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Análise da Distribuição de Descargas Atmosféricas de 2022 em MG

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A análise da distribuição de quedas de descarga atmosféricas nuvem-solo é de extrema importância para compreender os padrões climáticos e os riscos associados a esse fenômeno no Estado de Minas Gerais.

 

As descarga atmosféricas representam um dos eventos meteorológicos mais impactantes e perigosos, capazes de causar danos significativos às infraestruturas, afetar a segurança das pessoas e até mesmo causar incêndios florestais. Portanto, investigar a distribuição espacial e temporal das quedas de descarga atmosféricas nessa região é fundamental para a implementação de medidas de prevenção e mitigação de riscos.

 

Neste estudo, exploraremos os dados disponíveis e analisaremos as características das descargas atmosféricas em Minas Gerais, buscando contribuir para a compreensão desse fenômeno.

As descargas atmosféricas nuvem-terra, ou descarga atmosféricas nuvem-solo (CG - Cloud-to-Ground), são descargas elétricas que ocorrem entre uma nuvem de tempestade e a superfície terrestre. Elas são considerados perigosas devido aos seus efeitos potenciais.

 

No dia 03/06 de 2023, diversas notícias começaram a circular em portais americanos sobre queda de uma descarga atmosférica que foi responsável por incêndio em fazenda de tanques de gasolina da Louisiana, EUA (Figura 1). Segundo o portal KLPC, a empresa refina petróleo bruto, opera um oleoduto e administra uma instalação de transferência de barcaças para derivados de petróleo.

 

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Figura 1 – Ocorrência de descarga atmosférica Nuvem-solo (CG), nos EUA.

Fonte: Portal de notícias KPLC.


Nesta mesma linha, analisamos como essas descarga atmosféricas são importantes para o estado Minas Gerais.

 

Em 2022, de acordo com os registros da rede de monitoramento da Climatempo, mais de 2 milhões de pulsos de descarga atmosféricas CG foram registrados em solo mineiro. Segundo Ricardo Villela, especialista da área, o “pulso” como é denominado, nada mais é que o pulso eletromagnético na frequência de rádio emitido pelas descargas atmosféricas.  E, esse número expressivo ressalta a importância desse fenômeno em um estado de grande relevância para o Brasil, com sua riqueza mineral.

 

A Figura 2 apresenta a distribuição espacial do número de pulsos de descarga atmosféricas por km² para cada região, considerando as mesorregiões que compõem o estado de Minas Gerais. Observa-se que a região metropolitana de Belo Horizonte se destaca, especialmente na porção sul, onde são registrados mais de 20 pulsos de descarga atmosféricas por km².

 

Além disso, outras áreas como a porção oeste da mesorregião da Zona da Mata, a porção norte dos Campos das Vertentes e a faixa sul do Triângulo Mineiro / Alto do Parnaíba também apresentam um número expressivo de pulsos emitidos, com mais de 12 por km², indicando uma grande ocorrência do fenômeno na região.

 

É importante ressaltar que outras mesorregiões também possuem valores significativos e uma grande variabilidade em relação à ocorrência de pulsos emitidos em suas extensões territoriais.

 

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Figura 2 – Apresenta a distribuição espacial do números de “pulsos” por km² em 2022.

Fonte: Climatempo e Guilherme Borges (Meteorologista).

 

 

Porém, sempre surge a dúvida: como é a distribuição desses pulsos ao longo do ano, levando em consideração as estações climáticas do Brasil?

 

Não é segredo que o nosso país possui estações bem definidas, típicas de um clima tropical. Como grande parte do território brasileiro está localizado entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, podemos afirmar com certeza essa tropicalidade característica. No entanto, é importante destacar que algumas regiões apresentam características distintas. Em geral, estados como Minas Gerais, por serem mais tropicais devido a sua posição geográfica, têm uma divisão clara entre duas estações: a estação chuvosa no verão e a estação seca no inverno.

 

Essa distinção fica mais evidente quando analisamos os dados. Na Figura 3, é possível observar a distribuição da ocorrência de pulsos de descarga atmosféricas no estado ao longo das estações do ano. Na Figura 3a, temos a estação chuvosa (DJF), onde cerca de 993.083 pulsos de descarga atmosféricas são registrados, com maior intensidade na porção centro-sul/leste do estado. Já na Figura 3b, que representa a transição entre a estação chuvosa e a estação seca (MAM), a quantidade de descarga atmosféricas diminui significativamente, mas ainda se mantém bastante ativa, com cerca de 194.848 pulsos de descarga atmosféricas registrados.

 

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Figura 3 – Apresenta a distribuição espacial do números de “pulsos” por km², separados por estações do ano.
Fonte: Climatempo e Guilherme Borges (Meteorologista).

 

No período seco (JJA), representado na Figura 3c, observamos uma variabilidade muito menor em relação às outras estações do ano. Apenas cerca de 307 pulsos de descargas atmosféricas foram registrados durante esse período, tornando-os até mesmo difíceis de visualizar na figura. No entanto, no último período analisado, SON (Figura 3d), o destaque retorna com aproximadamente 986.624 registros de pulsos de descarga atmosféricas. Assim como no período DJF, as concentrações mais significativas ocorrem no setor centro-sul do estado, com uma grande variabilidade presente em todas as regiões de Minas Gerais.

 

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Em conclusão, o Brasil apresenta uma notável variabilidade meteorológica devido à influência de sistemas como o ENOS (El Niño Oscilação Sul), ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) e outros sistemas menos conhecidos, que podem variar em intensidade de um ano para outro. Essas flutuações têm um impacto direto na ocorrência de fenômenos climáticos, como os descarga atmosféricas.

 

Através do estudo da distribuição espacial e temporal desses pulsos de descargas atmosféricas, é possível implementar medidas de prevenção e mitigação de riscos mais eficientes. Os dados analisados destacam a alta incidência de descarga atmosféricas em diferentes regiões do estado, ressaltando a importância de um sistema de monitoramento robusto, como o oferecido pela Climatempo.

 

 Matéria por Guilherme Borges - Meteorologista Climatempo

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