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E se a causa do aquecimento global fosse o Sol e não o Homem?

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O Sol tem uma influência forte no Clima, então a hipótese de que ele pudesse causar as mudanças climáticas nunca foi descartada. Pelo contrário: ela foi investigada à exaustão por muitos cientistas, que precisavam saber exatamente quanto do aquecimento do planeta, observado principalmente a partir da segunda metade do século XX, poderia ser atribuído à ação solar. Esclarecer esse fato era importante principalmente para entender qual é o real papel da ação do homem e de outras forças da natureza sobre o aumento de temperatura.

 

Diversos estudiosos se dedicaram a buscar dados mais confiáveis sobre a atividade solar a partir da década de 1990. As primeiras estimativas começaram a construir um consenso de que a atividade solar teve pouca ou nenhuma tendência de aceleração no período em que a Terra ficou mais quente. Mais tarde, pesquisadores descobriram, na verdade, uma constatação oposta – o Sol apresentou uma ligeira tendência de resfriamento desde a década de 1970. Mike Lockwood publicou (1) uma das medições mais respeitadas sobre o tema em 2008.

 

Mas foi somente em 2011 que o desenvolvimento científico esclareceu definitivamente essa hipótese. A Agência Espacial Americana (NASA) criou o Monitor de Irradiação Total (TIM, na sigla em inglês), um instrumento que permite mensurar flutuações na radiação do Sol com precisão inédita. Modelos matemáticos criados a partir das informações do TIM passaram a reproduzir com alta fidelidade as variações da radiação solar, dando o veredito: o Sol não pode ser apontado como a causa do aquecimento global verificado nas últimas décadas.

 

 

 

 

O gráfico acima compara as mudanças globais de temperatura da superfície (linha vermelha) e a energia do Sol recebida pela Terra (linha amarela) em watts (unidades de energia) por metro quadrado desde 1880. As linhas mais claras e mais finas mostram os níveis anuais, enquanto as mais pesadas e grossas mostram as tendências médias de 11 anos. Essas médias são usadas para reduzir o ruído natural de um ano para outro nos dados, tornando as tendências subjacentes mais visíveis.

 

No gráfico, é possível perceber que a quantidade de energia solar recebida pela Terra seguiu o ciclo natural de 11 anos, com pequenos altos e baixos do Sol, sem aumento líquido desde os anos 50. Durante o mesmo período, a temperatura global aumentou acentuadamente. Portanto, é extremamente improvável que o Sol tenha causado a tendência de aquecimento global observada nas últimas décadas.

 

A imagem que ilustra essa matéria é fruto desse esforço científico. O gráfico é disponibilizado pela NASA em seu site para ajudar na disseminação de informações verdadeiras sobre a ação solar e o aquecimento do planeta (2). A Agência Espacial Americana se preocupa com isso porque, apesar dos estudos terem avançado muito sobre esse conhecimento, a opinião pública mundial continuou pouco informada sobre o assunto – situação perfeita para disseminadores de fake news.

 

A ciência que queremos

Se a causa principal do aquecimento global fosse o Sol, as pessoas poderiam fazer pouca coisa para mudar o futuro do planeta, que seria mais quente e menos adequado para a reprodução da vida humana. É por isso que ideias como essa caem no gosto popular – elas isentam os grandes poluidores de suas responsabilidades e, por isso, são disseminadas nos cada vez mais populares esquemas de fake news.  Alguns desses poluidores, como por exemplo, empresas de combustíveis fósseis, financiam fundações – e até cientistas – para difundir esse tipo de dado falso. Na última década, a imprensa internacional revelou alguns desses casos, que se tornaram escândalos.

 

Um exemplo emblemático foi revelado entre 2015 e 2016, por diferentes jornais, como o The New York Times, dos EUA, com reprodução parcial pela Revista Istoé (3). A matéria diz que o engenheiro aeroespacial Willie Soon, pesquisador associado do Centro de Astrofísica Harvard Smithsonian, publicou por anos uma série de artigos dizendo que o Sol estava acelerando o aquecimento do clima na Terra. Diferente de seus colegas de instituição, o estudioso não recebia recursos para fazer suas análises de institutos de pesquisa, como a NASA, mas de empresas produtoras de combustíveis fósseis, como a ExxonMobil, maior produtora de petróleo dos EUA.

 

Embora tenha admitido em 2018 que seus financiadores são do setor de combustíveis fósseis, Soon ainda encontra espaço para defender suas ideias em grandes eventos. Muitos deles são realizados propositalmente nas mesmas datas de encontros da ONU para tratar do clima. Ele acredita que os cientistas que o denunciam são contra a liberdade acadêmica. Também acusa o Greenpeace, que ele classifica como uma organização comunista, de persegui-lo. Já o Centro de Astrofísica Harvard Smithsonian veio à público diversas vezes reiterar que a instituição não associa o aquecimento global com a atividade solar. (4)

 

(1) - https://royalsocietypublishing.org/doi/full/10.1098/rspa.2007.0348

 

(2) - https://climate.nasa.gov/faq/14/is-the-sun-causing-global-warming/

 

(3)- https://istoe.com.br/405888_CIENTISTA+QUE+NEGA+AQUECIMENTO+GLOBAL+RECEBEU+US+1+2+MILHAO+DE+EMPRESA+DE+COMBUSTIVEIS+FOSSEIS//

 

(4) -  https://www.si.edu/newsdesk/releases/smithsonian-statement-climate-change

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