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Onda de calor de abril na Ásia é agora 30 vezes mais provável

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Bangladesh, Índia, Laos e Tailândia sofreram uma intensa onda de calor em abril de 2023, com temperaturas recordes que passaram de 42ºC no Laos e 45ºC na Tailândia. O calor causou hospitalizações generalizadas, danificou estradas, provocou incêndios e levou ao fechamento de escolas. O número de mortes ainda é desconhecido.

 

 

Onda de calor Laos e na Tailândia, em abril de 2023, seria quase impossível sem a mudança climática causada pela ação humana (Foto: Getty Imagens)


Um novo estudo de atribuição revelado agora mostra que a mudança climática causada pelo homem tornou essa onda de calor recorde pelo menos 30 vezes mais provável. A análise feita por uma equipe internacional de cientistas climáticos do grupo World Weather Attribution foi realizada na maior brevidade possível para alertar as comunidades que ainda se recuperam do evento sobre a causa real da tragédia. 


O estudo também conclui que a alta vulnerabilidade na região, que é um dos epicentros de ondas de calor do mundo, amplificou os impactos.


Em Bangladesh e na Índia, eventos como este costumavam ocorrer, em média, menos de uma vez por século; agora, pode-se esperar que ocorram cerca de uma vez a cada cinco anos e, se o aumento da temperatura global atingir 2,0°C - o que acontecerá em cerca de 30 anos se as emissões não forem reduzidas rapidamente -, eventos como esse ocorrerão, em média, pelo menos uma vez a cada dois anos.

 

No Laos e na Tailândia, os cientistas descobriram que um evento como a recente onda de calor úmida recorde teria sido quase impossível sem a influência da mudança climática

 

Além disso, o estudo revelou que este tipo de evento ainda é muito incomum e que só pode ser esperado uma vez a cada 200 anos, mesmo com a influência da mudança climática causada pelo homem. Mas se o aumento da temperatura chegar a 2,0°C, isso se tornará muito mais comum, ocorrendo aproximadamente uma vez a cada 20 anos.


Quanto mais quente, pior

 

Em todo o mundo, as ondas de calor são o evento extremo que mais foi agravado pela mudança climática em curso. Elas se tornaram mais comuns, mais longas e mais quentes. 


Para quantificar o efeito da mudança climática sobre a onda de calor asiática, os cientistas analisaram dados meteorológicos e simulações de modelos de computador para comparar o Clima atual, após cerca de 1,2°C de aquecimento global desde o final do século 19, com o clima do passado.


A análise examinou a temperatura máxima média e os valores máximos de um índice de calor durante quatro dias consecutivos em abril em duas regiões, uma abrangendo o sul e o leste da Índia e Bangladesh, e a outra incluindo toda a Tailândia e Laos.  O índice de calor é uma medida que combina temperatura e umidade e reflete com mais precisão os impactos das ondas de calor sobre o corpo humano.

 

Em ambas as regiões, os pesquisadores descobriram que a mudança climática tornou a onda de calor úmida pelo menos 30 vezes mais provável, com temperaturas pelo menos 2,0°C mais quentes do que teriam sido sem a mudança climática.

 

Até que as emissões globais de gases de efeito estufa sejam interrompidas, as temperaturas globais continuarão a aumentar e eventos como esse se tornarão ainda mais frequentes e graves, alertam os pesquisadores.

 

"Embora tenhamos reconhecido que as ondas de calor são um dos desastres mais mortais, especialmente em países como Índia, Bangladesh e Tailândia, há uma falta de conhecimento sobre quem é vulnerável, estimativa de perdas e danos, mecanismos de enfrentamento das famílias e os planos de ação mais eficazes contra o calor”, disse uma das autoras da pesquisa, Chandra Sekhar Bahinipati, do Indian Institute of Technology Tirupati da Índia. 

 


"Vemos repetidamente que a mudança climática aumenta drasticamente a frequência e a intensidade das ondas de calor, um dos eventos climáticos mais mortais que existem. Ainda assim, os planos de ação contra o calor estão sendo introduzidos muito lentamente em todo o mundo”, afirma Friederike Otto, uma das autoras e professora sênior de Ciências Climáticas no Grantham Institute for Climate Change and the Environment do Reino Unido. 

 

“A ação contra o calor precisa ser uma prioridade absoluta nos planos de adaptação em todos os lugares, mas em especial em locais onde a alta umidade eleva os impactos das ondas de calor", conclui Otto.


O estudo foi realizado por 22 pesquisadores como parte da iniciativa World Weather Attribution, incluindo cientistas de universidades e agências meteorológicas da Índia, Tailândia, Austrália, Dinamarca, França, Alemanha, Quênia, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos.

 

 

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