá (MS), por Josiney Severino dos Santos Defesa Civil MS

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Foto: Rio Paraguai - Corumbá (MS), por Josiney Severino dos Santos Defesa Civil MS

 

O nível do rio Paraguai, que drena o bioma Pantanal, baixou quase 20 centímetros na última semana, diminuindo cerca de 2 centímetros por dia, em Ladário (MS). A estação, considerada um termômetro da situação de seca na região, registra 84 centímetros no dia 4 de agosto de 2021, enquanto o nível normal esperado para esta época do ano é de 4,15 metros. O ritmo de descida dos níveis deve se intensificar no mês de agosto e piorar a crise hídrica na região, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM).

 

O ano de 2021 já é o terceiro consecutivo em que o Pantanal não apresentou a habitual cheia. O prognóstico foi apresentado na Sala de Crise do Pantanal a convite da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA).


De acordo com o órgão do governo federal, a seca do rio Paraguai já é a pior de toda série histórica em Cáceres (MT), que data de 1967, e está entre as 10% piores da série histórica em Porto Murtinho (MS), que data de 1937. Em Ladário já é a quinta pior vazante desde 1901. Este é o segundo ano consecutivo que a bacia está nesta situação de vazante extrema. O pesquisador do SGB-CPRM Marcus Suassuna afirma que os meses de julho e agosto apresentam um avanço mais rápido do processo de vazante, principalmente na calha principal do rio Paraguai.


O norte da bacia, região estratégica para o monitoramento porque as chuvas costumam ser mais abundantes no início do ano, também preocupa. As estações em Cáceres (MT) e na capital Cuiabá (MT) registram níveis abaixo da mínima histórica que já havia sido atingida em 2020.

 

A estação de Cáceres registra hoje 54cm, enquanto o esperado seria 1,73 metros. Ano passado, nesta mesma data, o rio marcava 85 cm. Preocupação para o abastecimento de água. Na capital do estado, a cota atual é 20 cm, quando o valor normal seria 81cm.


Nos municípios de Ladário e Porto Murtinho (MS), o nível do rio subiu consideravelmente em janeiro de 2021, mês em que as chuvas ficaram mais próximas do normal. Mas foi o único mês em que isso aconteceu: o rio voltou a receber chuvas abaixo da média e a recuperação foi lenta. A situação foi agravada pelo fim precoce da estação chuvosa, no início de abril.

 


Impacto nos recursos hídricos

 

Segundo o SGB-CPRM, o rio só esteve mais baixo do que agora em 4 ou 5 episódios durante a seca prolongada dos anos 1960 e 1970. Mas poucas estações de monitoramento existiam na região do Pantanal na época.

 

"Estamos caminhando para o terceiro ano consecutivo com déficit significativo de chuvas", afirma Marcus Suassuna.

 

O reservatório da usina de Manso, que atende a região de Cuiabá (MT), opera com vazão mínima há mais de um ano. Segundo a Furnas, empresa que opera a hidrelétrica, o reservatório conta atualmente com 20,6% de seu armazenamento e, caso seja mantido o nível de utilização atual, é possível projetar um colapso hidráulico a partir da primeira quinzena de outubro.

 


Prognóstico

 

A estação de Ladário deve atingir a mínima de -44 centímetros por volta de 20 de outubro, sendo que atingiu -32 centímetros no ano passado. O pesquisador Marcus Suassuna afirma que as previsões para o comportamento futuro do rio são feitas em comparação com a série histórica. Normalmente, quanto mais baixo o nível do rio em junho, mais cedo deve começar a estação chuvosa. "Com qualquer chuva que caia sobre a bacia, o rio terá uma resposta mais rápida", explica. No entanto, em 2020 a combinação foi a pior possível: uma seca severa com fim tardio.

 

 

Prognóstico para os níveis do rio Paraguai nas principais estações monitoradas pelo SGB-CPRM


Chuvas

 

 

A previsão da Climatempo para agosto de 2021 indica que duas frentes frias acompanhadas de moderadas massas de ar frio vão chegar à Região Centro-Oeste na primeira quinzena de agosto, uma em cada semana. A queda de temperatura será significativa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, incluindo as duas capitais. No início da segunda quinzena, uma frente fria mais intensa vai chegar à região provocando queda ampla de temperatura. Há risco para geadas em Mato Grosso do Sul e no sul de Goiás. A chuva associada a essa frente fria vai se estender por áreas onde já não é comum chover em agosto, mas não há expectativa de eventos extremos de chuva. O frio deve durar entre 5 e 7 dias.

 

Na última semana, a temperatura volta a ficar estável, com o calor comum da Região.


De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a região do Pantanal vive uma seca pluviométrica que já dura dois anos. Em certas regiões do estado do Mato Grosso, não chove há mais de 60 dias. O órgão informa que chuvas de até 30% acima ou abaixo da média não devem fazer uma diferença significativa na seca durante o próximo mês, já que as chuvas nesta época são escassas.

 

"Independentemente do cenário de chuvas, vamos continuar com o problema de seca", afirma o meteorologista Marcelo Seluchi. É provável que o Brasil passe pelo fenômeno La Niña, de resfriamento do oceano Pacífico Equatorial central, durante a primavera. Isso deve prejudicar as chuvas no centro-sul do país.

 


Queimadas

 

Os focos de queimadas atingiram um pico no ano passado. Neste ano, o número de focos registrados é pequeno, mas o período em que eles costumam aumentar ainda não chegou. Na média de 2003 a 2019, o auge das queimadas é no trimestre de agosto, setembro e outubro. Espera-se que a temperatura do ar fique acima da média no próximo trimestre, principalmente sobre o Mato Grosso do Sul e o extremo-sul de Mato Grosso.

 

 

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