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Mudança climática e El Niño explicam recordes de calor da Terra

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A primeira semana de julho de 2023 entra para história do Clima da Terra por causa do aquecimento planetário excepcional. Por três vezes, sendo duas consecutivas, observou-se quebra de recorde da temperatura média do planeta, segundo a estimativa feita a partir do conjunto de dados do NCEP CFS/CFSR*, exposto o site do Instituto de Mudança Climática (Climate Change Institute), da Universidade do Maine,  nos Estados Unidos.

 

A temperatura média global atingiu 17,01°C no dia 3 de julho, 17,18°C no dia 4 e no dia 6 subiu para 17,23°C. Outro fato inédito é que o dígito de 17°C foi alcançado pela primeira vez. Antes desta semana em 2023, a maior temperatura média global era de 16,92°C, no ano de 2016, que detém o “troféu” de ano mais quente já registrado no planeta desde o período pré-industrial.

 

 

Anomalia da temperatura média diária às 2 metros de altura calculada a partir do conjunto de dados do

NCEP CFS/CFSR* , com a climatologia de temperatura de 1979 a 200 (Fonte: climatereanalyzer.org)

 

* NCEP CFS/CFSR: National Centers for Environmental Prediction Climate Forecast System (CFS) version 2 (April 2011 – present) and CFS Reanalysis (January 1979 – March 2011)

 

Mudança climática e El Niño


Como explicar as temperaturas recordes e que se pode esperar para o futuro próximo? A resposta não é animadora.

 

Essa quebra seguida de recorde de temperatura média global foi resultado da mudança climática, causada pela queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas, combinada com o padrão climático emergente do El Niño, de acordo com Robert Rohde, cientista-chefe da Berkeley Earth, uma organização de pesquisa climática sem fins lucrativos dos EUA. Rohde prevê que o recorde poderá ser quebrado novamente já nas próximas semanas. 

 

"O recorde de temperatura média global mais alta de todos os tempos, estabelecido em 4 de julho, promete ser apenas o primeiro de uma série de novos recordes este ano, à medida que o aumento das emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa, juntamente com o El Niño, levam as temperaturas a novos patamares”, explica Zeke Hausfather, líder de pesquisa climática da Stripe e cientista pesquisador da Berkeley Earth. 

 

E não precisamos esperar muito tempo para que isso acontecesse, pois o novo recorde foi estabelecido já no dia 6 de julho. 

 

De acordo com os relatórios recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC), as temperaturas do planeta Terra nunca foram tão altas como agora há pelo menos 125 mil anos.

 

Outros pesquisadores seguem alertando que o desenvolvimento de um El Niño de grande intensidade em um mundo já bastante aquecido cria uma “tempestade perfeita”, com recordes de temperaturas altas, secas e ondas de calor potencialmente mortais para humanos. 

 

"Esse não é um marco que deveríamos estar comemorando, é uma sentença de morte para pessoas e ecossistemas”, afirma a professora Friederike Otto, do Instituto Grantham de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Reino Unido. 

 

“O que é mais preocupante é que esse não será o dia mais quente por um longo tempo. Com o desenvolvimento do El Niño, o mundo provavelmente quebrará esse recorde novamente nos próximos meses. Precisamos absolutamente parar de queimar combustíveis fósseis."

 

"As perdas e os danos causados pela mudança climática induzida pelo homem chegaram em todo o mundo com o dia mais quente de todos os tempos. Esperem muitos outros dias mais quentes no futuro", lamenta Saleemul Huq, diretor do Centro Internacional de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento de Bangladesh. 

 


Planeta mais quente 


Em 3 de julho, o Texas e grande parte do sul dos Estados Unidos estavam sendo atingidos por temperaturas muito altas associadas a um domo de calor. A análise de atribuição da organização Climate Central constatou que essas temperaturas eram pelo menos cinco vezes mais prováveis devido à mudança climática induzida pelo homem.

 

Os incêndios florestais no Canadá continuam e já são os piores da história canadense, com mais de 8,4 milhões de hectares queimados - uma área maior do que os Emirados Árabes Unidos, o anfitrião da próxima Conferência Climática da ONU (COP28), em dezembro deste ano. A fumaça dos incêndios afetou a qualidade do ar de grande parte do país, nos EUA e até na Europa. 

 

Na China, uma onda de calor de longa duração segue seu curso, com temperaturas acima de 35°C, e grandes inundações em partes do país. A mudança climática tornou a onda de calor pelo menos cinco vezes mais provável, de acordo com a análise de atribuição da Climate Central. No domingo, o país anunciou que o primeiro semestre de 2023 havia registrado um novo recorde de dias com temperaturas acima de 35°C, o maior desde 1961, quando os registros começaram.

 

A onda de calor também afeta o norte da África, onde as temperaturas beiram os 50°C nesses últimos dias.


E até na Antártida faz calor, com muitas estações registrando temperaturas positivas, apesar de ser inverno no Hemisfério Sul. A estação Vernadsky bateu seu recorde de temperatura alta em julho, com 8,7°C.

 

Junho foi o mês de junho mais quente já registrado por uma grande margem, e julho também está a caminho de ser o julho mais quente já registrado. Com base nos primeiros seis meses do ano, parece cada vez mais provável que 2023 termine como o ano mais quente já registrado", estima Hausfather. 

 

 

 

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