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A presença do El Niño e o agravamento dos incêndios em MS

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O estado de Mato Grosso do Sul enfrenta uma situação climática extrema e preocupante, diretamente influenciada pelo fenômeno El Niño. De acordo com informações divulgadas pelo Governo do Estado, a ausência de chuvas desde dezembro de 2023 tem contribuído para a ocorrência de incêndios florestais não apenas no Pantanal, mas também em outros biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica. Mas em um análise mas amplas, verificamos que o problema vem desde o começo da atuação do fenômeno El Niño entre 2023 e 2024.

 

Dados e monitoramento

 

Dados consolidados a partir do monitoramento de 48 municípios, com informações de diversas instituições como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), reforçam a preocupação com a situação climática atual.

 

Impacto do El Niño

 

A intensificação da seca, especialmente no Pantanal, tem sido observada, exacerbando os focos de calor e os incêndios florestais em todo o estado. O impacto do El Niño nas condições climáticas, com anomalias de temperatura e precipitação, tem desencadeado situações extremas, aumentando os riscos de incêndios.

 

Análise climática

 

O El Niño tem, por característica, deixar a circulação para América do Sul mais seca, o que faz com que as chuvas fiquem mais irregulares do que o normal. Além disso, o fenômeno tem um papel importante no aumento das temperaturas, levando a temperaturas acima da média nos anos de sua atuação. No gráfico abaixo, podemos observar a anomalia de precipitação de chuva em relação à média para a região do Mato Grosso do Sul ao longo das primaveras de 2022 e 2023, uma estação de transição seca-chuvosa, onde naturalmente já chove mais na região.

 

 

Figura 1 – Anomalia de precipitação de chuva em relação a média, para anos de 2022 e 2023.

Figura 1 – Anomalia de precipitação de chuva em relação a média, para anos de 2022 e 2023. Fonte: Climatempo

 

A primavera de 2022 foi marcada pela atuação do fenômeno na fase negativa do ENOS (La Niña), e como podemos observar na imagem, as regiões mais centrais ficaram com precipitações entre zero e 100 mm, abaixo da média. Na faixa nordeste e sul, as chuvas tornaram-se mais frequentes na região do Mato Grosso do Sul, com várias regiões, principalmente, acima da média áreas em azul. Ao analisarmos a primavera de 2023, podemos observar que a queda abaixo da média foi muito mais acentuada, com amplas regiões ficando abaixo dos -100 a -200 mm. Isso evidencia o impacto que o sistema tem na região, deixando claramente a chuva abaixo da média de maneira para ampla no estado.

 

Mas não apenas isso! Quando analisamos a figura 2, as temperaturas mostram muito sobre os efeitos. Como mencionado anteriormente, o El Niño tem por característica deixar a temperatura acima da média, e o fenômeno influenciou de forma significativa a região. Além disso, setembro, outubro, novembro e dezembro tiveram registros de quatro ondas de calor que impactaram diretamente as temperaturas do estado. Na figura, podemos ver que em comparação com o ano anterior, as temperaturas ficaram entre 3º e 4ºC acima da média para todo o estado ao longo de toda a primavera.

 

 

Figura 2. Anomalia de temperatura para a primavera de 2022 e primavera de 2023.

Figura 2. Anomalia de temperatura para a primavera de 2022 e primavera de 2023. Fonte: Climatempo

 

Análise de Verão

 

O Verão iniciou com pouca chuva e muito calor. Quando analisada a chuva na estação chuvosa para a região, o Pantanal foi a única região que apresentou chuva acima da média até agora. Para as demais regiões, a chuva segue abaixo do normal. Com temperaturas assim como na primavera, acima do normal para a época, o que impacta diretamente no número de focos de queimadas da região.

 

Figura 3- Anomalia de chuva e temperatura até aqui no verão de 2023 e 2024

Figura 3- Anomalia de chuva e temperatura até aqui no verão de 2023 e 2024. Fonte: Climatempo

 

Explosão dos casos de queimadas

 

Todos os efeitos anteriores mostrados foram responsáveis pela explosão nos casos de queimadas na região. Segundo dados do INPE, entre 21 de setembro de 2022 e 22 de fevereiro de 2023, foram registrados 18.397 focos de queimadas no estado de Mato Grosso do Sul.

 

Figura 4 - Focos de queimadas registrados entre 21 de setembro de 2022 e 22 de fevereiro de 2023.

Figura 4 - Focos de queimadas registrados entre 21 de setembro de 2022 e 22 de fevereiro de 2023. 

Fonte: BDqueimadas (INPE)

 

Ao analisarmos o mesmo período entre 21 de setembro de 2023 e 22 de fevereiro de 2024, os focos de queimadas explodem, com 181.912 focos registrados. Ou seja, um aumento de 889.73% em relação ao ano passado.

Figura 5 - Focos de queimadas registrados entre 21 de setembro de 2023 e 22 de fevereiro de 2024.

Figura 5 - Focos de queimadas registrados entre 21 de setembro de 2023 e 22 de fevereiro de 2024.

Fonte: BDqueimadas(INPE)

 

Previsão para os próximos meses

 

A previsão é de que o fenômeno El Niño siga atuando sobre o Brasil até abril. Embora o sistema esteja em fase de enfraquecimento neste momento, a tendência é que as chuvas sigam irregulares na região. Com chuvas abaixo da média e temperaturas um pouco acima do normal, o que poderá influenciar o número de queimadas na região, devido à vegetação estar mais seca e, consequentemente, as pancadas de chuva acompanhadas por raios, características da região, potencializarem as queimadas que já ocorrem de maneira deliberada na região.

 

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