Quando o El Niño vai terminar?

19/11/2015 às 15:59
por Josélia Pegorim

Atualizado 19/11/2015 às 18:49

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Fenômeno é um dos mais fortes desde 1950

O ano de 2015 não é um ano normal. Ele é um ano com El Niño. Este fenômeno oceânico-atmosférico é caracterizado por um aquecimento acima do normal nas águas do oceano Pacífico Equatorial. Essa elevação da temperatura interfere no padrão ventos e da pressão em diversos níveis da atmosfera, o que gera mudanças na chuva e na temperatura em várias regiões do planeta e em diferentes épocas do ano.

Em algumas regiões, o El Niño provoca muita chuva como no Sul do Brasil, na região entre o norte do Peru e o Equador ou na Califórnia. Mas em outros lugares, o El Niño deixa o Clima mais seco, como no Nordeste do Brasil, na Indonésia e no norte da Austrália.

 

 

 

 

O El Niño é um fenômeno cíclico. Cada episódio persiste, em média, por um período de 9 a 12 meses. A periodicidade entre um El Niño e outro é bastante irregular. O intervalo médio é de 3 a 5 anos.

 

O ciclo do aquecimento

Em geral, o aquecimento acima do normal das águas do Pacífico Equatorial começa a ser percebido entre março e junho de um ano, aumenta gradualmente até atingir seu máximo entre dezembro e abril e vai enfraquecendo entre maio e julho. Considerando o que acontece no Hemisfério Sul, o El Niño surge no outono/inverno de um ano, cresce na primavera, atinge seu máximo no verão e enfraquece no outono/inverno do ano seguinte.

El Niño de 2015 está sendo considerado um evento forte, comparado ao de 1997/1998.

 

 

 

 

A mais recente análise da NOAA, dos Estados Unidos, indicou que índice ONI (Oceanic Nino Index) está em 1,7°C para o trimestre agosto-setembro-outubro (ASO). O índice ONI é a forma mais segura e correta para acompanhar, avaliar e prever os eventos El Niño – Oscilação Sul. Este índice é uma combinação de avaliações frequentes de vários fatores como a pressão atmosférica, o nível do mar, etc, e também cinco médias trimestrais móveis da anomalia da temperatura da água do mar na região Niño 3.4. Veja um exemplo destes trimestres móveis: junho-julho- agosto, juho-agosto-setembro, agosto-setembro-outubro.

 

 

 

 

O ONI do El Niño 1997/1998 atingiu +2,3°C nos trimestres outubro-novembro-dezembro (OND) e novembro-dezembro-janeiro (NDJ). O gráfico mostra um comparativo entre a situação atual de 2015, o El Niño de 1997/1998 e o de 1987/1988. O índice de 2015 ainda poderá aumentar após o fechamento do trimestre setembro outubro novembro e no trimestre outubro novembro dezembro.

 

 

 

Quando o El Niño vai terminar?

O El Niño 2015 ainda está chegando ao seu ponto máximo. As águas do oceano Pacífico Equatorial estão e vão continuar mais quentes do que o normal por vários meses. O El Niño vai influenciar a temperatura e a chuva no Brasil no verão 2015/2016 e também em parte do outono de 2016.

O gráfico mostra a probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño (barras vermelhas), a probabilidade de uma situação de neutralidade (nem El Niño e nem La Niña – barras verdes) e de ocorrência de La Niña (barras azuis).

 

 

 

A probabilidade do El Niño persistir até março é muito alta. No trimestre centrado em março (FMA), a probabilidade ainda é de 90%. A probabilidade de continuidade do El Niño tem uma queda mais acentuada a partir do trimestre (AMJ) centrado em maio. Repare que a barra verde (neutralidade) tem grande elevação neste trimestre e predomina nos trimestres seguintes até agosto.

Assim, o verão 2015/2016 ainda terá forte influência do El Niño. Eventos de chuva volumosa no Sul ainda vão se repetir. Por causa deste aquecimento anormal nas águas do oceano Pacífico Equatorial, será difícil a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um importante sistema meteorológico que provoca chuva no verão no Centro-Oeste e no Sudeste. A chuva ocorrerá, mas mantendo a forma muito irregular que já vem sendo observada na primavera.

O inverno de 2016 deve ocorrer numa situação de neutralidade no oceano Pacífico Equatorial, o que quer dizer que a temperatura da água do mar, deve ficar dentro da normalidade.

 

 

 

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