Mar do Ártico tem menor cobertura de gelo da história

03/05/2018 às 17:14
por Redação

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Último inverno trouxe menos gelo para o Mar de Bering do que qualquer outra estação desde a primeira medição

Em seu ritmo anual de crescimento e derretimento, o gelo que encobre o mar do Oceano Ártico geralmente recua ao longo da primavera. Mas nem toda região derrete igualmente - no final de abril de 2018, a cobertura de gelo do Mar de Bering estava muito abaixo da média para essa época do ano.

 

Situado na borda norte do Oceano Pacífico, o Mar de Bering se conecta ao Oceâno Ártico por meio do “estreito de Bering” – única conexão existente entre dois oceanos. Quando as bordas de gelo derretem e recuam a cada primavera, elas distribuem água fresca e nutrientes no mar.

 

Mudanças no tempo e na localização da água de degelo podem afetar as florações dos fitoplânctons que, por sua vez, podem atingir todo o ecossistema de Bering. Entenda como ocorre a floração dos fitoplânctos.

 

O primeiro mapa abaixo mostra a extensão de gelo no Mar de Bering no dia 29 de abril de 2018, e o segundo serve de comparação com condições consideradas “normais” para o mesmo mês. Todas as áreas brancas tiveram uma concentração de gelo de pelo menos 15% e cobrem uma área total que os cientistas chamam de “extensão de gelo”.

 

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Mar de Bering em abril de 2018 | Foto: NASA

 

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Mar de Bering em abril de 2013 | Foto: NASA

 

Nesta época do ano, é normal que o Mar de Bering esteja coberto por mais de 500 mil quilômetros quadrados de gelo. Entretanto, no fim de abril deste ano o mar já estava praticamente sem nenhuma camada de gelo. Isso representa um recorde baixo durante a maior parte de 2018 (e assim tem sido assim desde 12 de fevereiro).

 

A queda da quantidade de gelo no Mar de Bering desempenhou um papel importante na baixa extensão quase recorde em todo o Ártico em 2018. Mas, mesmo antes de atingir a máxima anual, condições incomuns provocaram este cenário durante o inverno de 2017-2018. Um exemplo disso é o congelamento anual, que começou tarde. Com isso, algumas áreas viram pouco ou nenhum gelo em terra firme.

 

De acordo com uma análise realizada pelo International Arctic Research Center e pela NOAA  - Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, o último inverno trouxe menos gelo para o Mar de Bering do que qualquer outra estação desde a primeira medição, registrada em 1850.

 

John Walsh, cientista do International Arctic Research Center da Universidade de Alasca Fairbanks, nos Estados Unidos, explicou que o que pode ter causado a quantidade de gelo inesperada no Mar de Bering foi a junção de três fatores: temperaturas acima do normal durante o outono e o início do inverno, a água quente no Mar de Bering e um dos invernos mais tempestuosos dos últimos 70 anos (embora não seja o mais tempestuoso).

 

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Foto: NASA

 

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Fonte: NASA

 

Na primavera, a extensão de gelo media 61,704 quilômetros quadrados (dia 29 de abril de 2018). A série de abaixo faz uma comparação entre o gelo daquele dia com o das mesmas datas desde 2013. A extensão do dia 29 de abril de 2013 era de 679,606 quilômetros quadrados, próximo à média registrada entre 1981 e 2010 (linha preta no mapa). O gelo no mar no final de abril deste ano era apenas 10% do normal.

 

Texto: Earth Observatory/NASA

Tradução: Amanda Sampaio