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Nos últimos anos, testemunhamos eventos climáticos extremos que causaram grandes impactos ao redor do mundo. Atribuir esses eventos às mudanças climáticas se tornou uma prática comum, especialmente após o desenvolvimento de metodologias pioneiras na década de 2000. Essas técnicas permitem que cientistas analisem a relação entre eventos climáticos extremos e o aquecimento global de forma cada vez mais precisa.
Fonte - GettyImages
O que são eventos de atribuição?
Event attribution, ou atribuição de eventos, é uma metodologia usada para determinar se e como as mudanças climáticas influenciam eventos climáticos extremos, como ondas de calor. Desde as grandes ondas de calor europeias de 2003 e 2010, cientistas têm analisado esses eventos para entender melhor suas causas e frequência.
Estudo de casos e períodos de retorno
Eventos de calor curtos, como ondas de calor, têm sido observados com maior frequência e menor período de retorno, o que significa que eles são mais prováveis de acontecer. Por exemplo, a onda de calor na Europa Ocidental em julho de 2015 teve um período de retorno estimado entre 2 a 20 anos. Em contraste, eventos de calor mais longos, como a onda de calor russa de 2010, tiveram períodos de retorno muito maiores, cerca de 250 anos, mesmo considerando o aumento da probabilidade devido ao aquecimento global.
Eventos recentes e metodologias
Nos últimos anos, eventos extremos de calor com períodos de retorno estimados superiores a 50 a 100 anos ocorreram com mais frequência. Um exemplo notável é a onda de calor recorde na América do Norte em junho de 2021, onde as temperaturas ultrapassaram em 4°C a 5°C os recordes anteriores. Estudos rápidos sobre esse evento sugerem que ele poderia ter um período de retorno de até 1000 anos no Clima atual.
Perguntas chaves
- Esses estudos levantam várias questões importantes:
- Há uma tendência temporal ou regional na seleção de eventos?
- Os métodos de atribuição estão estimando corretamente os períodos de retorno?
- Há uma mudança não linear ou abrupta na intensidade dos eventos de calor?
Para responder a essas perguntas, os cientistas utilizam dados de temperatura global, como o ERA5 e o CPC, que abrangem de 1950 a 2023. Esses dados são analisados para modelar a temperatura média diária e estimar a frequência de eventos extremos.
Resultados e conclusões
Os resultados indicam que, na maioria dos casos, os períodos de retorno estimados estão alinhados com os eventos observados, demonstrando a eficácia do modelo utilizado. No entanto, há uma tendência de superestimar os períodos de retorno para eventos mais raros, sugerindo a necessidade de ajustes finos no modelo para melhorar a precisão. Além disso, a análise não revelou mudanças significativas na frequência de eventos de alta amplitude ao longo do tempo, exceto em algumas regiões específicas onde foi detectado um aumento notável. Essas regiões merecem atenção especial para a implementação de medidas de mitigação e adaptação. Esses achados ressaltam a importância de continuar monitorando e refinando os modelos preditivos para melhor compreender e antecipar os impactos das mudanças climáticas.
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