O Brasil vive, em 2025, um cenário climático que inspira otimismo, mas requer cautela. Os focos de queimadas recuaram até maio, com redução de até 46% em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, os desligamentos de energia (“apagões”) provocados por incêndios florestais ainda seguem uma tendência de alta observada nos últimos anos.
Segundo dados da Abradee, de 2023 para 2024 houve um aumento de 38% nas interrupções de energia causadas por queimadas, alcançando o maior patamar da série histórica recente. Ainda não há dados consolidados para 2025, mas os registros passados indicam que a simples queda no número de focos não é suficiente para garantir um cenário de menor risco.
Diante disso, é fundamental manter o monitoramento ativo e as análises atualizadas, especialmente porque parte dos incêndios recentes tem se concentrado em áreas críticas da infraestrutura elétrica, como linhas de transmissão e subestações.
O que dizem os dados atualizados?
Queimadas em queda (2025)
11.303 focos de incêndio registrados até 19 de maio de 2025, contra 20.793 no mesmo período de 2024 – redução de 46%
Área queimada caiu de 3,1 milhões para cerca de 1 milhão de hectares no 1º semestre – redução de 65,8%, segundo dados federais.
Mas os desligamentos de energia estão em uma crescente!
De acordo com a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), os desligamentos de energia causados por queimadas cresceram 38% em 2024.
2024 tem maior número de quedas de Energia por queimadas em 5 anos
Mesmo com menos focos de queimadas, os incêndios têm ocorrido em locais mais sensíveis – próximos a torres de alta tensão, subestações e redes elétricas – gerando efeitos imediatos e generalizados.
Por que isso está acontecendo?
Essa contradição revela uma mudança no perfil dos incêndios florestais: Eles são menos dispersos, mas mais concentrados em áreas estratégicas. O fogo avança sobre zonas de infraestrutura crítica, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, reforçados pela baixa umidade durante o período seco (março a setembro). Sendo assim, a estiagem prolongada torna o combate mais difícil e os efeitos mais duradouros.
Importante destacar: muitos desses incêndios não são acidentais – estão ligados a práticas como queima de pastagem, desmatamento ou uso irregular do fogo. O resultado é uma intensificação dos efeitos colaterais, mesmo em cenários com menor número de focos.
Os impactos dos blecautes causados por queimadas: entenda como isso chega até você!
As consequências dos desligamentos de energia provocados por incêndios são múltiplas e preocupantes:
Saúde pública: Hospitais, clínicas e unidades básicas de saúde ficam vulneráveis sem energia. Além disso, há agravamento de problemas respiratórios em regiões afetadas pela fumaça;
Educação e serviços: Escolas e serviços essenciais interrompidos por longos períodos em áreas rurais e urbanas;
Agronegócio e logística: Paralisação de atividades agroindustriais e perdas na cadeia de suprimentos;
Economia urbana: Danos a equipamentos, perdas operacionais e aumento no custo da energia;
E os dados de 2025?
A Climatempo, por meio de monitoramento contínuo, tem mantido os dados de 2025 atualizados. Até o momento, as tendências observadas indicam que os riscos seguem elevados nas regiões de transição entre o Cerrado, Caatinga e a Amazônia, especialmente durante o pico da estação seca. Conforme novos dados forem atualizados, este conteúdo será disponibilizado com a análise completa da evolução entre 2024 e 2025.
Como prevenir e mitigar?
A prevenção exige responsabilidade compartilhada entre poder público, setor produtivo e população:
- Evite o uso de fogo em qualquer tipo de atividade, especialmente na seca;
- Denuncie focos suspeitos de incêndio às autoridades locais;
- Use alertas meteorológicos confiáveis para decisões de plantio, colheita e logística;
- Apoie práticas socioambientais sustentáveis;
- Reduza riscos perto de torres, linhas e subestações com manejo adequado e faixas de proteção;
Atenção: menos queimadas não significa menos risco!
O aumento dos desligamentos de energia por incêndios revela que a vulnerabilidade do sistema climático e energético brasileiro está se reconfigurando. Queimadas pontuais, quando próximas a áreas críticas, têm impacto imediato e generalizado.
É hora de irmos além dos números absolutos: É preciso olhar para os locais, os contextos e as consequências e entender que cada incêndio conta.
A Climatempo segue comprometida com o monitoramento contínuo, a produção de conhecimento e a disseminação de alertas climáticos que salvam vidas, evitam prejuízos e protegem o futuro.
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