A oposição iniciou, então, um processo de obstrução da matéria que se arrastou noite adentro. Deputados oposicionistas chamaram a MP de “crime de lesa-pátria” e acusaram Temer de “vender o país ao capital estrangeiro”. André Figueiredo (PDT-CE) chegou a propor uma mudança na grafia do nome do presidente para “MiShell” Temer – em alusão à denúncia publicada pelo jornal britânico The Guardian de que funcionários do governo britânico fizeram lobby no Ministério de Minas e Energia pela MP, que beneficia as petroleiras inglesas BP e Shell.
O governista Felipe Maia (DEM-RN) retrucou que as isenções fiscais ampliadas pela 795 já vêm sendo concedidas desde o governo Lula.
“LADRÕES”
A votação descambou para o bate-boca quando Glauber Braga (PSOL-RJ) pegou o microfone. “Peço que o que eu vou falar agora não seja retirado das notas taquigráficas”, iniciou. E prosseguiu: “Há dois tipos de pessoas que votarão a favor desta MP hoje; os desinformados e os ladrões”. Maia imediatamente mandou retirar a fala dos registros oficiais da Câmara.
O relator da MP, Júlio Lopes (PP-RJ), se irritou. Primeiro, chamou de “irresponsável” e “idiota” a análise técnica da MP feita pelo consultor legislativo da Câmara Paulo César de Lima. É no estudo de Lima que aparece a conta de que a renúncia fiscal dada pela 795 pode chegar a R$ 1 trilhão em 25 anos. “Levaria 54 anos para atingir esse montante, não 25.” Depois, chamou Glauber Braga de “desinformado” e mandou-o estudar.
“O sr. foi secretário do governo de Sérgio Cabral no Rio De Janeiro. Essa escola eu prefiro não frequentar”, treplicou Braga, em referência ao ex-governador preso por corrupção.
A MP terá seus destaques votados na semana que vem e seguirá para o Senado. Caso não complete sua tramitação até dia 15, o texto caduca e o governo precisará reeditá-lo no ano que vem.
(CLAUDIO ANGELO)