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Por que Paris inundou?

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Com cheia recorde, Sena inunda várias áreas de Paris - 26/1/18 - (Foto:Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

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Paris, a capital da França, chega ao fim de janeiro inundada pelas águas do rio Sena, que passa pela cidade. Pela medição oficial do governo francês, às 9h51 do dia 27 de janeiro de 2018 (hora local), o nível do Sena atingia a cota de 5,72 metros no ponto de medição da estação ferroviária de Austerlitz, mantendo a tendência de elevação. A previsão do governo francês no começo da manhã do dia 27/1/18 é de que neste local, o pico da cheia do rio Sena fique entre 5,80 e 6,00 metros nos próximos dias.

 

A inundação de janeiro de 2018 está entre as maiores já registradas, ligeiramente abaixo da enchente de 2016, com chuvas de verão, quando o nível do Sena atingiu 6,10 metros na estação de Austerlitz, em 3 de junho de 2016.

Toda a região de Paris e diversas áreas do norte/nordeste da França estão em alerta por causa do elevado nível de vários rios. O que provocou as grandes inundações não foi um único temporal, mas um excepcional acumulado de chuva ao longo do mês de janeiro de 2018 por causa de vários eventos de precipitações fortes e em grandes áreas da França. A bacia hidrográfica do rio Sena recebeu um volume de precipitação, particularmente de chuva, muito acima do normal.

 

Segundo o Météo-France, o serviço nacional de meteorologia do governo da França, o volume de chuva acumulado em Paris neste inverno, de 1/12/2017 a 21/1/2018 já é o segundo maior desde o inverno de 1935/1936.

 

Por que tem chovido tanto na França?

O texto a seguir foi feito pelos meteorologistas do Météo-France e explica a situação meteorológica fora do comum que produziu a chuva extremamente volumosa e generalizada no inverno 2017/2018. Vários países da Europa sofrem com o excesso de chuva neste inverno. A tradução foi feita pelo meteorologista Ivan Hetem.

 

 

Inverno 2018: uma pluviometria excepcional

O inverno 2017-2018 está caracterizado por um tempo agitado com intensas e frequentes pancadas de chuva (neve nas montanhas), inicialmente com temperaturas mais frias nas três primeiras semanas de dezembro, seguido por temperaturas notavelmente amenas a mais de um mês, e relativamente quentes para a época próximo ao Mediterrâneo, onde vários recordes foram batidos.

 

 

França:  muita chuva nas planícies, muita neve nas montanhas

O regime de ventos fortes de oeste promoveu precipitações acima da média na maioria das regiões, com exceção de pontos protegidos pelo relevo no contorno do Mediterrâneo. O acumulado de precipitação entre 1° de dezembro de 2017 e o dia 21 de janeiro de 2018 (52 dias)  atingiu em vários pontos o dobro da normal, como em Paris, onde os 183 mm acumulados representam o segundo maior acumulado desde os 213 mm do inverno 1935-1936.

Nas zonas em maior destaque no mapa, o excedente é ainda mais importante. Na região de Savoie, no sudeste francês, em 21 dias choveu 428 mm na cidade de Chambery e 544 mm em Bourg-Saint-Maurice. O recorde anterior na região era 491 mm em 1954-1955. Estes 544 mm são o triplo da normal e representam o acumulado médio anual de cidades como Marselha.

Em altitudes mais elevadas, a região de Grand-Bornand, também no sudeste francês à 1400 m de altitude, o acumulado foi de 776 mm, ou seja, o equivalente anual de Nancy.

 

 

Anomalia (diferença em relação à média) de precipitação na França de 1 a 21 de janeiro de 2018.

 

 

Consequentemente, a pluviometria abundante se caracterizou por quantidades de neve notáveis nas regiões montanhosas, principalmente no norte dos Alpes. Na estação Aiguilles Rouges, situada a 2365 no maciço do Mont Blanc, foi registrado o valor de 378 cm (3,78 metros) de neve no dia 22 de janeiro, que é muito próximo do recorde do inverno 1987-1988  que foi de 421 cm (4,21 metros).

 

 

Influência da corrente de jato

Anomalia na posição da corrente de jato permitiu a passagem sobre a França de várias áreas de baixa pressão atmosféricas

Desde o inicio do inverno meteorológico (1° de dezembro), a corrente de jato (jet-stream, ventos muitos intensos em altitude que definem a separação entre o ar frio de origem polar e o ar quente de origem tropical) se posiciona mais ao sul do que o de costume, o que explica as perturbações* recorrentes e eventualmente tempestuosas que passaram pela França como Ana, Bruno, Carmen, David e Eleonor, entre outras, nomes destas tempestades de inverno.

 

* Durante o mês de janeiro de 2018, a Europa de forma geral teve, em média, pressão atmosférica ao nível do mar (PNM) muito abaixo do normal para este mês. No mapa abaixo, os tons azulados representam áreas onde a PNM ficou abaixo acima da média no período de 1 a 21 de janeiro de 2018. Os tons avermelhados indicam áreas com PNM acima da média. Sobre a França e na porção norte da Europa, a PNM ficou 5 hPa abaixo do normal. No norte da França, e sobre a Irlanda e Inglaterra, a anomalia da PNM foi de até 7,5 Pa abaixo do normal. A pressão atmosférica muito abaixo da média gerou frequentes e grandes áreas de instabilidade.

 

 

Anomalia (diferença em relação à média) da pressão atmosférica ao nível do mar,

na região do Atlântico Norte, de 1 a 21 de janeiro de 2018

 

 

Pouco frio em janeiro na Europa

Certas regiões da Europa se encontram mais frequentemente do lado frio do jato, como a Escócia, enquanto que outros sentiram um tempo mais primaveril. Na tarde de dia 21 de janeiro, a máxima em Glasgow foi 1°C debaixo de neve, enquanto que Valencia, na Espanha, bateu o recorde de 26,4°C (mantido anteriormente pelo inverno de 1948). Na noite do dia 21, o tempo ameno foi notável no sudeste da França com um recorde de temperatura noturna em Montpellier, 14,5°C, superando os 12,6°C de 13 de janeiro 1998.

  

Leia também: França tem janeiro menos frio em 117 anos

 

 

Com cheia recorde, Sena inunda várias áreas de Paris - 26/1/18

(Foto: Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

 

 

Cheia recorde do rio Sena inunda várias áreas de Paris - 26/1/18

(Foto:Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

 

 

Várias áreas de Paris foram inundadas com cheia recorde do rio Sena - 26/1/18

(Foto: Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

  

 

Com cheia recorde, Sena inunda várias áreas de Paris - 26/1/18

 (Foto: Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

 

 

Rio Sena atinge nível recorde e inunda várias áreas de Paris - 26/1/18

(Foto: Francois-Grunberg/Marie de Paris - Fotos Públicas)

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