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por Guilherme Alves Borges - Meteorologista
Enquanto o planeta Terra continua a aquecer a um ritmo alarmante, enfrentamos um futuro em que as mudanças climáticas não são mais uma ameaça distante, mas uma realidade inegável e presente. Neste novo mundo, podemos esperar desafios sem precedentes para nossos ecossistemas, economias e sociedades. A pergunta que se impõe não é mais se as mudanças climáticas irão afetar nossas vidas, mas até que ponto e quão rápido seremos capazes de responder a essa crise global.
El Niño: o desencadeador de extremos climáticos
O El Niño, um fenômeno climático recorrente, desempenha um papel significativo no agravamento das mudanças climáticas. Esse fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico tropical, e suas repercussões se estendem por todo o mundo. Durante um evento de El Niño, as temperaturas da superfície do mar aumentam, levando a alterações nos padrões de vento e precipitação. Como resultado, regiões inteiras podem experimentar secas mais severas, inundações devastadoras e mudanças nos padrões climáticos que afetam a produção de alimentos e a disponibilidade de água, exacerbando assim os desafios das mudanças climáticas globais.
Eventos climáticos extremos: consequências para a sociedade
Em um mundo de extremos potencializados, a meteorologia e as questões do Clima se tornam ainda mais importantes para a preparação. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU), produzido por 234 especialistas de 65 países, associou o aumento de eventos climáticos extremos às mudanças climáticas. Isso significa que eventos que estão fora do intervalo de variação considerado comum em torno da média esperada para uma região agora podem ser considerados extremos, com potencial destrutivo e impactos negativos significativos no dia a dia da população.
Impactos nos setores de infraestrutura
No contexto dos setores de infraestrutura, tais eventos climáticos extremos podem ter impactos devastadores. Por exemplo, chuvas intensas e inundações podem causar danos significativos a estradas, rodovias e ferrovias, tornando-as intransitáveis e exigindo reparos caros e demorados. Deslizamentos de terra, como o ocorrido em Franco da Rocha (SP Deslizamentos de terra, como o ocorrido em Franco da Rocha (SP) 2022, São Sebastião (SP) 2023, podem representar uma ameaça direta à infraestrutura e à segurança das pessoas que vivem nas proximidades.
No setor de mineração, eventos climáticos extremos podem levar a deslizamentos de terra, inundações de minas e até mesmo à interrupção da produção. Portos, que são cruciais para o comércio internacional, podem sofrer atrasos e interrupções nas operações devido a tempestades e ondas de calor que afetam a segurança da navegação. No saneamento, sistemas de tratamento de água podem ser afetados por alagamentos, resultando na interrupção do fornecimento de água tratada.
Resiliência da infraestrutura: medidas de adaptação e preparação
Diante desse cenário, é fundamental que os setores de infraestrutura estejam preparados para enfrentar os desafios impostos por eventos climáticos extremos. Isso envolve a implementação de medidas de adaptação, como projetar infraestruturas mais resistentes, planejar para situações de risco climático, fortalecer as redes de alerta precoce e garantir a manutenção adequada das estruturas. Além disso, a mitigação das mudanças climáticas, por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa, também desempenha um papel crucial na redução da frequência e da intensidade desses eventos extremos.
À medida que o El Niño e outros fenômenos climáticos extremos se tornam mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global, é imperativo que a sociedade esteja preparada para enfrentar os desafios que se apresentam.
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